"O fim do Direito é a paz; o meio de atingi-lo, a luta. O Direito não é uma simples idéia, é força viva. Por isso a justiça sustenta, em uma das mãos, a balança, com que pesa o Direito, enquanto na outra segura a espada, por meio da qual se defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a impotência do Direito. Uma completa a outra. O verdadeiro Estado de Direito só pode existir quando a justiça bradir a espada com a mesma habilidade com que manipula a balança."

-- Rudolf Von Ihering

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IDIOMA DESEJADO.

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sexta-feira, 21 de abril de 2017

Palestra O Que é Matrix.

A ciência não é uma ilusão, mas seria uma ilusão acreditar que poderemos encontrar noutro lugar o que ela não nos pode dar.
Sigmund Freud

Pode ser que nos guie uma ilusão; a consciência, porém, é que nos não guia.
Fernando Pessoa













Por que uma pessoa se mata? Entenda o suicídio.

 
O desespero beira o insuportável. A cada dia, o sofrimento – físico ou emocional – fica mais intenso e viver torna-se um fardo pesado e angustiante. Sua dor parece incomunicável; por mais que você tente expressar a tristeza que sente, ninguém parece escutá-lo ou compreendê-lo. A vida perde o sentido. O mundo ao seu redor fica insosso. Você sonha com a possibilidade de fechar os olhos e acordar num mundo totalmente diferente, no qual suas necessidades sejam saciadas e você se sinta outro. Será que a morte é o passaporte para essa nova vida?



Atire a primeira pedra quem nunca pensou em morrer para escapar de uma sensação de dor ou de impotência extremas. Parece comum ao ser humano experimentar, pelo menos uma vez na vida, um momento de profundo desespero e de grande falta de esperança. Os adjetivos são mesmo esses: extremo, insuportável, profundo. Mas, aos poucos, os seus sentimentos e idéias se reorganizam. Suas experiências cotidianas passam a fazer sentido novamente e você consegue restabelecer a confiança em si mesmo. Você descobre uma saída, procura apoio, encontra compreensão. Aquele desejo autodestrutivo, aquela vontade de resolver todos os problemas num golpe só, se dilui. E você segue adiante. Muitos, no entanto, não conseguem encontrar uma alternativa. O suicídio, para esses, parece ser a última cartada, o xeque-mate contra o sofrimento, um gran finale para uma vida aparentemente sem sentido, para um presente pesado demais ou para um futuro por demais amedrontador. E eles se matam.
Imperscrutável, no limite, o suicídio não tem explicações objetivas. Agride, estarrece, silencia. Continua sendo tabu, motivo de vergonha ou de condenação, sinônimo de loucura, assunto proibido na conversa com filhos, pais, amigos e até mesmo com o terapeuta. Mas as estatísticas mostram que o suicídio precisa, sim, ser discutido. Trata-se, além de uma expressão inequívoca de sofrimento individual, de um sério problema de saúde pública. Segundo o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 815 mil pessoas se mataram no ano 2000 em todo o mundo – uma taxa de 14,5 para cada 100 mil habitantes. Isso significa um suicídio a cada 40 segundos. A “violência autodirigida”, como o suicídio é classificado pela OMS, é hoje a 14ª causa de morte no mundo inteiro. E a terceira entre pessoas de 15 a 44 anos, de ambos os sexos. Não pode mais ser ignorada.

Casos de suicídio muitas vezes são deliberadamente mascarados nas estatísticas oficiais. Suicídios de crianças tidos como morte acidental ou acidentes de automóvel, causados por jovens que dirigem alcoolizados e em alta velocidade: para os especialistas, esses são, sim, atos suicidas. “Se você investigar a vida dessas crianças e jovens semanas ou meses antes da morte, pode identificar sinais de que algo não ia bem”, diz a psicóloga Ingrid Esslinger, do Laboratório de Estudos sobre a Morte da Universidade de São Paulo (USP). A poeta americana Sylvia Plath (1932-1963) tentou se matar duas vezes antes de concretizar o suicídio (tais experiências levaram-na a escrever o romance A Redoma de Vidro). Uma das vezes foi um “acidente de carro”. Aparentemente, Sylvia perdera os sentidos no volante e deixara o carro sair da estrada e ir ao encontro de um aeródromo. Segundo o crítico literário Alfred Alvarez, amigo da poeta, a própria Sylvia admitiu que saíra intencionalmente da estrada, com o objetivo de morrer.
“Todos já pensamos em suicídio em algum momento na vida. É um pensamento humano. Se não desejamos nos matar, ao menos cogitamos morrer – morrer para escapar do sofrimento, para nos vingar, para chamar a atenção ou para ficar na história”, diz o psiquiatra e psicanalista Roosevelt Smeke Cassorla, da Sociedade Brasileira de Psicanálise, um dos maiores especialistas brasileiros em suicídio. “Mas resolvemos continuar vivos e melhorar as nossas condições de vida. O suicídio, então, soa como um desatino. A pergunta que fica é: por que algumas pessoas desistem e outras não?”
Por trás do comportamento suicida há uma combinação de fatores biológicos, emocionais, socioculturais, filosóficos e até religiosos que, embaralhados, culminam numa manifestação exacerbada contra si mesmo. Para decifrá-los, os estudiosos recorrem à “autópsia psicológica”, um procedimento que tem por finalidade reconstruir a biografia da pessoa falecida por meio de entrevistas e, assim, delinear as características psicossociais que a levaram à morte violenta.
“Existem causas imediatas predisponentes – como perda do emprego, fracasso amoroso, morte de um ente querido ou falência financeira – que agem como o último empurrão para o suicídio”, diz a psicóloga Blanca Guevara Werlang, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), especialista em autópsia psicológica. “A análise das características psicossociais do indivíduo, porém, revela os motivos que, ao longo da vida, o auxiliaram a estruturar o comportamento suicida. Pode mostrar as razões para morrer que estavam enraizadas no estilo de vida e na personalidade.”
Fenômeno complexo, o suicídio configura um assassinato, em que vítima e agressor são a mesma pessoa. “A definição de suicídio implica necessariamente um desejo consciente de morrer e a noção clara de que o ato executado pode resultar nisso. Caso contrário, é considerado morte por acidente ou negligência”, diz o psiquiatra José Manoel Bertolote, líder da Equipe de Controle de Transtornos Mentais e Cerebrais do Departamento de Saúde Mental e Toxicomanias da OMS.
O fato de estar consciente de que vai efetuar um ato suicida não elimina, no entanto, o estado de confusão mental que o indivíduo experimenta momentos antes da ação. “Ele não sabe se quer morrer ou viver, se quer dormir ou ficar acordado, fugir da dor, agredir outra pessoa ou, de fato, encontrar o mundo com o qual fantasia”, diz Roosevelt. Afinal, o suicida tem diante de si duas iniciativas complexas e contraditórias a conciliar naquele momento: tirar a vida e morrer. O suicídio ocorreria, então, num instante em que a pessoa se encontra quase fora de si, fragmentada, com os mecanismos de defesa do ego abalados e, por isso, “livre” para atacar a si mesma.
Há suicídios e suicídios. Por isso, os especialistas costumam avaliar a tentativa de se matar ou o ato propriamente dito a partir de duas variáveis: a intencionalidade e a letalidade. A primeira diz respeito à consciência e à voluntariedade no planejamento e na preparação do ato suicida. A segunda, ao grau de prejuízo físico que a pessoa se inflige. Existem casos em que o indivíduo demonstra evidente intenção de morrer e alto grau de letalidade, ao optar por um método eficiente. Em outras ocorrências, a vontade de morrer é fraca, apesar de voluntária, e o método escolhido é pouco prejudicial. Ou seja: há casos de suicidas propriamente ditos. E há casos em que a pessoa só está pedindo socorro, implorando para ser resgatada. Claro que há quem não queira enfaticamente a morte mas, por usar um meio perigoso, acabe sendo bem-sucedido.
E outros, cujo objetivo é mesmo acabar com a própria vida, por desconhecimento da maneira mais efetiva de causar danos graves a si mesmos, acabam sobrevivendo. (Aliás, esses, se não receberem tratamento adequado, são candidatos a uma nova tentativa.)
“Minha cabeça não recupera”
Dados da OMS indicam que o suicídio geralmente aparece associado a doenças mentais – sendo que a mais comum, atualmente, é a depressão, responsável por 30% dos casos relatados em todo o mundo. Estima-se que uma em cada quatro pessoas sofrerá de depressão ao longo da vida. Entre os subtipos, a depressão bipolar – em que fases de euforia e apatia profundas se alternam – parece ser a de maior risco. O alcoolismo responde por 18% dos casos de suicídio, a esquizofrenia por 14% e os transtornos de personalidade – como a personalidade limítrofe e a personalidade anti-social – por 13%. Os casos restantes são relacionados a outros diagnósticos psiquiátricos.
Estudos de autópsia psicológica (feitos com base em entrevistas com amigos, familiares e médicos do suicida) mostram que mais de 90% das pessoas que se mataram no mundo tinham alguma doença mental. Entretanto, doenças psiquiátricas não são condição suficiente para o comportamento suicida, já que outros fatores – emocionais, socioculturais e filosóficos – também entram em jogo. Na verdade, essas doenças provocam uma vulnerabilidade maior ao suicídio. “É comum que a pessoa, quando está com depressão, tenha pensamentos pessimistas, ache que a vida não vale a pena e que talvez fosse melhor morrer”, diz o psiquiatra Humberto Corrêa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Mas a maioria dos deprimidos não tentará se matar. Somente os mais impulsivos e agressivos procuram o suicídio.”
Hoje, sabe-se que indivíduos com alteração no metabolismo da serotonina – um dos mensageiros químicos mais importantes do nosso cérebro – apresentam maior risco de suicídio que os demais. Em sua pesquisa sobre a genética do comportamento suicida, Humberto analisou pacientes com depressão e esquizofrenia e constatou que todos aqueles que haviam tentado se matar tinham a chamada função serotoninérgica diminuída. (Ou seja, problemas no conjunto das etapas que envolvem a participação da serotonina: sua síntese, sua ligação com os receptores celulares e seu transporte. Se há falha em alguma etapa, a atuação desse neurotransmissor se reduz.)
“Quanto maior a intencionalidade suicida e mais letal o método usado, menor a função cerebral da serotonina”, diz Humberto. O próximo passo é pesquisar que genes ligados ao funcionamento da serotonina – são mais de 20 – poderiam estar mais associados ao comportamento suicida. Diversos grupos internacionais dedicam-se a estudos desse tipo. O psiquiatra Pavel Hrdina, diretor do Laboratório de Neurofarmacologia da Universidade de Ottawa, Canadá, descobriu que pacientes depressivos portadores de uma mutação no gene responsável por codificar um dos receptores da serotonina apresentavam duas vezes mais chances de cometer suicídio que aqueles sem a mutação. “A alteração nesse gene aumenta o risco de ideação suicida e de tentativas de autodestruição em casos de depressão grave”, diz Hrdina. Os cientistas tentam agora entender a relação direta entre a serotonina e o suicídio.
“Há uma forte evidência de que a serotonina inibe o comportamento violento, agressivo e impulsivo. Mas o que sabemos sobre a ligação entre esses comportamentos e o suicídio?”, escreve a psiquiatra americana Kay Redfield Jamison, portadora de depressão bipolar, familiarizada com a ideação suicida (ela mesma já tentou se matar) e autora do livro Quando a Noite Cai. “Embora muitos pacientes tenham planos bem formulados para o suicídio, a cronometragem definitiva e a decisão final para a ação costumam ser determinadas por impulso.” Portanto, os fatores biológicos são particularmente importantes para a decisão sobre quando apertar o botão “morrer”.
A participação genética no suicídio vem sendo pesquisada desde a década de 1920. Um estudo feito na Dinamarca mostrou que os parentes biológicos de pessoas que foram adotadas quando recém-nascidas e que se suicidaram posteriormente tinham taxas de suicídio significativamente maiores que as observadas entre os parentes adotivos. Entre gêmeos idênticos, de acordo com uma pesquisa americana, a possibilidade de um irmão se matar caso o outro já tenha se suicidado gira em torno de 15%. Para os gêmeos não-idênticos, a taxa cai para 2% ou 3%.
Tal componente genético poderia explicar, em parte, os casos de suicídio numa mesma família. Filhos de pais depressivos teriam uma predisposição maior à doença. Por isso, muitos especialistas incluem os parentes de um suicida no grupo de risco. Mas, no caso de padrão familiar para o suicídio, não só a genética pode exercer influência sobre o comportamento, mas também o modelo presente naquele núcleo social. Filhos podem se inspirar na solução que pais suicidas encontraram, por exemplo, de usar a morte como saída para um conflito.
“Desculpa, não consegui”
O escritor italiano Cesare Pavese (1908-1950), 12 anos antes de se matar com barbitúricos, tinha escrito: “Ninguém nunca deixa de ter um bom motivo para o suicídio”. A angústia existencial do suicida sempre vai fornecer justificativas para a sua morte. Ele sempre poderá enxergar a vida sem sentido ou ver prevalecer em si um sentimento neurótico de desvalia, derrota e de baixa auto-estima. Daí a criação de fantasias em torno da morte. Como se trata de um fenômeno pouco entendido e também considerado tabu, o suicídio geralmente é recriado de acordo com as expectativas do indivíduo. O suicida não pensa, por exemplo, que vai se decompor e virar pó.
“O suicídio é um ato de linguagem, de comunicação. Como vivemos numa rede de relacionamentos, a nossa morte significa algo para as outras pessoas”, diz a psicóloga Maria Luiza Dias Garcia, coordenadora da Clínica de Psicoterapia Laços, em São Paulo, que analisou mensagens (bilhetes, cartas, gravações) deixadas por suicidas no livro Suicídio – Testemunhos do Adeus. “Constatei, pelos discursos, que o suicida está num quadro de embotamento, como se estivesse afogado nas próprias emoções. Ele não aproveita os vínculos sociais para partilhar seus sentimentos e vê o mundo de uma maneira muito própria.” O suicídio, então, torna-se um meio de expressão, uma fala que não pôde ser dita.
Os especialistas costumam diferenciar as tentativas de suicídio do ato em si, uma vez que, de acordo com a intencionalidade e a letalidade, o gesto pode assumir sentidos diferentes. As tentativas de se matar são vistas como um grito por ajuda, sintoma de uma falha tanto no sistema familiar quanto no grupo social. “O indivíduo não consegue pedir socorro de outro modo, então opta por um ato extremo”, diz a psicóloga Denise Gimenez Ramos, da PUC de São Paulo. “Por que ele não foi ouvido? Todos dão conselhos, mas ninguém ouve o que ele tem a dizer. Esse indivíduo, portanto, fica com a impressão de que não existe para o mundo.”
Incapazes de comunicar a própria dor, os suicidas recorrem a algumas fantasias para justificar a si mesmos a autodestruição. A busca de uma outra vida é uma das mais comuns. O indivíduo enxerga no suicídio a oportunidade de interromper uma existência infeliz e recomeçar, com uma nova chance para acertar. Matar-se também pode ser um jeito de acelerar o reencontro com pessoas queridas já mortas – o pai, a avó, um amigo, o cônjuge. Outras fantasias comuns acerca do suicídio: gesto de vingança ou rebeldia, castigo e autopenitência. “A ideia da não-existência é tão insuportável que a mente humana inevitavelmente recorre às fantasias para levar adiante o projeto de auto-aniquilamento”, diz Roosevelt Cassorla. Mas o indivíduo nem sempre tem acesso consciente a essas fantasias.
O psicólogo Valdemar Angerami-Camon, do Centro de Psicoterapia Existencial, chefiou por quatro anos o Serviço de Atendimento aos Casos de Urgência e Suicídio da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e constatou como tais fantasias estão presentes na mente daqueles que querem se matar. “O que me impressionava eram as pessoas que tentavam suicídio dizerem que não queriam morrer”, diz Valdemar. “Como alguém tenta o suicídio e diz que não quer morrer? Na verdade, queriam acabar com uma situação de desespero. Como não conseguiam ver outra alternativa, recorriam ao suicídio. Mas, ao depararem com a possibilidade concreta da morte, percebiam que não queriam, de fato, morrer.”
O psiquiatra Claudemir Rapeli, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), autor de dois extensos trabalhos sobre suicídio, também constatou esse sentimento em boa parte dos suicidas que atendeu no Hospital das Clínicas de Campinas. “O arrependimento é imediato. Reconhecem que foi uma atitude impulsiva, desesperada, ansiosa.” Claudemir conta a história de um rapaz de 18 anos que tentou suicídio tomando um agrotóxico letal. (A substância provoca, em algumas semanas, uma espécie de fibrose pulmonar que impede a respiração normal e o indivíduo morre sufocado.) “Quando ele começou a sentir que não ia melhorar, que os médicos não podiam fazer mais nada, o pânico dele foi comovente”, afirma. “A motivação foi banal – uma briga com a namorada por achar que ela o estava traindo. Tomou o veneno para livrar-se da rejeição, mas não queria a morte. Ele pedia a todos os médicos que não o deixassem morrer.”
Você pode argumentar que muita gente se vê em situações de grande desespero ou solidão existencial e, mesmo assim, não busca o suicídio. O que faz a diferença? Na verdade, não existe uma personalidade suicida – existe, sim, uma vulnerabilidade emocional (que pode ser trabalhada com o apoio de um parente, um psicoterapeuta ou um amigo). “Quem tem uma estrutura de ego frágil pode não suportar uma grande perda ou um momento de crise e, num impulso, acaba cometendo o suicídio”, diz Ingrid Esslinger. O ego se constitui a partir dos primeiros vínculos afetivos, do modo com que o bebê foi cuidado pelas figuras de apego e da educação que a criança recebeu. Um ego fraco não tolera a frustração, não tem capacidade de espera, não suporta lidar com a impotência, com os limites e com os “nãos” que a vida impõe.
“O sistema mata!”
Mesmo sendo resultado de uma escolha individual, o suicídio também é visto como uma questão social. O pioneiro no estudo desse campo foi o sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917), com o clássico O Suicídio, de 1897. “Existem vários estudos comprovando a influência da cultura, do ambiente e da religião sobre as taxas de suicídio, seja como facilitadores, seja como limitantes”, afirma José Manoel Bertolote. Ele e a equipe do Departamento de Saúde Mental e Toxicomanias da OMS publicaram recentemente um estudo, numa revista científica norueguesa, mostrando que as taxas de suicídio mais baixas encontram-se em países islâmicos, seguidos de países hinduístas, cristãos (mais baixas em católicos que em protestantes) e budistas, nessa ordem.
As taxas mais altas vêm de países “ateus”, que compunham o antigo bloco comunista: Lituânia, Letônia, Estônia, Rússia, Cuba e China. A religião aparece, portanto, como um mecanismo de “proteção” contra o comportamento suicida (todas as crenças religiosas condenam, em maior ou menor grau, o suicídio).
Combinada a outras influências, a religião pode ser também fator de estímulo para os “suicídios altruístas ou heroicos”, na definição de Durkheim. Cada membro do grupo está disposto a sacrificar a sua vida em prol das crenças. “Os casos mais recentes são os dos homens-bomba entre os palestinos e dos suicidas de 11 de setembro, relacionados a situações políticas muito específicas e à crença religiosa islâmica”, afirma Maria Cecília de Souza Minayo, doutora em Saúde Pública e professora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
Embora as mulheres sejam mais propícias a ter pensamentos suicidas que os homens, as taxas de suicídio masculino são mais elevadas. E os métodos que eles usam são mais definitivos e violentos, como uso de arma de fogo e enforcamento. Em média, ocorrem cerca de três suicídios masculinos para um feminino – com exceção de algumas regiões da Ásia, em especial na China, onde o número de mulheres que se matam supera o de homens e há mais casos no meio rural que nas cidades –, o que também contraria o padrão mundial.
Cada sociedade tem uma taxa mais ou menos constante de suicídios. No caso do Brasil, a média é de 4,5 suicídios por 100 mil habitantes nos últimos 20 anos (dados de 2000). Número relativamente baixo, se comparado à taxa da Finlândia, por exemplo, que é de 23,4 casos em 100 mil pessoas. As taxas brasileiras de suicídio se elevam conforme a idade dos indivíduos, até atingir sua máxima expressão na faixa de 70 anos ou mais, quando chegam a 7,3 suicídios em 100 mil habitantes. Dentro de um país, o Brasil ou outro, as taxas mais altas vêm da comunidade indígena e dos imigrantes, principalmente dos núcleos que perderam muito da sua identidade cultural. Segundo a OMS, há fatores que claramente aumentam a probabilidade de suicídio no grupo social. Taxas de suicídio são altas durante épocas de recessão econômica e de forte desemprego. Também se elevam em períodos de desintegração social e instabilidade política.
“A adolescência e a velhice são os dois momentos mais propícios tanto para a ideação e as tentativas de suicídio quanto para concretização do ato, por razões diferentes”, diz Cecília. Na velhice, os motivos com freqüência se devem à depressão, a sentimentos de rejeição e abandono e à dificuldade de aceitar certas enfermidades dolorosas e incapacitantes, como o câncer. “Na adolescência, os problemas de conflito familiar, de dificuldades de identificação, os sentimentos de perda ou de inferioridade, a baixa auto-estima, em casos específicos de personalidades com tendências depressivas e de isolamento, podem se associar e resultar em tentativas ou em atos de suicídio”, afirma ela.
O cansaço existencial e as crises constantes também alimentam o desejo de morrer.
“Eu não deveria existir”
Para o filósofo e escritor argelino Albert Camus (1913-1960) só há um problema filosófico verdadeiramente sério sobre o qual o homem deve refletir: o suicídio. Segundo ele, a questão fundamental da filosofia é responder se vale a pena ou não viver. “O homem vive num clima de absurdo e pouco pode esperar da história. Esses obstáculos colocam a existência como um problema. Novamente, a pergunta se impõe: viver vale a pena?”, diz o filósofo Franklin Leopoldo e Silva, da USP. “Na perspectiva de Camus, o suicídio está sempre no horizonte do indivíduo porque a pergunta sobre a validade da vida é permanente. Isso não significa que a morte é a única solução. A saída pode ser o enfrentamento lúcido, ainda que um tanto solitário, desse clima de absurdo.”
Uma reflexão filosófica mais profunda da contemporaneidade revela que a vida não é mais considerada um valor – pois, diante da moderna sociedade de consumo, perdeu gravemente o caráter sagrado – e, por isso, o suicídio também foi banalizado. Tornou-se alternativa descartável. “Já não representa mais um ato de contestação ou um ato exemplar nem parece resultado de uma dor psíquica insuportável, como foi no passado. O significado do suicídio também se perde nessa tendência ao não-pensamento que assola o mundo contemporâneo”, diz a filósofa Olgária Mattos, também da USP. A sociedade de consumo é falsamente hedonista: promete gratificação imediata e, ao mesmo tempo, frustra as próprias perspectivas que oferece. O suicídio seria também uma conseqüência dessa impulsividade: uma reação às promessas não cumpridas de felicidade e satisfação instantâneas e à decepção que daí decorre. “O suicídio, hoje, vem da dificuldade de entrar em contato consigo mesmo.”
O autoconhecimento dá trabalho, exige empenho e tolerância à frustração”, diz Olgária.
A pergunta fundamental de Camus continua a nos martelar. “O suicídio agride porque nos diz o tempo inteiro da nossa possibilidade de escolha. Porque, se o outro faz isso, eu também posso ter essa escolha. Porque eu terei de me haver com o meu próprio potencial suicida, ou com o meu próprio desejo de morte”, diz Ingrid Esslinger.
Levado às últimas conseqüências, o suicídio também pode parecer um ato de afronta a Deus. “Tirar a própria vida dá, ao indivíduo, a sensação de fazer algo que é divino e entrar em contato com o mistério”, afirma Denise Ramos. “O suicida passa da extrema impotência – não posso mudar nada – à extrema potência – acabo com a minha vida quando e como eu quero. Nesse momento, em sua fantasia, se iguala a Deus por provocar também um ato que vai além da natureza humana.”
Para o teólogo e filósofo Renold Blank, da Pontifícia Faculdade de Teologia de São Paulo, tal atitude de achar-se o único responsável pela própria vida ultrapassa os limites éticos. “Do ponto de vista ético, a vida de cada ser humano tem sentido não só para si mesmo mas para os outros também”, diz ele. “Por meio da minha vida, dou sentido à vida dos outros e, assim, a minha existência ganha significado. Se acabo com a minha vida, acabo com todas as possibilidades de dar sentido à vida de outras pessoas. Falho em minha responsabilidade com os demais.” As ações de cada indivíduo repercutem no grande sistema de relações sociais e ganham uma dimensão histórica – o que é feito hoje, mesmo em âmbito pessoal, tem sempre uma conseqüência futura. O suicídio funciona, então, como uma brusca ruptura dessa rede.
“O suicídio é um ato privado que não representa somente uma violência contra si mesmo mas também contra mais, pelo menos, seis pessoas. Elas são forçadas a conviver com os sentimentos de vingança, vergonha, culpa, sofrimento psicológico, medo de enlouquecer e de também cometer o suicídio”, afirma o suicidologista australiano Diego De Leo, diretor da Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP, na sigla em inglês), organização não-governamental que reúne profissionais e entidades envolvidas no estudo do comportamento suicida.
“Sei que voceis me perdoarão”
No núcleo familiar e comunitário, a melhor prevenção é falar sem temores sobre suicídio e saber identificar os pedidos de socorro das pessoas próximas. “Ninguém precisa dar uma solução para os problemas do outro, deve apenas aprender a ouvir. As pessoas encontram as soluções dentro de si quando conversam e refletem sobre seus conflitos e emoções”, diz Denise.
Apostando nessa fórmula, existe o serviço de prevenção ao suicídio do Centro de Valorização da Vida (CVV), uma entidade não-governamental de atendimento humanitário criada há 40 anos e presente em todo o Brasil. O CVV segue os moldes dos Samaritanos, de Londres, uma entidade fundada no início dos anos 1950 para atender pessoas angustiadas que precisavam de apoio psicológico. Todos os voluntários são treinados para ouvir seus interlocutores (por telefone, carta, e-mail ou pessoalmente) sem nenhum tipo de julgamento e respeitar sua decisão, mesmo que seja a de cometer o suicídio. “Respeitamos o sofrimento de quem nos telefona. Ele tem a liberdade de falar sobre o que quiser durante o tempo que for necessário”, conta Adriana, voluntária do Posto da Vila Carrão, em São Paulo, e assessora de comunicação do CVV. “Estamos disponíveis para ouvir o que cada um tem a dizer sobre seus medos, dificuldades e angústias e ajudar a revalorizar a própria vida.”
O serviço atende, em média, 1 milhão de ligações por ano. Isso revela a necessidade que as pessoas têm de falar sobre seus conflitos. Quando o assunto é suicídio, abrir-se pode ser terapêutico.
A experiência do CVV, dos Samaritanos e de outros programas semelhantes demonstra que o primeiro passo para evitar o suicídio está no resgate do sentido da existência. “O que motiva o suicida é a falsa ideia de que sua vida não tem mais valor nem para si mesmo nem para os outros”, diz Renold Blank. O verdadeiro desafio parece fazer com que as pessoas percebam que sempre existe saída, não importa a situação. Que há como se reinventar e trabalhar em si mesmo aspectos de que gosta menos. Que nossa vida é importante para os outros também. E que sempre há alternativa, mesmo que, a princípio, seja dolorida. Afinal, a única coisa para a qual não há remédio é a morte.
“Tive medo de ser o próximo”
“Era de manhã quando recebi o telefonema avisando que meu irmão tinha se suicidado. Enforcou-se. Levei um susto muito grande, foi um choque. No caminho até minha casa, senti vergonha por ser da família de um suicida. Tenho três tias velhinhas, que são de uma geração em que o suicídio era ainda mais estigmatizado – e disse a elas que devíamos contar para todos que o meu irmão havia se suicidado. Preferi não ocultar. O gesto dele me trouxe uma sensação dolorida de que também poderia acontecer comigo. Tive medo de ser o próximo. Fiquei muito assustado. Venho de um núcleo de morte – minha mãe morreu jovem, de câncer, quando eu era criança, e meu pai sofreu um infarto agudo há alguns anos. Não acredito que tenham sido mortes naturais, talvez eles quisessem mesmo morrer.
Me senti muito culpado, foi inevitável. Pensei que talvez pudesse ter feito alguma coisa. O suicídio é uma violência muito grande. Parece uma bomba, uma explosão. Era meu irmão mais velho. Acho que ele nunca desejou alguma coisa com empenho. Tudo, para ele, tanto fazia, qualquer coisa estava bem. Era uma situação crônica. Ele entrou em várias faculdades e não terminou de cursar nenhuma. Tentou vários empregos, mas saiu de todos eles. Foi casado, separou-se, tinha uma namorada. Aparentemente sua vida estava estruturada. E ele não era depressivo. Talvez não estivesse vendo perspectivas. As razões do suicídio são um mistério. Pensei muito em quais teriam sido os motivos. Só relaxei quando assumi que não podia entendê-los. No enterro, senti uma raiva muito, muito grande. Naquele instante, experimentei uma profunda sensação de abandono. Nunca tinha sentido isso antes. Meu irmão foi enterrado no mesmo túmulo onde já estavam os meus pais.
Fiquei sozinho. Tenho muita vontade de viver. Acho que é uma espécie de resistência – gosto de festas, brigo pela vida, vivo intensamente, tenho amigos, curto meu trabalho, sou afetivo… Sempre fui assim, mas o suicídio me fez ver de maneira mais consciente que a vida é uma só. Não sou nada religioso, mas acho que todos nascemos para ser felizes, para desfrutar.
Pensei muito nisso, logo depois do suicídio. Um dia, fiquei parado uns 15 minutos diante de uma avenida onde os carros vinham em alta velocidade e não havia faixa de pedestres. Era só um passo, tão fácil, e tudo se acabaria. Depois, ao visitar um novo apartamento, também contemplei a janela demoradamente… Num ato poderia resolver tudo, todos os meus problemas. Mas prefiro os meios mais difíceis. Não acredito em outra maneira.”
E.S., médico e professor universitário, 45 anos
Por Maria Fernanda Vomero

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Como construir um Biodigestor para produzir Gás de Cozinha

terça-feira, 28 de março de 2017

1º Batalhão de Infantaria de Guardas.





1º Batalhão de Infantaria de Guardas

      Em 10 de novembro de 1822, em solenidade propositadamente escolhida para o dia da apresentação de Nossa Senhora, realiza-se na Capela Imperial a cerimônia de entrega da primeira Bandeira Nacional ao Batalhão. O Bispo Capelão Dom JOSÉ CAETANO DA SILVA COUTINHO, numa nuvem de incenso, dá início a cerimônia. O Imperador, ajoelhado diante do altar, recebe a primeira Bandeira Imperial das mãos do Bispo, que lança sobre ela a sua bênção. Em seguida, D. PEDRO I passa-a ao Ministro da Guerra, o qual pôr sua vez a entrega ao jovem Tenente LUIZ ALVES DE LIMA E SILVA, futuro DUQUE DE CAXIAS, que assim torna-se o Primeiro Porta-Bandeira da Unidade.

       Assim com a denominação de honra de "Batalhão do Imperador", pelo Decreto de 18 de Janeiro de 1823, é criada, na Cidade do Rio de Janeiro, essa Tropa de Elite, organizada com estrutura semelhante à de um Batalhão de Caçadores. Forma-se então a Guarda Pessoal do Imperador.
A criação da Unidade obedece a um processo curioso, pois o próprio Imperador D. PEDRO I, em outubro de 1822, manda reunir no Campo de Santana todas as tropas da guarnição e escolhe, homem a homem, oitocentos militares, que logo passam a integrar o Batalhão do Imperador.
Seu primeiro Comandante é o Barão de Magé, Coronel JOSÉ JOAQUIM DE LIMA E SILVA, irmão do Marechal de Campo FRANCISCO DE LIMA E SILVA, pai do futuro DUQUE DE CAXIAS.

      Agora com o seu comandante recém-nomeado e conduzindo a Bandeira Nacional do Império, parte o Batalhão para incorporar-se às forças do general LABATUT, que na Bahia lutam pela Independência do Império. A 02 de julho de 1823, o Exército Pacificador, tendo à frente o Batalhão do Imperador, sitia a capital da Bahia e ocupa as fortalezas e demais estabelecimentos públicos que haviam sido abandonados pelas tropas do General MADEIRA DE MELO. Ali permanece em operações até 16 de novembro de 1823, quando retorna ao Rio de Janeiro.

     Chegando notícias à Corte que o Exército sofre reveses no sul do Brasil, Sua Majestade Imperial faz embarcar sua Tropa de Elite para MONTEVIDÉU, a fim de reforçar a guarnição daquela praça e colônia. O Batalhão, agora comandado pelo Tenente-Coronel MANOEL DA FONSECA LIMA E SILVA, participa da Guerra da Cisplatina e destaca- se dentre as unidades em combate.
Após o encerramento da campanha, o Batalhão do Imperador retorna à Corte, mais uma vez coberto de glórias.

      No início de 1831, cresce a insatisfação popular contra o regime político de Sua Majestade Imperial, que se mantém no poder apenas com a proteção de suas tropas. A 07 de abril, a manifestação popular no Campo de Santana é grande e insustentável, sendo que as tropas começam a se confraternizar com o povo, exigindo mudanças no Ministério. O Batalhão, numa manifestação de pura lealdade ao seu criador, retira-se do Campo de Santana e se separa do resto das Tropas Brasileiras contaminadas pelo espírito anárquico e posta-se em São Cristóvão, à disposição do Imperador.
Para evitar o sacrifício de sua guarda pessoal, D. PEDRO I manda que o Batalhão do Imperador se reúna a seus companheiros no Campo de Santana e, logo em seguida, abdica ao trono em favor de seu filho PEDRO, que contava com apenas 5 anos de idade, e regressa à Europa.
     Com a abdicação de D. PEDRO I, começa a reorganização das tropas de primeira linha do Império, através do Decreto de 04 de maio de 1831, e por não constar dele, o Batalhão do Imperador é extinto.

     Em 1933, com o mesmo espírito que norteou D. PEDRO I, é criado o BATALHÃO DE GUARDAS (BG), pelo Exmo Sr. Presidente da República, com os mesmos propósitos do passado, oficializando-o assim como legítimo herdeiro das tradições do Batalhão do Imperador. Da mesma forma que seu antecessor, o BG constituiu-se como uma Unidade de Elite, integrada por pessoal selecionado e de inteira confiança do Presidente da República. Nos seus anos de existência, o BG teve atuação destacada na defesa das instituições e dos ideais democráticos. Como principal galardão, ostenta a participação decisiva na destruição do foco comunista da PRAIA VERMELHA, em 27 de novembro de 1935.

     Com a mudança da capital para Brasília, em 1960, o Batalhão de Guardas encaminha para aquela cidade um núcleo para a formação do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP) e continua, já com a denominação de 1º Batalhão de Guardas, a manter suas missões junto ao então I Exército.
Hoje, o 1º Batalhão de Guardas, ainda sediado na região do antigo Paço do Imperador e diretamente subordinado ao Comando Militar do Leste, é a unidade encarregada de prestar honras às autoridades civis e militares, além de guardar e zelar pela manutenção do patrimônio em área da administração federal, destacando-se o Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste e o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial.

     Concomitantemente, constitui-se na Tropa de Pronto Emprego de seu comando imediato, atuando na área de defesa interna, estando dentre suas missões realizar Operações de Garantia da Lei e da Ordem e a Defesa de Pontos Sensíveis. Dos exemplos legados por seus antepassados, nos principais momentos que marcaram nossa história, ecoa a responsabilidade de seus atuais integrantes para com aqueles que deram suas vidas em defesa da Pátria, fiel ao seu lema: A Guarda Morre, mas não se Rende!

Emblema Antigo e do 1º Batalhão de Infantaria de Guardas:






AR1BG - Associação de Reservistas do Primeiro Batalhão de Guardas: O Batalhão: 1º Batalhão de Infantaria de Guardas       Em 10 de novembro de 1822, em solenidade propositadamente escolhida para o dia da apresenta...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Administrador Regional Rocinha RJ - Rommel Cardozo.

MUDANÇA NAS NOMEAÇÕES PARA CARGOS

Também nesta terça-feira, Crivella voltou atrás nas indicações originais de administradores regionais de Santa Teresa e Jacarezinho.




E para a região administrativa da Rocinha, ele nomeou o ex-candidato a vereador Rommel Cardoso (PTB). Comerciante, ele é um dos donos de um bar tradicional na Barra.
Resultado de imagem para Rommel Cardozo


Na Tijuca, o escolhido para a administração regional ė Nelson Aguiar, que já ocupou o cargo no passado. Na Maré, a administração regional ficou com Nilo Pereira de Albuquerque, que disputou cargos eleitorais em 2012 e 2014 com o nome Nilo da Maré.


http://oglobo.globo.com/rio/crivella-muda-novamente-logomarca-da-prefeitura-20784701

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Nootrópicos: o que eles são e o que eles não são.


Usei meu cérebro como cobaia para 7 nootrópicos






"O ser humano não vai esperar calmamente por milhões de anos até que a evolução o ofereça um cérebro melhor". Essa citação foi feita pelo químico romeno Corneliu Giurgea, que criou em 1964 o piracetam - o primeiro medicamento nootrópico sintético.






Até há pouco mais de um ano, eu também não sabia o que eram nootrópicos. Hoje, já não vivo sem eles. Essa palavra é desmembrada em outras duas: "noos" é mente, em grego e "trópico" vem de "trépein", que também em grego significa algo como atração por.






Os nootrópicos são, então, drogas (e aqui considero desde medicamentos sintéticos a extratos vegetais) que tem afinidade pelo cérebro. Só que mais que isso: para uma droga ser nootrópica, ela deve seguir alguns critérios.






Segundo o doutor Giurgea, o nootrópico deve melhorar a memória e o aprendizado, mas sem ter efeitos colaterais significativos ou causar dependência. Isso significa que as smart drugs como Ritalina, Venvanse e Stavigile ficam de fora da lista dos nootrópicos.



Os nootrópicos podem me deixar mais inteligente?







Parece bom demais para ser verdade? Não é irônico demais pensar que, usando a inteligência que a própria evolução nos deu, podemos ficar ainda mais inteligentes (e, com isso, driblar nossas limitações biológicas)? Será mesmo que os nootrópicos nos oferecem um "cérebro melhor", como dizia o químico que inventou o piracetam?



Frente a ambientes acadêmicos cada vez mais competitivos - com vestibulares e concursos - além de jornadas de trabalho extenuantes, o uso de nootrópicos vem se popularizando. Ainda assim, há pouca informação a respeito deles na Internet, em português.






Eu tenho uma vasta experiência com muitas substâncias nootrópicas (as mais acessíveis no Brasil, pelo menos). Por isso, decidi dividir o que senti com cada uma delas. Eu conto essas experiências em muitos detalhes no meu livro "Turbine Seu Cérebro" (clique aqui para conferir mais).

Nesse livro, além das experiências, eu também discuto o que a ciência fala sobre 16 drogas nootrópicas - como elas funcionam e quais parâmetros intelectuais (memória, concentração, raciocínio...) elas melhoram.






Não posso deixar de lembrar que minhas experiências não devem ser parâmetro algum quanto a eficácia e tolerância dos nootrópicos. Cada pessoa poderá experimentar resultados diferentes - e o uso dos nootrópicos deve ser orientado por um médico.

São medicamentos com suas devidas contraindicações e efeitos colaterais. O artigo tem fins de informação e entretenimento. Sua saúde é muito importante: apenas utilize medicamentos com a prescrição e acompanhamento médico.






1. Piracetam (Nootropil) + colina (lecitina de soja)






O piracetam é capaz de aumentar
a memória, segundo alguns estudos



Esse é uma das combinações mais famosas no mundo dos nootrópicos. O piracetam é o princípio ativo do remédio Nootropil, um tarja vermelha por vezes indicado para o mal de Alzheimer e para "melhorar as capacidades de cognitivas de idosos em declínio intelectual".






Mas como será que o piracetam age num cérebro que está funcionando normalmente? Além de recuperar os cérebro doentes, será que o piracetam pode melhorar os saudáveis? A minha experiência me faz acreditar que sim.






Foi através de tentativa e erro que eu cheguei na dosagem ideal para mim: uma dose de 1,6g de piracetam, duas ou três vezes ao dia, cada dose acompanhando 1200mg de lecitina de soja. Foi assim que passei a experimentar apenas efeitos positivos, mas alguns benefícios só vieram com o tempo.






Além da capacidade visual mais aguçada (as cores pareciam mais vivas), eu percebi que tinha mais facilidade para me expressar. Conversar com outras pessoas se tornou mais agradável - o que pode ser bastante útil para quem tem dificuldade em socializar. Nas redações, foi algo bem perceptível: as palavras pareciam fluir da minha mente direto para a folha de papel e eu conseguia articular melhor as minhas frases.






Alguns benefícios do piracetam parecem ser cumulativos. Foi só com algum tempo que notei que a minha memória parecia melhor. Não percebi grande diferença, talvez porque eu nunca tenha tido problemas com memorização. Ainda assim, não posso dizer que minha capacidade de memorização não melhorou ainda mais, mesmo que sutilmente.






Nunca fiz uso contínuo do piracetam - creio que seja mais vantajoso "ciclá-lo" (utilizar o medicamento de tempos em tempos, em vez de continuamente).

Aqui está a minha experiência completa com o Piracetam.






2. Cafeína + l-teanina






A l-teanina é capaz de aumentar a frequência das ondas alfa no cérebro, o que induz um estado de relaxamento e de atenção







Outra combinação bastante feijão-com-arroz no mundo dos nootrópicos é a de cafeína com l-teanina. Com a ajuda de uma dose de cafeína em torno dos 150 mg, eu consigo eliminar minha fadiga mental e ler páginas e páginas de livros didáticos sem perder o interesse.






O problema da cafeína, porém, é que ela pode me tornar estimulado demais, com efeitos como mãos trêmulas, ansiedade, aumento dos batimentos cardíacos. Em vez de me ajudar a estudar, isso tira o meu foco.






E é aí que entra a l-teanina, um aminoácido encontrado naturalmente no chá verde. Ao usar a l-teanina em doses maiores, como 200mg, ocorre um efeito muito interessante: ela é capaz de "relaxar a mente", me deixar mais calmo, mas sem induzir a sonolência. Pelo contrário: a l-teanina me ajuda a concentrar. Isso pode ser porque a l-teanina estimula um aumento da frequência das ondas alfa no cérebro.






Ocorre que a cafeína e a l-teanina tem grande sinergia - isto é, elas fazem um verdadeiro "trabalho em equipe", produzindo um efeito melhor do que se fossem tomadas isoladamente.






Certa vez, manipulei 200mg de l-teanina com 100mg de cafeína por cápsula. Tive um resultado imediato na hora em que fui estudar. Eu estava atento e interessado, mas era um foco calmo. Cheguei até a comparar esse efeito ao que eu sentia com o Stavigile (só que numa intensidade menor e num tempo de efeito menor ainda).






Apesar da combinação de l-teanina e cafeína ser incrível, eu senti necessidade de aumentar cada vez mais as doses para obter os mesmos efeitos de antes. Provavelmente, fui criando tolerância à cafeína. Passei, então, a usar essa combinação esporadicamente, em vez de usá-la todos os dias. Com isso, não precisei mais aumentar as doses.






3. Sulbutiamina (Arcalion)






A sulbutiamina diminui a fadiga e é capaz de melhorar
a memória



Esse foi um dos melhores nootrópicos que eu já usei. A sulbutiamina é usada para tratar fadiga, mas estudos científicos já mostram que ela também pode aumentar a memória.






A sulbutiamina é uma vitamina B1 vestindo terno e gravata. Explico: enquanto a tiamina ou vitamina B1 (que é fundamental para o bom funcionamento do sistema nervoso) é hidrossolúvel, a sulbutiamina é lipossolúvel. Essa característica faz com que a sulbutiamina consiga chegar ao cérebro com maior facilidade.






Tomar sulbutiamina me trouxe um resultado imediato nos níveis de energia e na capacidade de manter a concentração. Quando eu usava o medicamento, a minha motivação ia a mil, o que era muito bom para os momentos de desânimo. A sulbutiamina aniquilava os sintomas da privação de sono e ainda melhorava o meu humor consideravelmente.






Percebi que usar o Arcalion todos os dias causava tolerância aos efeitos estimulantes e, por isso, eu fazia o uso do remédo apenas quando necessário. Eu ingeria Arcalion em doses de 600 a 800 mg nas vezes em que eu me sentia muito fadigado e sonolento. Eu não notava muitos efeitos com as doses de 200 mg.






Infelizmente, em março deste ano, a companhia farmacêutica Servier suspendeu a produção e a comercialização do Arcalion. O desabastecimento é "temporário", mas, ao ligar para o SAC da Servier, eles dizem que ainda não há previsão para o retorno.






Ainda assim, é possível manipular a sulbutiamina - o que exige uma receita médica e um valor cerca de duas vezes maior do que aquele desembolsado na compra do Arcalion.










Foto: Tanara Hormain



4. Rhodiola Rosea (Fisioton)


O Fisioton é um extrato vegetal capaz de balancear os níveis de neurotransmissores no cerebral. Esta é uma boa opção para combater a fadiga: ao usar o Fisioton, eu sempre sinto uma disposição maior.






Mas não se trata de uma opção barata e ela ainda pode te desapontar. Digo isso porque os efeitos não são dramáticos ou tão notáveis quanto os oferecidos pelos nootrópicos acima. Ao menos comigo, o aumento da disposição sempre foi muito sutil.






Só que eu não costuma usar a Rhodiola Rosea a fim de ficar mais alerta. Eu faço uso porque percebi que ela tem excelentes efeitos na memória - e que eles são cumulativos. Ao usar Rhodiola Rosea por cerca de um mês (um comprimido por dia ao acordar), eu percebi que tinha melhorado a minha capacidade de reter a matéria estudada.















5. Mesilato de codergocrina (Hydergine)






O Hydergine é indicado para atenuar
o declínio intelectual que acomete
idosos



Trata-se de um medicamento comumente indicado para tratar sintomas de deterioração mental associados ao envelhecimento, assim como o piracetam. Inclusive, alguns estudos sugerem que combinar piracetam com Hydergine seja bastante sinérgico (isto é, um medicamento potencializaria o efeito do outro). Há até mesmo um remédio chamado Isketam que combina, em seus princípios ativos, o mesilato de codergocrina e o piracetam.






Eu já ouvi maravilhas a respeito do Hydergine, mas, sinceramente, eu nunca tive efeitos consistentes com ele. Certa vez, usei em combinação com cafeína - e isso me estimulou demais. Meu ritmo cardíaco aumentou muito, ao ponto de me deixar preocupado. Já em outras vezes, o Hydergine fez o oposto: me deixou muito sonolento e letárgico.






O único efeito consistente que eu noto é que as minhas veias parecem saltar com o Hydergine - ocorre uma vasodilatação anormal. Com base nos estudos científicos, eu acredito que a terapia com o Hydergine seja capaz de melhorar, sim, a memória e as capacidades cognitivas a longo prazo. No entanto, eu não usaria novamente o Hydergine por causa do seu preço e dos seus efeitos imediatos imprevisíveis.






6. Vimpocetina (Vicog) x Ginkgo Biloba






O Ginkgo Biloba é um vasodilator. Estudos mostram que o extrato vegetal possui também benefícios neuroprotetores.







Além de melhorar o fluxo sanguíneo em direção ao cérebro, a vimpocetina é capaz de aumentar a dopamina e a noradrenalina (o que levaria ao aumento da atenção e da motivação). A bula também diz que ela é capaz de aumentar a memória.






Porém, não tive bons resultados quando usei a vimpocetina. Um único comprimido tem 5 mg - o que não me faz sentir efeito algum. Doses muito mais altas, porém, como 20 mg me deixaram com dor de cabeça, ansiedade e irritação.






Considero o Ginkgo Biloba um vasodilatador muito mais eficiente para quem busca aumentar a cognição (e, a longo prazo, a memória). Com o Ginkgo, eu sinto uma melhora imediata na capacidade de concentração e experimento maior clareza mental. Além disso, nunca tive os mesmos efeitos adversos, como irritação, que eu tive com o Vicog.






7. 5-HTP






O 5-HTP é divulgado como alternativa natural para "um
humor calmo e relaxado".



Um aspecto que não pode ser negligenciado quando se quer aumentar as capacidades cerebrais é o sono. Dormir é fundamental para consolidar a formação de memórias e recuperar o cérebro. E nada é pior para a concentração e o humor do dia seguinte do que uma noite de sono ruim.






Nas vezes em que acordo sem me sentir revigorado, já sei que o meu dia não será tão produtivo. O que me ajudou a já acordar bem disposto foi o suplemento 5-HTP (5 hidroxi-triptofano). Trata-se de um precursor do neurotransmissor serotonina (por vezes chamado de neurotransmissor da felicidade e do bom humor).






Usei doses de até 500 mg de 5-HTP (muito altas) antes de dormir. Isso me ajudou a pegar no sono com maior facilidade. Também reduziu o número de vezes que eu acordava durante a noite. E o melhor de tudo: o 5-HTP me fez acordar com mais disposição - como se eu realmente tivesse descansado mais durante a noite.

Ocorre que o 5-HTP não funciona bem para todos. Ele é mais indicado para indivíduos com serotonina baixa e dopamina muito alta. Assim, ele corrige essa balança.







Os outros fatores








O uso dos nootrópicos é só uma parte da equação. A prática de exercícios físicos, uma alimentação que supra todas as necessidades do seu corpo e noites de sono adequadas são essenciais para o aumento da memória, da concentração, do humor e dos níveis de energia.






Comprar todos os nootrópicos expostos nessa lista e tomar todos de uma só vez provavelmente não lhe trará o efeito desejado, e irá ser difícil determinar o que exatamente está melhorando suas capacidade cerebral.

Saiba mais!









Se você busca informações mais precisas sobre os diferentes nootrópicos, como combiná-los e sobre os nutrientes necessários para você atingir sua capacidade cognitiva máxima, consulte o meu e-book. O "Turbine Seu Cérebro" (clique aqui para conferir) é um guia que fala tanto da nutrição para o cérebro, quanto de 16 nootrópicos e seus benefícios.

Comece devagar - o acompanhamento médico é fundamental. Busque um médico que tenha bom conhecimento sobre o tema, que é relativamente novo, e compartilhe da mesma filosofia que você. Ele irá te orientar e indicar o que for melhor para você aumentar sua qualidade cognitiva e saúde mental.






http://www.cerebroturbinado.com/2015/07/usei-meu-cerebro-como-cobaia-para-7.html

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Perseguição e morte na Piranema em Seropédica 7 11 2016 Ocorrência Policial


Casal assaltou motorista de táxi e em perseguição pela PM bate contra uma árvore e mureta no Município de Seropédica RJ (Baixada Fluminense ) vindo a óbito a mulher, o marido foi socorrido ainda com vida; segundo relato do policial, o veículo não possui seguro e para o desespero do proprietário que no local chorava diante de seu drama.