POLÍCIA MILITAR PEDE POR SEU FILHO.
Luta por dignidade: PM ferido depende de vaquinha para ter cadeira de rodas
O PM Fávaro quando ainda estava em atividade: elogios Foto: pablo jacob
Herculano Barreto Filho
O soldado Alexsandro Fávaro, de 31 anos, era tido como policial exemplar. Um apaixonado no combate ao crime, como os colegas de farda costumam dizer. Há três meses, o combate mudou de terreno. Atingido no pescoço num tiroteio entre policiais da UPP Fallet/Fogueteiro e traficantes no Morro do Fogueteiro, no Rio Comprido, ele faz sessões de fisioterapia no Hospital da Polícia Militar (HPM) para recuperar os movimentos dos membros. E conta com a luta de outros policiais militares.
Como o major Hélio, que lançou uma campanha no site cfappmerj.org para pedir colaborações de R$ 1, que ajudem na aquisição de uma cadeira de rodas de R$ 2.500, específica para tetraplégicos. “A esposa continua assistindo e apoiando o marido e está impossibilitada de trabalhar, pois o caso dele ainda inspira cuidados”, diz um dos trechos do texto. Segundo o comunicado, a PM não possui a cadeira de rodas e a aquisição pode levar até seis meses. O problema é que o soldado Fávaro terá alta em breve.
O major Hélio não é o único que busca mobilização para ajudar no caso. De acordo com o capitão Felipe Magalhães, comandante da UPP Fallet/Fogueteiro, o grupo de policiais que se formou com Fávaro também faz contribuições para ajudá-lo. Amigo do soldado, o capitão foi instrutor no seu curso de formação. E comandante no período em que Fávaro atuou na UPP.
— Ele era um excelente policial. Adorado por todos, porque era um profissional que sabia a hora de combater, mas também sabia o momento certo para prestar serviço aos moradores.
Na corporação há apenas três anos, Fávaro colecionava prisões e apreensões num caderno recheado por recortes de ocorrências e reportagens policiais. Em março de 2009, quando trabalhava no 12 BPM, em Niterói, e ainda não estava habilitado para usar arma, recebeu um certificado de honra ao mérito por ter “se destacado no combate à criminalidade” por prender um suspeito só com o cassetete.
Outro drama
Em novembro do ano passado, o sargento Heliomar Ribeiro dos Santos Silva, de 36 anos, viu a morte de perto no cruzamento da Avenida dos Democráticos com a Dom Hélder Câmara, no Jacarezinho. Ele estava numa carro do 22 BPM (Maré) quando cruzou por um bonde de 20 homens, com fuzis em carros e motos. O veículo foi fuzilado e o soldado caiu no chão, baleado. Só saiu de lá com vida porque foi tirado do asfalto por um taxista, que o socorreu no momento em que um ônibus parou na sua frente, impedindo o acesso dos bandidos.
Um ano depois, Heliomar ainda luta para se recuperar das sequelas provocadas pelos tiros, que acertaram a sua nuca, de raspão, o braço e o pé esquerdos. Três vezes por semana, faz fisioterapia para recuperar os movimentos do braço. Perdeu o dedão e caminha com dificuldades, já que não encosta a sola do pé no chão, porque um nervo foi atingido.
A situação financeira da família também não é das melhores, já que Heliomar fazia “bicos” para completar a renda familiar quando estava na ativa. Como não pode dirigir, vendeu o carro, um Fiat Uno antigo.
Morador de Itaboraí, ele desistiu das sessões de fisioterapia mantidas pela PM, em Olaria, no Rio, porque não teria como pagar o deslocamento semanal. Optou pelo tratamento num hospital público, perto de casa. Apesar das dificuldades, ainda acredita que um dia poderá voltar a vestir a farda da Polícia Militar.
— Ele não se conforma, porque estava acostumado a estar na ativa — conta a mulher, a dona de casa Cristiane Santos Silva, de 37 anos.
Mas nada causa revolta em Cristiane. Porque o marido vai poder ver a filha, de 3 anos e 9 meses, crescer. E, de tempos em tempos, ela telefona para o taxista que salvou o seu marido.
— Ligo pra agradecer. Depois de Deus, ele é o meu anjo da guarda, porque salvou o meu marido. Vou agradecer pelo resto da minha vida.
Mulher de soldado ferido no Morro do Fogueteiro está ‘morando’ no CTI para cuidar do marido
Herculano Barreto Filho
Há duas semanas, o CTI do Hospital Central da Polícia Militar (HCPM) virou a segunda casa da família do soldado Alexsandro Fávaro Rocha Coutinho, de 31 anos. Baleado no pescoço na tarde de 10 de setembro, no Morro do Fogueteiro, Rio Comprido, o policial da UPP pode ficar tetraplégico. Ele conta com o apoio da mulher e dos pais, que passam os dias no hospital.
Fávaro também foi atingido no peito, mas usava colete. O ferimento na traqueia ainda o impede de falar, mas o policial consegue se expressar pelo movimento dos lábios.
— Ele está lúcido e fica impaciente quando alguém não entende. Não está revoltado, porque estava fazendo o que gosta de fazer. Acredito na recuperação dele — comenta a mulher, uma técnica em enfermagem de 29 anos, que "mora" no hospital desde o acidente.
Além dos familiares, o soldado Fávaro conta com a solidariedade de colegas.
Na semana passada, a visita de um PM fardado, com 1,90 m, chamou a atenção no corredor do CTI. Com os olhos arregalados, retirou a boina, inclinou a cabeça e perguntou:
— Posso visitar o soldado Fávaro?
Com a autorização da família, o PM entrou no CTI. Saiu de lá desorientado. Depois, escorou a cabeça na parede e foi consolado por outro policial.
Na corporação há três anos, Fávaro era apaixonado pelo combate ao crime. Tinha polícia no sangue, como os colegas dizem. Em março de 2009, quando trabalhava no 12º BPM, em Niterói, e ainda não estava habilitado para usar arma, recebeu um certificado de honra ao mérito por ter "se destacado no combate à criminalidade" por prender um suspeito apenas com o cassetete.
24 de Maio de 2009
ASSISTA AO VÍDEO: http://extra2.globo.com/geral/casodepolicia/video/2009/12334/
Há dois meses o terceiro sargento da PM Paulo Roberto Gomes de Oliveira, de 44 anos, tem nova residência fixa. É num pequeno pedaço de calçada na rua do mercado de peixe, em São Gonçalo, que ele, na companhia de outros três moradores de rua, dorme e amanhece. Seu companheiro hoje é um filhote de gato que ele batizou de "Meu amigo". Na nova vida como morador de rua, o PM, oficialmente lotado no 12º BPM (Niterói) se alimenta com restos de sopas, biscoitos e coisas doadas por igrejas e comerciantes.
As roupas que ele usa também são frutos de presentes.O drama do PM começou há três anos. Ao descobrir que era portador do vírus HIV, Paulo Roberto se internou no Hospital Central da Polícia militar (HCPM), onde acabou se licenciando. Com dívidas acumuladas em função de vários empréstimos que teve que fazer, o sargento acabou mergulhado no ostracismo, abandono e foi viver na rua.Desde que soube era soropositivo, o policial vem tentando sua reforma na corporação. Sem sucesso.
Em nota oficial o setor de Relações Públicas da PM diz que já foi oferecido alojamento para o sargento no batalhão onde é lotado, mas ele teria recusado. A nota diz ainda que, quanto à reforma, ele "Não foi reformado pois a soropositividade não acarreta reforma automática. É necessário que sejam preenchidos critérios que dependem da evolução ou não da doença".
Como você vê a situação desse sargento? Ele está certo ou errado? Qual a atitude que a Polícia Militar deveria adotar?Caso de Polícia