"O fim do Direito é a paz; o meio de atingi-lo, a luta. O Direito não é uma simples idéia, é força viva. Por isso a justiça sustenta, em uma das mãos, a balança, com que pesa o Direito, enquanto na outra segura a espada, por meio da qual se defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a impotência do Direito. Uma completa a outra. O verdadeiro Estado de Direito só pode existir quando a justiça bradir a espada com a mesma habilidade com que manipula a balança."

-- Rudolf Von Ihering

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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Entrevista exclusiva com o cacique Puraké, finalmente libertado no Pará - ouça no link no final da postagem.

Da Redação
O cacique já solto (blusa azul, ao centro), acompanhadado de ativistas e representantes da tribo
O cacique já solto (blusa azul, ao centro), acompanhadado de ativistas e representantes da tribo




















Foram 35 dias de suplício para o chefe do povo Assurini. Suplício pela prisão, que a Funai considerou absurda e a Fundação Villas-Bôas apontou como suspeita, pelas semanas de preocupação com sua tribo ameaçada por madeireiros e posseiros, e por todo o sofrimento que ele viveu no presídio de Marituba, onde dividiu uma cela com presos comuns. 

Segundo Puraké, que entrou em depressão na cadeia e parou de comer, foram dias seguidos em pé, na cela superlotada. O cacique foi solto mas o caso não acabou: ele foi autorizado a ficar na aldeia porque tem 70 anos e está doente, mas continua sujeito a várias restrições. Leia a reportagem e ouça a entrevista exclusiva:


O presídio onde o cacique e seu filho passaram mais de um mês
O presídio onde o cacique e seu filho passaram mais de um mês  

























O cacique foi solto no início da noite de quinta-feira, após a Justiça aceitar o pedido de reconsideração do caso feito pela procuradora Larissa Suassuna, da Advocacia Geral da União. A procuradora já havia entrado com um pedido de habeas corpus logo após a prisão de Puraké e um de seus filhos, conhecido como Oliveira, mas esse primeiro pedido foi rejeitado. Somente agora, mais de três semanas depois, o caso foi reavaliado judicialmente. 

Embora o caso não esteja solucionado, o cacique disse na entrevista que vai realizar uma festa na aldeia nesta sexta-feira, para comemorar a libertação, após mais de um mês de muito sofrimento.

- Foi muito ruim. Muito mesmo. A gente não tem culpa, nem entendeu por que foi preso. Foram muitos dias em pé naquela prisão.

O filho de Puraké, Oliveira, foi transferido de Marituba para uma unidade prisional da Funai, perto da aldeia, onde continuará preso em regime semi-aberto.


Nas últimas semanas, assurinis bloquearam a BR-422 seguidas vezes
Nas últimas semanas, assurinis bloquearam a BR-422 seguidas vezes  















Os dois índios foram presos por agentes da Polícia Federal no dia 1º de julho. Uma denúncia anônima feita os acusou de envolvimento com a retirada ilegal de madeira da reserva de Trocará, onde vive a tribo, perto de Tucuruí.

Conexão Jornalismo publicou a primeira reportagem sobre o caso no dia 24 de julho, após a professora e ativista Marcia Wayna Kambeba, que faz parte do povo Assurini, fazer contato com o site, com um pedido de socorro. A mídia paraense só foi se interessar pelo caso dias depois, após índios bloquearem uma rodovia federal que cruza o Pará e representantes da sociedade civil procurarem a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Belém.

Leia as reportagens anteriores que publicamos:




Desde o início dos protestos, ativistas chamaram a atenção para dois pontos importantes: 






















1) foram os próprios assurinis que denunciaram à polícia, ao longo de 2014, a presença de quadrilhas de madeireiros na reserva, mas nenhum criminoso "branco" foi indiciado, toda a culpa recaiu sobre os dois índios; e 2) foi decretada a prisão preventiva do cacique e de seu filho sem que houvesse nenhuma prova efetiva contra eles, duas pessoas claramente pacíficas, que não representam qualquer ameaça para quem quer que fosse.

No decorrer da campanha pela libertação de Puraké, a Fundação Villas-Bôas lançou dúvidas sobre a lisura do processo que culminou no pedido de prisão para os índios. 

A suspeita é de que tenha havido fraude para livrar madeireiros. Grupos de posseiros e caçadores também teriam interesse no enfraquecimento do poder da aldeia, para que a vigilância da reserva se torne mais vulnerável.




















Agora, após a libertação, começará uma outra batalha: provar a inocência dos dois. Além da procuradoria da Funai, a procuradoria da União também entrou no caso. Ouça a entrevista do cacique, em que também ouvimos a ativista Marcia Wayna Kambeba:


http://www.conexaojornalismo.com.br/noticias/entrevista-exclusiva-com-o-cacique-purake,-finalmente-libertado-no-para-ouca-1-40119

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