"O fim do Direito é a paz; o meio de atingi-lo, a luta. O Direito não é uma simples idéia, é força viva. Por isso a justiça sustenta, em uma das mãos, a balança, com que pesa o Direito, enquanto na outra segura a espada, por meio da qual se defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a impotência do Direito. Uma completa a outra. O verdadeiro Estado de Direito só pode existir quando a justiça bradir a espada com a mesma habilidade com que manipula a balança."

-- Rudolf Von Ihering

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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

LIVRO: ESCRAVOS SOCIAIS E OS CAPITÃES DO MATO - CHACINA DE VIGÁRIO GERAL / Publicação em janeiro de 2015.

"... Is the first time that one of the accused Slaughter materialized in book (which is different from a mere interview) your version and analysis of the facts that led to his arrest, termination and, in the end, acquittal by the jury (read, society represented by seven people), contrasting them ... in other words, it is respect for freedom of expression and contradictory that motivates me to present the work of Sergio Borges Cerqueira ... courage in be exposed is easily found by reading the book. Courage I learned to admire and, I must assign, became fundamental for clarification, if not the very Slaughter, for identification of the perpetrators cowards that committed "(Judge of the TJRJ - José Muiños Piñeiro Filho)..


"... But, anyway, we are facing a fundamentally important book for understanding the contradictions, perspectives and slips of public security in Rio de Janeiro in the last 30 years. Borges is not ashamed to unravel a dark past that he lived as a police officer and as guilty of a crime he did not commit. We hope that this work may gain importance in the future we can discuss in more depth the police forces ... "(Journalist, researcher and professor at PUC-Rio Author." The black in the Military Police: color, crime and career in Rio de Janeiro "and" Mothers of Acari: a history of social leadership ").









A responsabilidade de separar o joio do trigo

Inicio esta apresentação registrando, desde logo, que embora não tenha subscrito, na condição de Promotor de Justiça, a denúncia[1] que imputou ao autor desta obra a participação na chacina de Vigário Geral, ocorrida em 1993, fui responsável direto por requerer a manutenção de sua prisão por cerca de dois anos.  Não é só. Discordo de muitas afirmações ou conclusões feitas pelo autor, bem como não adiro a algumas críticas ou adjetivações, notadamente a determinados profissionais que atuaram no caso ou em outros casos citados, seja na condição de militar ou de membro do Ministério Público.
                
Então, porque aceitei o encargo tão delicado e aparentemente constrangedor? A resposta poderá parecer simples e ao mesmo tempo estranha e merece, por isso mesmo, ser explicada.  Por primeiro, sempre me instigou a reação do autor ao que ele entendia como acusação e prisão infame e injusta, bradando de modo muito peculiar a sua inocência, em todos os momentos nos quais comparecia ao II Tribunal do Júri[2] para as audiências. Em segundo lugar, a Chacina de Vigário Geral já foi objeto de documentário[3]; programas de televisão[4]; inúmeras reportagens em todos os meios de comunicação etc., porém, é a primeira vez que um dos acusados da Chacina materializa em livro (o que é diferente de uma mera entrevista) a sua versão e análise dos fatos que culminaram com a sua prisão, denúncia e, ao final, absolvição pelos jurados (leia-se, a sociedade representada por sete pessoas), contrapondo-os.

Em outras palavras, é o respeito à liberdade de expressão e ao contraditório que me motiva a apresentar a obra de Sérgio Cerqueira Borges.

Na verdade, trata-se não apenas de uma crônica sobre uma tragédia bem real, nada fictícia, mais do que isto há na obra um interessante estudo apresentando o desenvolvimento histórico das Instituições estatais incumbidas da segurança pública; uma análise sociológica das consequências da fusão entre os Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, no ponto; o ingresso do autor na Polícia Militar fluminense em 1982, coincidindo temporalmente com a ruptura entre o regime governamental militarizado e o retorno do exílio de líderes políticos a exemplo de Leonel Brizola; a estrutura da carreira policial, seus vícios e a necessidade, segundo o autor, de uma unificação institucional; a história da Chacina, suas razões, as verdades e distorções na apuração dos fatos, culminando com um libelo a respeito da prisão cautelar como prevista no ordenamento jurídico brasileiro, a propiciar injustiças tais quais – ainda o autor – a que foi ele vitimado e suportou entre setembro de 1993 e novembro de 1995.

A Chacina, portanto, é pano de fundo ou subtítulo para a obra intitulada ESCRAVOS SOCIAIS E OS CAPITÃES DO MATO.  O relato de Borjão – como costumava ser identificado durante a tramitação do processo, principalmente para distingui-lo de outro réu com idêntico sobrenome: Paulo Roberto Borges da Silva, o “BORGINHO” – se traduz em verdadeira catarse de quem ingressou no serviço público na época em que um “policial militar era respeitado, andava-se fardado com orgulho e prestigiado pela população” (pág.86).

A coragem em se expor é facilmente constatada com a leitura do livro.  Coragem que aprendi a admirar e, não posso deixar de consignar, se fez fundamental para o esclarecimento, se não da própria Chacina, para a identificação de parte dos covardes algozes que a cometeram.

Explico. A Chacina aconteceu no dia 29 de agosto de 1993, um domingo. No dia 22 de setembro do mesmo ano, seis Promotores de Justiça assinaram a denúncia em face de 33 pessoas, sendo 28 policiais militares, três policiais civis e dois informantes (X-9). Uma vez que os chacinadores estavam encapuzados, parecia evidente que vinte e cinco dias era tempo bastante insuficiente para investigar e identificar os autores dos 21 homicídios.

A ação penal foi distribuída ao II Tribunal do Júri onde Maurício Assayag e eu atuávamos como Promotores de Justiça e, coincidentemente, já estávamos à frente do processo relativo à Chacina da Candelária, ocorrida no dia 23 de julho do mesmo ano.  Não demorou muito para que nossas preocupações se confirmassem.  A principal testemunha dos fatos, o informante Ivan Custódio, mentiu sobre fato relevantíssimo, isto é, como, quando e em que condições ficou sabendo quem participou da chacina.  Alegara no primeiro depoimento em juízo que na manhã do dia seguinte, segunda-feira, ouviu, durante horas, na casa do policial militar José Fernandes Neto, o relato detalhado por este feito sobre os fatos, em especial o nome dos participantes.  Ocorre que ao ser interrogado em juízo referido policial negou a conversa, afirmando que naquela manhã estava de serviço em uma blitzen envolvendo três Batalhões e sob o comando conjunto de três capitães.

Esse “álibi” se fez confirmado oficialmente, obrigando à testemunha, para não ser processada por falso testemunho, a retificar o seu depoimento, retirando, ou ao menos reduzindo a sua idoneidade, comprometendo o resultado da ação penal.

Para ampliar a convicção de que a investigação realizada em tão pouco tempo apresentava falhas e tornava duvidosa a imputação promovida, a única sobrevivente que se disse em condições de reconhecer um dos autores da Chacina, justamente aquele que matara o seu irmão e tentou igualmente assassiná-la em uma das vielas do Parque Proletário de Vigário Geral, restou por não reconhecer qualquer dos acusados, porém reconhecendo um oficial da polícia militar convidado pela juíza a compor o rol de pessoas que, misturadas, seriam submetidas a reconhecimento[5].

Portanto, o processo relativo à Chacina de Vigário Geral caminhava a passos largos para uma impunidade geral ou na direção de uma grande e manifesta injustiça, levando à condenação, dada a repercussão do caso, de inocentes ou à absolvição de culpados.

Por isso, a coragem de Sérgio Cerqueira Borges e outro acusados em gravar conversas no ambiente carcerário, colocando em potencial risco suas vidas se afigurou fundamental para permitir, assim, uma profunda investigação dos fatos, justificando a frase que muitas vezes repeti em entrevista quando indagado sobre o que se apurou a partir da apresentação das fitas, por alguns réus, à saudosa juíza Maria Lúcia Capiberibe e que é reproduzida na página 151 deste livro e inspirou o título desta apresentação: A separação do joio do trigo.

Bem sabíamos que referidos ritos causariam muita polêmica. Havia um antecipado e discriminatório descrédito público pelo conteúdo de conversas mantidas por presos, máxime quando acusados da Chacina de Vigário Geral. Entretanto, submetida à perícia realizada pelo Prof. Ricardo Molina, do Instituto de Identificação de voz do Departamento Medicina Legal da Universidade de Campinas, com transcrição dos conteúdos, a confirmação positiva de vários confrontos vocálicos e, principalmente, a constatação da inexistência de manipulação, deram ensejo à instauração de um Inquérito Policial Militar, cujo encarregado Coronel Denisar Santos, com a minha participação, de Assayag e Marcos André Chut, promotor de justiça designado a nos auxiliar, logrou reunir diversas provas que, seguramente, habilitariam como de fato habilitaram a sustentar perante o Júri ao menos algumas condenações[6].

Em maio de 1997 subi à Tribuna do II Tribunal do Júri para realizar meu último julgamento como Promotor de Justiça, porquanto assumiria no mês seguinte o cargo de Procurador de Justiça[7].

Não por coincidência o réu, Paulo Roberto Alvarenga, era o primeiro dos 33 acusados da Chacina a ser submetido a julgamento.  Foram quatro dias de intensos debates, oitiva de testemunhas, análise de laudos periciais etc.  Ao final dos trabalhos o Presidente do Júri, juiz José Geraldo Antônio, anunciava o resultado da votação dos jurados: 6 (seis) votos pela condenação e 1 (um) voto pela absolvição.  Impôs, o juiz, ao réu, a pena de 449 anos de prisão.

A esta condenação seguiram-se outras seis.  Muitos acusados sequer foram julgados porque morreram no curso do processo devido à doença ou em razão de assassinato.

No caso do autor desta obra, não obstante outros dois valorosos Promotores de Justiça terem pugnado perante o júri pela condenação, os jurados, por maioria de votos (4x3), o absolveram, decisão que foi mantida pelos Desembargadores da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça.

Faz 21 anos que a Chacina aconteceu.  Até hoje mantenho contato pessoal com a comunidade do Parque Proletário de Vigário Geral, notadamente com sobreviventes e familiares das vítimas.  O Estado do Rio de Janeiro reconheceu, em 2000, a sua responsabilidade moral pela Chacina[8].

Infelizmente, outras Chacinas aconteceram posteriormente, manchando de sangue inocente a Cidade Maravilhosa, a exemplo do que ocorreu na baixada fluminense em 2005, onde 29 pessoas foram brutal e covardemente mortas.

A obra que por ora apresento, independentemente de concordar ou não com as afirmações e conclusões do autor, frise-se, é mais um documento que contribuirá para manter a lembrança daquela tragédia, na expectativa de que assim, quem sabe, um dia, a Cidade Partida volte a ser uma só.

JOSÉ MUIÑOS PIÑEIRO FILHO  - DESEMBARGADOR DO TJRJ.





[1] Peça formal que dá início a uma ação penal.
[2] No foro central da Cidade do Rio de Janeiro Capital existem quatro tribunais do júri e o feito foi distribuído ao II Tribunal do Júri, por sorteio.
[3] LEMBRAR PARA NÃO ESQUECER (2012), de Milton Alencar.
[4] A exemplo do programa Linha Direta, da TV Globo (2005).
[5] Trata-se de Jussara Prazeres da Costa, irmã da vítima Edmilson José Prazeres da Costa, assassinado na ...... O oficial “reconhecido” pela testemunha/vítima era o responsável pela escolta de Ivan Custódio.
[6] Com efeito, dentre outras provas, logrou-se que dois policiais que sustentavam o álibi do réu Sirley Alves Teixeira retificassem os seus depoimentos afirmando que aquele acusado não se fez presente na Cabine localizada na Praça Seca para a qual estaria escalado; a confirmação pericial de que houve adulteração criminosa do Livro do Armeiro do 9º BPM; a comprovação de que os carros utilizados pelos chacinadores permaneceram estacionados em um posto de gasolina frontal à passarela que permite chegar ao Parque Proletário de Vigário Geral; a existência de reunião de diversos chacinadores momentos antes da Chacina, no PPC de Fazenda Botafogo; o depoimento de uma das crianças que sobreviveu à Chacina na casa da família de evangélicos (hoje nominada de Casa da Paz), esclarecendo que foi um dos “chacinadores” quem impediu que fossem mortos e o ajudou a pular uma laje e se abrigar na casa vizinha.
[7] O cargo de Procurador de Justiça é o último possível de ser atingido na carreira do Ministério Público.
[8] O Projeto de Lei nº 1588/2000 redigido por Assayag, Chut e por mim e encaminhado à Assembleia Legislativa pelo Governador Anthony Garotinho, foi aprovado por unanimidade e transformado na Lei nº 3421, de 16 de junho de 2000, tendo por ementa: “DISPÕE SOBRE A CONCESSÃO DE PENSÃO À VÍTIMA SOBREVIVENTE DA CHACINA DA CANDELÁRIA, AS VÍTIMAS SOBREVIVENTES E AOS DEPENDENTES DAS VÍTIMAS FATAIS DA CHACINA DE VIGÁRIO GERAL, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.”






UMA POLÍCIA MILITAR PARTIDA?
POR CARLOS NOBRE*

As duas palavras do título dessa obra –  “escravos  sociais” -  seria porque, apesar de estarem numa sociedade capitalista, os policiais militares  trabalham igual à escravidão. Essa analogia foi feita pelo o ex- soldado da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PM), Sergio Cerqueira Borges, hoje advogado, em seu livro, intitulado “Escravos Sociais. Os capitães do mato (Chacina de Vigário Geral. Livro I)”.

Nesta obra, Borges, como era chamado pelos antigos colegas de profissão, mostra, na primeira parte dela, como era a atuação dos policiais militares durante o primeiro governo estadual de Leonel Brizola (1983-1986). Brizola, líder populista clássico, se elegera governador com os votos da camadas negras da periferia e Baixada Fluminense, após  anistiado e retornado do exílio imposto pelo regime militar(1964-1985). Era, no Rio de Janeiro, o primeiro governo eleito democraticamente desde 1964 e trazia muitas esperanças para os servidores e a população fluminense.

Em seguida,  o autor desta obra se dedica a esmiuçar a Chacina de Vigário Geral ( 21 mortos, em agosto de 1993, no Rio de Janeiro), quando, na época, se transformara num dos 33 PMs acusados de cometerem o crime bárbaro que chocou o mundo e o Brasil, onde, crianças, mulheres e favelados, dormindo, foram mortos a tiros por policiais militares, na madrugada.

Após mostrar que diversos assassinos dos favelados estavam à solta, Borges fez uma investigação pessoal- afinal, ele era um policial da área de inteligência, das chamadas “P-2” dos batalhões- e, por isso, foi inocentado, após ficar quatro anos preso. Para tal procedimento, ele gravou conversas na prisão com alguns acusados que revelaram nomes de outros policiais que estavam nas ruas. Isso provocou a reviravolta do caso, pois, o então promotor de justiça do caso, José Muiños Piñero – hoje desembargador do Tribunal de Justiça – pode acrescentar novos acusados e mudar os rumos do processo, de acordo com Borges.

Em relação aos “escravos sociais”, ele quer se referir ao período no qual como policial em diversas unidades da corporação, principalmente nos anos 1980, pode observar não apenas um desvio de conduta nos batalhões, mas, uma situação político-criminal, onde o policial menos graduado, trabalhava como “escravo” e era obrigado pelo modo de produção de combate à criminalidade da  época a ser um criminoso em potencial.

Por outra perspectiva, Borges ao falar da crise da instituição militar, a qual pertencia, também mostra que os “escravos sociais” já nasciam com o selo da burocracia do poder público, ao revelar que a fusão dos estados da Guanabara e Rio de Janeiro, em 1975, fez com que os  oriundos das duas PMs tivessem  tratamento diferenciados perante o novo estado fluminense. Ou seja, os policiais oriundos do interior parecem ter ganho mais primazia na distribuição salarial.   

Assim, se instalou a divergência na tropa e os constantes movimentos de reparação salarial nos quartéis. Borges, aqui, não avança muito, não estabelece claramente como foi esta crise histórica de status nas corporações, mas mesmo assim, mostra que houve desigualdades entre soldados do antigo estado da Guanabara e aquele do interior.

Mas retornando aos  “escravos sociais”:  Borges, em sua obra, revela que, nos anos 1980, era comum nos batalhões terem oficiais e soldados corruptos. O fato começava pelo sargento que ganhava propina do soldado para pô-lo em trabalhos menos arriscados e mais controlados, segundo Borges. Quem discordasse, ia fazer PO (policiamento ostensivo) nas áreas mais críticas, correndo o risco de ser morto.

Outro fato fundamental para se entender o trabalho policial em qualquer conjuntura histórica:  Borges fala da cultura do “arrego” na PM fluminense. “Arrego” é quando a equipe policial de uma determinada região ou batalhão para não atuar nos domínios dos bandidos ou traficantes recebe em troca uma compensação financeira. Assim, o bandido fica livre da ação policial e passa a atuar livremente.

Existem casos de “arrego” que mostram como esta cultura invertida pode provocar naqueles mais vulneráveis. Segundo Borges, no final dos anos 1980, na Favela do Borel, da Tijuca, o “arrego” entre os policiais do 6º.Batalhão de Polícia Militar, do Andaraí,  e os traficantes, fez com que estes dessem tiros nas mãos dos jovens ladrões da comunidade, para que não roubassem mais naquela região.  Ou seja, havia queixas da classe média contra esses roubos no batalhão, e os policiais acionaram os traficantes para que impedissem tais crimes, já que estavam “arregados” com os marginais.

Além do “arrego”, havia a relação promíscua com os comerciantes de determinada região, que eram achacados pelos policiais para pagarem certa quantia por mês a fim de que as patrulhas mantivessem presença naquele bairro ou região, segundo Borges.

Ou seja, os policiais investiam na insegurança pública para oferecer serviços de “segurança” aos cidadãos. Aqui, Borges, não perdoa ninguém, revelando que muitos comandantes dos batalhões estavam no esquema de exploração dos comerciantes e muitos deles “arregados” ao narcotráfico. Assim, segundo ele, havia duas PMs, aquela vista nas ruas, em suas viaturas e cabines, e aquela, mais ou menos oculta, onde a segurança pública era o comércio da insegurança rateado entre todos que dele faziam parte. Ou seja,  esta “insegurança” provocada enriquecia com corrupção alta muitos praças e oficiais, segundo o autor da obra.

Assim, havia uma situação perversa dos dois lados.

Os comerciantes, por seu turno, já pagavam alto pelo serviço através de impostos, mas não se importavam de pagar pela segunda vez, neste caso,  com a pressão psicológica mantida pelos policiais corruptos que ameaçavam retirar radiopatrulhas dos bairros caso não recebem “extras” por aquele serviço, já previamente pago pelos impostos. Em outras palavras: esse achacado não tinha dúvidas em pagar duas vezes, pois, sabia de antemão, que não adiantava se queixar, pois, a polícia trabalha assim e até seus chefes mais altos faziam vistas grossas aos esquemas, segundo Borges.

Outra observação sociologicamente interessante é quando Borges detalha a visão que os governadores, a cada quatro anos, têm de sua força policial. Segundo ele, em geral, os oficiais que comandam a PM, honestos ou corruptos, são tratados da mesma forma pelos governadores. Em outras palavras: permanecem nos cargos desde que não atrapalhem os interesses dos poderosos. Ou seja, se manteriam nos cargos, se não provocassem opiniões desagradáveis da população sobre o seu governo na questão da segurança pública. Isto porque historicamente a segurança pública é um tema que os eleitores de todas as classes consideram prioritário em qualquer eleição. Tanto é assim que policiais civis ou militares têm sido eleitos para vereadores prometendo acabar com violência, quando, legalmente, não tem condições para tal, já que são parlamentares municipais e não estaduais.

Nesse sentido, segundo Borges, os comandantes da PM não podem ameaçar a carreira política do governador nesta área supersensível. Suas gestões à frente das corporações  devem   atender aos beneplácitos da estratégia estatal de combate à criminalidade e nunca pensar algo tecnicamente perfeito em termos policiamento. Daí, então, em muitos casos, o silêncio angustiado dos comandantes das duas polícias (civil e militar) diante da crise de segurança que se abate sobre o estado, pois, não podem botar pé nisso além da faixa demarcada. Em certo sentido, o filme “Tropa de Elite II” mostrou um pouco desse métier, onde, o governador do filme, envolvido pela milícia, faz com que sua polícia corrupta aja como um belo ator para um espetáculo midiático.

Desse modo,  surge questões antropológicas e sociais nesse drama de altíssimo poder de explosão política. Ou seja, existem “ritos de passagem” nisso tudo. Como os chefes de Polícia (civil e militar), eles não querem ser demitidos, perderem o poder, então, fazem uma gestão contrária às normas mais clássicas de segurança pública, e acabam assim, criando crises e mais crises nas instituições que dirigem, pois, ninguém domina “máscaras”, “fingimento”, “ o faz de conta” eternamente. Estas “máscaras” não têm limite, código de ética,  pelo contrário, são incontroláveis. E, nesta perspectiva, quem perde é a população, que desconhece esses acordos e modelos gerenciais da segurança pública, que visa, sobretudo, dar luxo e poder aos corruptos.

Nesso sentido, o cotidiano interno nos batalhões tendem a serem um festival de impunidade e descaso com coisa pública,  de acordo com o relato de Borges, nessa obra de suma importância. Existiam, na época, a transformação de carros policiais em carcaças. Estas eram revendidas em ferros-velhos, num esquema que dava dinheiro para os envolvidos, ou seja , os donos de ferros-velhos e policiais. Também havia o  impedimento para atuarem nos morros e favelas além de cabines policiais inúteis, segundo Borges, em suas passagens pelos batalhões da PM fluminense, a mais antiga do Brasil, criada, em 1809, pelo então príncipe Regente de Portugal, Dom João VI.

Ele, Borges, ao vivo, como testemunha ocular, como a segurança pública era sucateada de dentro, ou seja, esta segurança pública era uma ficção na percepção da população e algo tangível para seus mais diletos protagonistas, ou seja, aqueles encarregados de debelar os ataques aos cidadãos pelos criminosos.

Borges, por seu turno, crítico do governo Leonel Brizola, nos anos 1980, diz que, havia bastante omissão na tropa, naquele momento. Em primeiro lugar, ao impedir que os PMs entrassem nos morros e favelas do estado, o governo compactuava com o crime do narcotráfico presente nestas comunidades. Em vista disso, segundo ele, os traficantes de  cocaína  a  exploravam com nome o nome de  “Brizola”. 

Segundo o ex-militar, naquela ocasião, os bandidos ficaram ousados e desafiavam  abertamente os policiais com essa política de não subida aos morros e favelas. Às vezes, escreve ele, alguns soldados ligavam para o telefone 190, da PM, dizendo que havia policiais feridos nos morros. Era um trote para que  a instituição autorizasse a subida e socorro ao policial ferido entre aspas no morro.

Em relação à Chacina de Vigário Geral, onde tornou-se réu, e depois inocente,  Borges deixa que seu ex-comandante, o coronel aposentado Emir Larangeira,  ex-deputado estadual nos anos 1990,  explique com detalhes qual foi a participação da instituição no extermínio dos favelados.

Assim, em seu livro, o ex-policial e hoje advogado coloca um ensaio de seu ex-comandante militar, do 9º.Batalhão de Polícia Militar, em Rocha Miranda, zona norte do Rio de Janeiro,  sobre a chacina que traumatizou o Brasil e o mundo. Larangeira, desse modo, no livro de Borges, centra fogo em duas personalidades deste caso traumático.

A primeira é personalidade é Walmir Alves Brum, ex- comandante da P-2 ( Serviço de Informações) do quartel-general da corporação, na segunda gestão Leonel Brizola( 1990-1993). Para Larangeira,  Brum, naquela época, homem de confiança do então Secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nilo Batista, e do comandante da PM, coronel Carlos Magno Nazareth Cerqueira,  manipulou as investigações e colocou na lista de assassinos policiais militares que não tinham nada a ver com o massacre. Ele fez isso,  pois,  teria divergências com ele. Não à toa, os suspeitos arrolados por Brum teriam trabalhando com Larangeira, na época que fora comandante militar dos mesmos, segundo o ex-militar.

Larangeira, neste ensaio anexado ao livro do ex-subordinado,  também investiu contra a poderosa testemunha levantada por Brum, o X-9  ( informante policial) Ivan Custodio, que listou todos os participantes da chacina, em troca de proteção. Larangeira criticou o fato de Custódio ter sido  ouvido e protegido pela PM. Pelas regras legais, acentuou o ex-coronel da PM, deveria ter sido ouvido na Delegacia de Defesa da Vida (DDV), que investigava, naquela época, crimes homicídios,  e hoje extinta.

No entanto, a estratégia, talvez ilegal, visava sobretudo proteger uma testemunha importante, já que, naquela época, as autoridades de segurança pública do segundo governo estadual Leonel Brizola ( 1990-1993) não confiavam em determinados setores da Polícia Civil. Se entregue a esta força policial,  a testemunha-chave poderia sumir rapidamente, raciocinaram os investigadores da Chacina de Vigário Geral. Desse modo, todo o depoimento de Ivan Custódio ficou sob controle do Serviço de Informações do quartel-general da PM, onde predominava o coronel Brum como seu chefe-geral.

Com certeza, Borges e Larangeira podem estar certos, a respeito das investigações de Brum, pois, este teria colocado policiais inocentes como réus na chacina de Vigário Geral. Este jogo é comum nesta área, pois, os policiais são pressionados a apresentar suspeitos imediatamente diante de um crime de repercussão. Assim, quando são pressionados pelos poderes mais relevantes do estado, tendem a perder o controle da qualidade investigativa, e assim, incluir nomes que aparentemente teriam participado de atos criminosos.

Ao proteger a testemunha-chave de Vigário Geral, os dirigentes da segurança pública provocaram uma explosão dentro do aparelho policial. Ivan Custodio não deu somente os nomes dos participantes da chacina (coincidentemente ele era sócio criminoso de um dos quatro policiais militares assassinados dois antes da chacina, em Vigário geral, e que provocou a reação da força policial), mas revelou uma rede de policiais envolvidos com o tráfico de drogas, extorsão, extermínio, mineiras, entre outros crimes pesadíssimos. 

Mesmo com Larangeira tentando desqualificar um inimigo- o coronel Brum- , este, no entanto, era difícil de ser flagrado como corrupto. Sua qualidade investigativa a mídia respeitava.  Nos anos 1990, foi responsável pelo estouro de grandes quadrilhas policiais ligadas a crimes de todos os tipos no estado do Rio de Janeiro. Foi o policial que investigou e comandou o estouro da fortaleza do banqueiro de jogo de bicho Castor de Andrade, em 1993, que provocou a maior investigação do Ministério Público nesta área. A investigação encontrou as  chamadas “listas de propinas” do jogo do bicho, onde, ali, estavam listado nomes de altas autoridades, até do próprio Nilo Batista, e de vários artistas, advogados, jornalistas, policiais, atletas, deputados, vereadores. Ou seja, a rede do crime organizado no Rio de Janeiro, realmente,  era extensa.

Por fim, Borges, apesar de crítico contundente da gestão Leonel Brizola no governo do estado do Rio de janeiro, a partir de 1983, não tem pudor em dizer que o coronel negro Carlos Magno Nazareth Cerqueira, foi um grande comandante da tropa. Ele, Borges, não afirma que Nazareth Cerqueira foi corrupto. Ao contrário, reafirma que era um homem integro.

Na verdade, Borges, aqui, não detalhou a biografia de um ícone da PM fluminense.  Nazareth Cerqueira foi o grande policial do Brasil dos últimos 40 anos. Ele modernizou completamente a Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi o introdutor da prática dos direitos humanos na abordagem policial, mostrou que a PM se baseava no racismo ao atuar nas ruas, criou diversas unidades que fizeram história na tropa como o Proerd(Programa Educacional de Resistencia às Drogas), aplicado em escolas públicas e privadas do Rio de Janeiro e depois difundido em todo país.

Mas, de qualquer modo, estamos diante de um livro fundamentalmente importante para se compreender as contradições, perspectivas e deslizes da segurança pública no Rio de Janeiro nos últimos 30 anos. Borges não tem pudor em desvendar um passado sombrio que ele viveu como policial e também como réu de um crime que não cometeu. Esperamos que esta obra possa ganhar importância para futuramente possamos discutir com mais profundidade as corporações policiais.


*Jornalista, pesquisador e professor da PUC-Rio. Autor de “ O negro na Polícia Militar: cor, crime e carreira no Rio de Janeiro” e “ Mães de Acari: uma história de  protagonismo social”.



segunda-feira, 6 de outubro de 2014

WEELF - JIHAD CARIOCA / Carlos Weelf Teixeira Brito: MINHA ARMA É O RAP.












Cria da maior favela da América Latina , mesmo passando parte de sua primeira infância na Cidade de Deus , Weelf cresceu entre as zonas norte e sul carioca , até os 13 anos após ter sido expulso da escola na zona norte do Rio , passava a semana no bairro do Grajaú e ia aos finais de semana pra sua casa na Rocinha , seu primeiro contato com o Hip Hop foi por volta de uns 8 anos de idade , seu vizinho Marquinhos colocava os maiores sucessos do funk pra tocar em sua casa que ficava do outro lado da vala em frente a casa de Weelf , o menino logo se identificou com as batidas graves e daí começou a procurar mais a respeito do assunto , em suas viagens pra zona norte que na maioria das vezes era no domingo a noite observava a movimentação dos jovens na garagem fundação esperando o ônibus com sua Mãe e seus irmãos sonhando com o dia de poder estar lá dentro curtindo aquele baile , o tempo foi passando e aos 11 anos , sentado ao lado de Mosquito da Teodóro da Silva , de Vila Isabel , se colega de quinta série na Escola Municipal Francisco Campos , a mesma que foi expulso 3 anos depois , conheceu a programa da extinta Rádio Manchete que tocava o melhor do Funk Internacional e do Funk Brasil , e ali começou a escrever suas primeiras letras e mostrar na hora pros colegas de classe que gostavam muito de suas paródias e criações . O tempo passou e veio o funk carioca com os Rap's de Comunidade que deram vida ao o que é hoje o FUNK CARIOCA , e nessa época por volta de 1994 Weelf voltara a escrever , só que já expulso do colégio , o rap ficou em segundo plano e nunca gravou nada , no final deste ano foi atropelado em frente ao baile da Via Apia indo pro Samba na quadra da Acadêmicos da Rocinha e permaneceu o ano seguinte sem poder andar , por fraturas cronicas nas duas pernas o que também lhe tirou do Futebol , que estava afastado mas pretendia voltar a treinar , leu bastante , se curou e voltou a andar já outro homem , conseguiu um emprego e 10 meses depois já estava casado e esperando pra se tornar Pai de sua filha mais velha aos 18 anos . Poucos meses depois teve outra noticia que seria Pai novamente , mas conseguiu um emprego em que ganhava o triplo e esta nasceu num ambiente mais confortável e melhor , aos sete meses sua filha caçula foi durante 20 dias a prontos socorros tanto em sua comunidade como fora dela com uma febre que só piorava , e quando a internaram por estar em convulsão é que diagnosticaram uma meningite bacteriana , que seria fruto de uma epidemia não observada pelo estado na sua comunidade onde já tinha milhares de casos e algumas vitimas fatais . Venceu todo o tratamento junto com sua família , quando sua filha teve alta hospitalar , junto com sua ex esposa achou que seria bom uma obra em casa , pois sua filha obteve uma bronquite crônica como sequela , então sua esposa e suas 2 filhas forma passar uns dias na residencia de sua ex sogra na comunidade do Jacarézinho na zona norte do Rio , lá em uma incursão do Bope , um menino de 6 anos foi alvejado e morto , a comunidade se rebelou , foi chamado o batalhão de choque da pm , que jogou uma bomba de gás em baixo da janela onde estava sua filinha caçula que ao se intoxicar não resistiu . No jornal saíra que ela teria sido salva e um pm era heróis , foi distribuído outdoor's pela cidade com a foto que saíra no jornal do policial fazendo respiração boca a boca e com os dizeres "ESSA É A NOVA POLICIA " . Weelf tentou pedir a rede globo que o ajudasse a tirar os painéis gigantes , foi nas três centrais de jornalismo no bairro do jardim botânico e nenhum deles mesmo escutando o ocorrido quis atende-lo nem ajuda-lo , a unica coisa que lhe sobrou como opção foi o RAP , com a finalidade de ser ouvido , pois acreditava e sempre acreditou no Rap como um instrumento do Povo . Em sua caminhada já foram vários grandes apresentações nos mais variados locais , por varias iniciativas populares , milita desde o ultimo governo de direita, antes das leis de incentivo a cultura e espote, quando as ong's funcionavam de verdade no voluntariado ,surgiu no cenário do rap carioca na Rádio Panorama FM situada no CIEP da Comunidade do Canta Galo , foi primeiro lugar em pedidos em várias rádios comunitárias da Cidade do Rio de Janeiro , na extinta rádio QUE SE DANE , na Fundição progresso na LAPA , no programa CONEXÃO BABILÔNIA na extinta radio VIVA RIO , ong que participou de várias iniciativas pela PAZ e Justiça Social , faz parte da iniciativa "OFICINEIROS da INCLUSÃO " um som dando voz popular a um grande projeto de inclusão de crianças especiais em escolas publicas e outros meios em que eram excluídas na sociedade .





Teve suas músicas incluídas em trilhas sonoras como a do documentário “Me erra”, uma produção sobre a academia Nobre Arte, situada no Morro do Canta Galo, uma outra comunidade carente do Rio de Janeiro, do documentário 10 ANOS DE CEP 20000 ,faz parte da trilha sonora do documentário "ME ERRA" de Paola L'Blanc , e fez uma ponta no filme animação “SANTA DA CASA ” de ALLAN SIEBER .


Um reconhecimento maior ocorreu com o lançamento de seu primeiro vídeo da música ” Fábrica de marginal”, o segundo vídeo é o da faixa ” Uma América Só″ , seu terceiro vídeo clipe gravado em Brasília também em parceria de Caetano Ruas foi muito visto e apoiado em países árabes e se chama MARGINAL REBELDE , e sue quarto vídeo clipe ROCINHA É O IMPÉRIO feito pela produtora de seu amigo Edmond Pitarma . Por sua própria definição Weelf é um marginal sério, vive na pista e defende-se do mundo.



Lançou no final de 2009 : “M.A.R.G.I.N.A.L.I.D.A.D.E. Só que este lhe rendeu 2 faixas no álbum DJ Plain View, GLOBALIZE (http://itunes.apple.com/us/album/dj-plain-view-presents-globalize/id361529793) , uma coletânea MUNDIAL de HIP HOP , lançado no inicio de 2010 , Seu vídeo clipe atual MARGINAL REBELDE foi lançado de forma inteligente e direcionado diretamente para frentes de luta pelo mundo e tem tido o exito esperado , JÁ DIVIDIU O PALCO COM BANDAS E ARTISTAS CONSAGRADOS COMO : O RAPPA , CIDADE NEGRA , G.O.G. , JA RULE , FAT JOE . MR CATRA , MC GALO , GABRIEL PENSADOR , ENTRE OUTROS . TEVE O PRAZER DE PARTICIPAR DO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL NO ATERRO DO FLAMENGO . E VEM AGORA APRESENTAR-




quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Jovem universitária UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro c...

DISFARÇADO DE CICLISTA NA CICLOVIA USADA PELOS ESTUDANTES.




Nesta quinta-feira, pouco depois das 10 horas da manhã, uma jovem de 20 anos sofreu tentativa de estupro; o marginal tentou arrasta-la da ciclovia que circunda a universidade para uma trilha que está situada no interior da UFFRJ; lutou bravamente e não cedeu a violência. Estudante do último ano de Engenharia Florestal, declarou que talvez nem termine o curso; o que é lamentável; o local é precário de segurança pública; bom dizer que tanto a área da UFFRJ e a antiga Rio-São Paulo Estrada Federal) é de responsabilidade do Governo Federal.


Bicicleta usada pelo marginal da lei.



quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Bombardeiros atômicos russos invadem espaço aéreo de vários países.

     
A força aérea japonesa obrigou dois bombardeiros estratégicos russos Tupolev Tu-95 a se afastarem do espaço aéreo nipônico, do qual tinham se aproximado imprudentemente, informou o Ministério de Defesa de Tóquio, citado pela agência “RIA-NOVOSTI” de Moscou.

Após se aproximarem da ilha de Okinawa, sede da maior base americana no Oriente, os bombardeiros russos foram bordejando o arquipélago japonês.
O Ministério de Defesa do Sol Nascente ficou preocupado pelas intenções que esse voo revelou. Desde julho até setembro de 2013, o Japão teve de acionar seus caças 105 vezes, por causa da excessiva aproximação de aviões russos estratégicos de ataque.

Neste ano, o Japão enviou um protesto a Moscou, apontando que os aviões russos violaram seu espaço aéreo, acrescentou a “ITAR-TASS”.
Bombardeiro atômico russo Tupolev TU- 95 sendo reabastecido em vooBombardeiro atômico russo Tupolev TU- 95 sendo reabastecido em voo

Por sua vez, a mesma agência moscovita informou sobre mais uma ocorrência entre bombardeiros nucleares russos TU-95 e caças F-16, da Real Força Aérea da Holanda. No operativo participaram também dois F-16 da Força Aérea da Dinamarca e aviões da Grã-Bretanha. 


O Ministério da Defesa da Holanda mencionou que, após os bombardeiros suspeitos se afastarem de seu território e os caças holandeses retornarem às suas bases, os mesmos bombardeiros deram uma volta de 180º e vieram por cima da Holanda.


Mais um jato holandês foi acionado, até os bombardeiros suspeitos ingressarem na área de responsabilidade britânica. Ocorrência análoga foi registrada no mês de abril. 


Também a Finlândia está preocupada por esse tipo de voos russos, que não revelam intenções simpáticas.


Em apenas 10 dias do mês de agosto, bombardeiros estratégicos russos protagonizaram pelo menos 16 incursões em zonas defensivas de identificação ao noroeste dos EUA, numa abrupta escalada de incidentes, segundo oficiais da defesa americana mencionados pelo site “The Washington Free Beacon”. 


Os Tu-95 ‘Bear H’ geraram a reação dos jatos americanos em momentos que a tensão entre os EUA e a Rússia vinha crescendo de intensidade pela guerra na Ucrânia.
Armamento nuclear voltou a equipar os bombardeiros russos estratégicos.Armamento nuclear voltou a equipar os bombardeiros russos estratégicos.

Numa incursão russa perto do Alaska um avião de inteligência russo ia entre os bombardeiros, e numa outra os russos invadiram o espaço aéreo do Canadá.


O major Beth Smith, porta-voz do U.S. Northern Command and the North American Aerospace Defense Command (NORAD), disse que os incidentes com russos estão num “pico de atividade”, mas achou que esses voos correspondem a missões e exercícios.


Oficiais americanos comentaram que as incomuns incursões fizeram voltar à Guerra Fria, tempo em que eram frequentes essas sondagens das defesas inimigas por parte da aviação soviética em preparação para um conflito nuclear.


Vladimir Putin ordenou um reequipamento das forças nucleares russas, que incluem testes de novos mísseis de diversos alcances, novos submarinos estratégicos e bombardeiros com grande raio de ação.


Em junho de 2014, mais dois bombardeiros nucleares Bear se aproximaram até 50 milhas da costa da Califórnia, a menor distância jamais atingida após a Guerra Fria, antes de serem interceptados por caças F-15.


Para um outro oficial de defesa que discrepou da opinião do NORAD, os russos “estão tentando testar nossas reações na defesa aérea, do nosso comando e dos nossos sistemas de controle. Não se trata apenas de missões de treinamento”.


Ele explicou o comunicado do NORAD como efeito da política conciliatória de Obama com Moscou.


Mas a retórica militar está ficando mais tensa após a anexação da Criméia pela Rússia. Em julho, o Departamento de Estado acusou Moscou de violar o tratado de limitação de foguetes nucleares, assinado em 1987, desenvolvendo um novo míssil de cruzeiro.


Como de costume, Moscou declarou que as acusações eram falsas.


Em Washington, o almirante Cecil Haney, chefe do Comando Estratégico americano, manifestou em 18 de junho sua preocupação com o aumento das atividades nucleares russas. 
Bombardeiro Russo Tupolev TU- 95 sendo escoltado por caças e com avião tanque em voo de formaçãoBombardeiro Russo Tupolev TU- 95 sendo escoltado por caças e com avião tanque em voo de formação

O almirante sublinhou a coincidência dessas ações com o recrudescimento das tensões na Ucrânia e mencionou o lançamento de seis mísseis de cruzeiro russos como uma “demonstração de força”. 


Segundo o Ministério de Defesa russo, um bombardeiro Tu-95 “é capaz de destruir, com esses mísseis, instalações fixas do inimigo de dia ou de noite, em quaisquer condições climáticas e em qualquer parte do globo”. 


O almirante Haney apontou que “simultaneamente estamos vendo significativas operações de aviões estratégicos russos em países como Japão, Coreia e até na nossa costa oeste”. 


Também na Europa aviões americanos tiveram atritos com caças russos.


Notadamente com um RC-135, avião de inteligência que foi forçado a se pôr de resguardo no espaço aéreo sueco após ser hostilizado por um jato russo no dia 18 de julho.


O incidente aconteceu no dia seguinte à derrubada do voo MH17 da Malaysian Airlines sobre o leste ucraniano.
Luis Dufaur edita o blog Flagelo Russo.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

21 ANOS DE IMPUNIDADES E INJUSTIÇAS - CHACINA DE VIGÁRIO GERAL.

REPORTAGEM ESPECIAL

https://www.facebook.com/escritorsergiocborges





Sexta-feira, 29 de Agosto de 2014

Vigário Geral: 21 anos da chacina que matou 21

Por Fábio Lau e Douglas Mota
Foto de Mário Leite - Jornal O Dia - em 30 de agosto de 1993
Foto de Mário Leite - Jornal O Dia - em 30 de agosto de 1993

- Não me matem que eu sou trabalhador. Trabalho na gráfica ali fora - implorou Cleber, procurando no bolso a carteira de trabalho.
- Você vai morrer aqui mesmo - responderam.
- Pelo amor de Deus, moço, não me mate - insistiu o gráfico. Mataram.



Cleber Alves, 23 anos, ia para casa naquela madrugada de segunda-feira, 30 de agosto de 1993. Foi interceptado por um grupo de PMs de um total de trinta e tantos que invadiram Vigário Geral. Duas madrugadas antes, os traficantes daquela favela havia matado quatro PMs na Praça Catolé do Rocha. 



O conjunto de acontecimentos colocaria o Rio de Janeiro e o Brasil de joelhos diante de mais um processo por violação dos Direitos Humanos na OEA. Cleber seria o primeiro a morrer por aquele grupo que invadiu a favela, cortou linhas de telefones dos orelhões e a luz elétrica. Outras 20 mortes viriam em seguida. Oito delas sobre uma mesma família. Um núcleo evangélico na entrada da favela. Todos mortos. Todos inocentes.



Vinte e um anos depois Conexão Jornalismo encontrou alguns personagens que vivenciaram, cada um ao seu modo, aquele filme de horror. Pessoas do Judiciário, da Imprensa, da Polícia Militar, comunidade que lembra e revela que a ferida continua aberta. 



Prisões ocorreram. Algumas condenações. Muitas injustiças. Mas o fato é que aquela chacina, que já não é a maior tragédia deste perfil no Rio, insiste em não se colocar no passado. Ela teima em retornar a cada novo acontecimento violento que ocorre no Rio e no país.



O Fuzil AR 15























O Rio de Janeiro descobria, naquela chacina, um fuzil americano que era a versão civil do M16, arma de assalto usada dois anos antes na Guerra do Golfo. O fuzil foi usado pelo bando de Flávio Negão, que matou os quatro PMs da Praça Catolé do Rocha, e também foram usadas pelos invasores para eliminar moradores inocentes. 



A partir dali, O AR 15 ficaria conhecido como uma espécie de vírus incontrolável capaz de destruir famílias, lares, sonhos e acima de tudo um projeto de polícia humanitária. Um médico do Hospital Souza Aguiar, com o passar dos anos, foi reconhecido como o especialista em tratar ferimentos dos sobreviventes do AR. Quando sobreviviam. 





Depoimentos des pessoas que estiveram presentes na história que marcou o Rio





Mário Leite (fotógrafo de O Dia) - 

Mario Leite: difícil esquecer
Mario Leite: difícil esquecer  


Atravessando a passarela para se entrar em Vigário Geral, já dava prá sentir o clima de tragédia, como sempre acontece nesses casos; ainda mais naquele calor, silêncio total, seguindo pelas ruas e ruelas. Corpos pelo chão de terra, moscas, moradores passando e olhando com aqueles olhares aparentemente normais. Imagino que eu também devia estar com esse mesmo olhar, pois nessas matérias sempre acontece comigo uma espécie de transe, um estado mental no qual nada pode me afetar a ponto de passar mal.



Bombeiros começaram a carregar os corpos em direção à passarela, e aí já havia e expectativa da foto de todos os corpos juntos. O tamanho da tragédia visualmente falando. Não sei quanto tempo durou isso, mas não foi leve. Era a nítida noção do absurdo voltando à superfície.



Tudo pronto: uma multidão se posiciona em volta dos corpos e faço retrato de uma história sem fim. Grupos policiais rivais, cavalos - corredores, etc. Não sei se foi esclarecido alguma coisa ou temos que que ficar imaginando o mais provável.



Voltei lá em outra situação, para conhecer o Centro Cultural Waly Salomão do Afro-Reggae. Muito bom, muito vivo (Mario Leite, 21 anos depois, mora em São Paulo).





José Muiños Piñeiro - promotor de Justiça do III Tribunal do Júri -

Homenagem perene às vítimas
Homenagem perene às vítimas  


Era uma tarde de domingo, 29 de agosto, e eu estava no Riocentro com meus filhos na Bienal do Livro. A seleção brasileira de futebol estava jogando com a Bolívia, se não estou enganado, pelas eliminatórias da copa de 1994. Na ocasião eu era promotor de Justiça no II Tribunal do Júri e já estava a frente do caso da CHACINA da CANDELÁRIA, ocorrida no mês anterior e na qual morreram oito jovens, alguns ainda criança. Não poderia imaginar que uma nova chacina aconteceria ainda naquela noite e, pior, a ação penal também ficaria sob a minha responsabilidade e a de Maurício Assayag, meu colega no Tribunal. Foram duas tragédias, duas grandes barbáries que mancharam a cidade "maravilhosa" de sangue inocente. No caso de Vigário Geral, oito integrantes de uma família evangélica morreram covardemente assassinados dentro de casa. Sabia que as atenções dos meios de comunicação, da sociedade carioca, fluminense, brasileira e da comunidade internacional ficariam voltadas para a apuração judicial dos fatos. Foi assim por muitos anos. Todos os dias havia matéria nos jornais. A cobrança era quase insuportável. Ao mesmo tempo em que tinha a obrigação de fazer justiça, isto é, obter a condenação somente de quem era culpado, a preocupação em evitar uma impunidade me corroía o pensamento. Por muito tempo uma noite tranquila de sono foi algo inatingível, o que somente piorou quando foi descoberto um plano para matar um dos promotores do caso ou a própria juíza a frente dos trabalhos. Muitas falhas na investigação policial comprometiam um resultado justo. Apesar disso, consegui levar vários acusados aos julgamentos pelo júri. Fiquei responsável pelo primeiro julgamento de um dos quatro chacinadores da Candelária e do primeiro réu a ser julgado no caso da Chacina de Vigário Geral. Felizmente os jurados aceitaram a tese da acusação e obtive as condenações, respectivamente, a 300 anos e 449 anos de prisão. Com esses resultados comecei a me sentir um pouco mais leve, o stress começava a retroceder. Faz vinte e um anos que a Chacina de Vigário Geral aconteceu. Coincidentemente, foram 21 vítimas. A atuação no caso, não tenho dúvida, deu destaque a minha carreira e me alçou a grandes e novas responsabilidades, chegando, por duas vezes , a ser nomeado Procurador Geral de Justiça (o Chefe do Ministério Público) após indicação dos meus colegas, tendo recebido em ambas a maior votação. Importante, contudo, é ter a consciência de que procurei fazer a justiça e que se alcancei um bom resultado, devo à confiança que os familiares das vítimas da chacina mantiveram no meu trabalho, apoio fundamental nos momentos mais difíceis. O tempo passou, mas é importante sempre lembrar daquela tragédia social para que nunca seja ela esquecida, no mínimo em homenagem perene às vítimas.
(José Muiños Piñero hoje é desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro)




Fábio Lau - jornalista de O Dia

Homônimo inesperado
Homônimo inesperado   


Sim. Eu morri um pouquinho naquela chacina. Em meio aos 21 abatidos covardemente por policiais e milicianos havia um jovem com meu nome: Fábio Pinheiro Lau tinha 18 anos. Morreu ao lado de motocicletas na Praça Catolé do Rocha porque estava na hora errada e no lugar errado. Foram muitos tiros. Estive com o pai dele e, diante de homem sofrido e sem esperança no olhar, me vi diante de um espelho. Bastaria estar vivo e naquela hora e lugar para morrer atravessado por balas de fuzis naquela madrugada fria do inverno carioca. Foram dias e dias de cobertura incessante. Conheci o pai do Flávio Negão numa matéria dividida com o repórter Sérgio Torres, da Folha. Vinte e um anos depois muita coisa mudou na minha vida. E na cor do cabelo também. Mas nem tantas mudanças assim ocorreram em Vigário Geral. A comunidade segue sua sina: cercada por linha do trem, Linha Vermelha e Acari. O abandono de sempre e a precariedade da infraestrutura urbana. Assim como eu, Fábio Pinheiro Lau, meu xará, 21 anos depois, teria muita história para contar. Mas não se pode falar o mesmo da quele palco chamado Vigário Geral. 
(Fábio Lau hoje trabalha em seu próprio site de notícias, Conexão Jornalismo)



Iracilda Toledo - perdeu o marido, o ferroviário Alberto Toledo, na chacina.

Iracilda Toledo: netos deram luz a agosto
Iracilda Toledo: netos deram luz a agosto  


"Eu tinha ido à Igreja e deixei o Beto em casa com meu filho, Humberto. Eles foram ao bar comprar cigarro e acabaram assistindo ao jogo do Brasil com a Bolívia, que terminou em 2 a 0 e nos classificou para a Copa do Mundo. Meu marido ficou lá comemorando a vitória, mas Humberto, que tinha 12 anos, voltou para casa por ordem do pai. Tinha aula cedo no dia seguinte.



Nós fomos dormir até que por volta da meia-noite acordei com meu sogro batendo na janela e chamando o Beto. Expliquei que estava no bar comemorando por causa do jogo. Aflito, meu sogro respondeu que todos que estavam no bar tinham sido mortos. Não quis acreditar. Procurei por toda a comunidade, mas não o encontrei.



Uma hora da manhã, meu compadre teve coragem para entrar no bar. Identificou que Beto era um dos mortos. Ele tinha um cargo de confiança na Rede Ferroviária Federal, enquanto eu não trabalhava. Graças a Deus tenho uma família estruturada e consegui abrigo com meus pais e irmãos.



Saí do cidade, criei meus filhos no interior e só voltei porque começaram a cursar faculdade. A mais nova, que tinha 9 anos na época, fez Psicologia. Já Humberto, hoje com 33, Engenharia. Nenhum de nós esquece o ocorrido. Vão se passar cem anos e aquilo vai continuar na memória.



Apesar de tudo, o mês não ficou marcado negativamente na minha vida. Meus dois netos nasceram em agosto". (Iracilda mora no Rio, com seus dois filhos, trabalha, e ajuda a cuidar dos netos).



Sargento da PM Sérgio Borges, o Borjão - 

Sérgio Borges: perda de um filho
Sérgio Borges: perda de um filho  


"Você pode imaginar o que é uma pessoa inocente ser acusada da noite para o dia de um crime de repercussão internacional, baseada na palavra de um marginal da lei, Ivan Custódio? Sem culpa amarguei quatro anos no cárcere. Fui humilhado juntamente com minha família e sofro sequelas até hoje. Meu filho foi assassinado por conta deste caso. 




A Justiça foi feita a partir de investigação que fiz com outros policiais inocentes. Fizemos o mesmo na chacina da Candelária. O processo foi totalmente fraudulento e feito pela Polícia Militar, que não tem competência constitucional para investigação.



O Rio de Janeiro naquele momento ia sofrer uma intervenção federal. O Coronel Valmir Alves Brum*, almejando ocupar o lugar do Coronel Emir Laranjeira, aproveitou do episódio para alcançar o sucesso político. Ele acusou 23 policiais, hoje reconhecidamente inocentes pelo hoje desembargador Muiños Piñeiro, que era o promotor da época.



As investigações refletem duas palavras: impunidade e injustiça. Os culpados não foram presos e inocentes passaram quatro anos ou mais na prisão. Perdi meu filho, a saúde e 21 anos da minha vida.



Escrevo um livro contando toda a verdade, que será publicado quatro meses. O prefácio é do jornalista Carlos Nobre, que escreveu a obra "Mães de Acari", e a apresentação é do promotor que nos acusou e depois nos inocentou.



Com sede de vingança por causa da morte dos PMs, os matadores que foram a Vigário começaram a matar todos os que tinham o pré-nome ou o apelido que constavam naquela lista. A revanche não foi motivada pela morte do sargento Ailton, mas sim pelas dos colegas que o acompanharam. 



Tanto as vítimas e seus parentes, quanto os policiais inocentes, foram usados pelo sistema para uma manutenção de poder, como tem sido feito desde que o Brasil é Brasil. (Sérgio Borges Cerqueira hoje é escritor e advogado)




Personagens da história da Chacina:





Flávio Negão: sopa de siri no terreiro com jornalista
Flávio Negão: sopa de siri no terreiro com jornalista  





Flávio Pires da Silva, o Flávio Negão - traficante determinou a morte dos quatro PMs. Um deles, o PM Ailton, teria sequestrado e assassinado seu irmão. Morto pela polícia anos depois. "Alguns dias após chacina eu e o repórter Nilton Claudino nos encontramos com Flávio Negão. O traficante estava cercado por comparsas e falou sobre a execução dos PMs e a chacina. Dividimos duas horas de conversa e um prato fundo, de plástico, com sopa de siri" - Fábio Lau








Cristina Leonardo: atuação em Direitos Humanos
Cristina Leonardo: atuação em Direitos Humanos  


Cristina Leonardo - A advogada foi uma das mais atuantes profissionais na defesa dos Direitos Humanos nos casos de violência ocorridos no Rio de Janeiro na década de 90. Desaparecimento de menores, chacinas da Candelária, Vigário e violência contra a mulher. 





Valmir Brum: prisões e injustiças
Valmir Brum: prisões e injustiças  



Valmir Alves Brum* - O coronel da PM era um dos mais odiados policiais da corporação por conta da sua atividade repressora. Ajudou a prender muitos policiais violentos, mas protagonizou também casos flagrantes de injustiça contra acusados. Em um deles deteve o único soldado negro de uma unidade da PM porque o acusado do crime tinha o apelido de "Pelé". Virou sinônimo de xerife da PM na década de 90.




Zuenir Ventura: Cidade Partida permanece
Zuenir Ventura: Cidade Partida permanece  





Zuenir Ventura - jornalista do Jornal do Brasil, escreveu o livro Cidade Partida a partir da chacina. Participou de projetos que tentava unir um Rio de Janeiro dividido entre os ricos e pobres, a zona turística e a cidade de verdade. A Fábrica de Esperança, criada ao lado da favela para oferecer estudo e trabalho, fechou. 





Nilo Batista - O vice-governador e chefe de Polícia Civil enfrentava politicamente duas chacinas e pouco mais de um mês. Bom frasista, disse, ao desembarcar em meio a multidão em Vigário, que naquele momento havia sido quebrada a barreira entre polícia e bandidagem. O crime faria surgir um outro personagem, o pastor Caio Fábio, que se transformaria numa espécie de guru espiritual de Nilo Batista.















Lúcio Natalício - Repórter que estava responsável pela madrugada no Jornal O Dia, Natal foi o primeiro jornalista a chegar à comunidade e a se deparar com o quadro. Apurou nomes, motivos aparentes da chacina e localizou testemunhas. Pela manhã, quando as equipes chegaram à Vigário Geral, poucas informações restavam. Foi homenageado pelo seu empenho em momento tão difícil. Ele morreu no final do ano passado.






Homenagens




Acontece nesta sexta-feira (29) na favela de Vigário Geral uma homenagem aos mortos noa chacina. O culto Evangélico começa às 16h, em frente à Casa da Paz. Familiares das vítimas depositarão flores no local da tragédia.



Já em Cabo Frio, será exibido no Centro Cultural Carlos Scliar o documentário dirigido pelo cineasta Milton Alencar "Vigário Geral: Lembrar para não Esquecer". Logo após acontece um debate com o desembargador José Muiños Piñeiro Filho que, na época, atuou como um dos promotores de justiça e obteve no Tribunal do Júri a condenação do primeiro chacinador a 449 anos de prisão. Assista:





O rapper Marcelo D2 compôs uma canção em homenagem aos mortos no massacre: