Para criar inimigos não é necessário declarar guerra, basta dizer o que pensa – Martin Luther King
"O fim do Direito é a paz; o meio de atingi-lo, a luta. O Direito não é uma simples idéia, é força viva. Por isso a justiça sustenta, em uma das mãos, a balança, com que pesa o Direito, enquanto na outra segura a espada, por meio da qual se defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a impotência do Direito. Uma completa a outra. O verdadeiro Estado de Direito só pode existir quando a justiça bradir a espada com a mesma habilidade com que manipula a balança."
Written By Prentice vip on sábado, 28 de setembro de 2013 | sábado, setembro 28, 2013
Bandidos armados de fuzil e circulando de motocicletas estão intimidando moradores de bairros que ficam às margens da Avenida Abílio Augusto Távora (antiga Estrada de Madureira), em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Há alguns meses, conforme a Vip Brasil mostrou, eles proibiam até a entrada de entregadores de pizza, mas, agora, a nova ordem deles é obrigar pedestres a não falar ao celular próximo de pontos de bocas de fumo. O toque
Barricada foi colocada na Rua Virginio Tinoco, no Jardim Nova Era
Barricadas de concreto, trilhos de trem e troncos de árvores foram colocados em ruas dos bairros Jardim Nova Era, Jardim Pernambuco, Grão Pará, Danon, Jardim Paraíso, Parque das Palmeiras e Dom Bosco. Na Nova Era, moradores se sentem acuados com um grupo de traficantes que se intitula ‘Bonde dos Cria’. Segundo eles, a quadrilha é composta por criminosos nascidos e criados na região.
“Se der uma volta pelas ruas do bairro, é possível ver boa parte delas com barricadas de concreto. Os traficantes fecham as vias e, como algumas são escuras, quem não conhece o local pode bater com o carro. Esse grupo ‘toca’ o terror”, disse morador, que pediu anonimato.
Taxistas evitam transportar passageiros para a área. Eles explicam que entrar nessas localidades com o vidro fechado e com o farol alto é muito perigoso, já que os bandidos querem ter o controle de quem entra e sai da comunidade. “Moradores ficam revoltados quando negamos viagem para esses bairros, mas não podemos arriscar”, conta o taxista Leo Aguiar.
O comandante do 20º BPM (Nova Iguaçu), tenente-coronel Almyr Cabral, vai mandar retirar as barricadas. “É preciso um planejamento cuidadoso para não pôr em risco os moradores”, informou o oficial.
‘O hospital da Posse não tem medicamento, roupa de cama. O carnê do IPTU ainda não foi impresso e a matrícula na rede pública nem começou’, conta o prefeito sobre o caos em Nova Iguaçu
A dívida da Prefeitura de Nova Iguaçu ultrapassa R$ 1 bilhão. O levantamento foi feito pela Comissão de Transição da nova gestão e divulgado na manhã desta sexta-feira. A maior dívida é do Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de Nova Iguaçu (Previni): R$ 544 milhões; seguida pelo Hospital da Posse, com uma dívida de R$ 126 milhões que inclui fornecedores, prestadores deserviços, alimentação, lavanderia, entre outros.
A prefeitura deve também R$ 31 milhões à Empresa de Limpeza Urbana (Emlurb), ao CTR, merendas, aluguéis, contas de telefone, clínicas conveniadas e outros.
A ex-prefeita de Nova Iguaçu Sheila Gama (PDT) rebateu a acusação do prefeito Nelson Bornier (PMDB) sobre a dívida que herdou de sua antecessora, de mais de R$ 1 bilhão no município. Apesar de não informar o total do débito da cidade da Baixada, ela garantiu que deixou em caixa um total de R$ 156.377.580 em seis bancos, contrariando a afirmação de Bornier de que não havia nada em caixa. Sheila disse ainda que a dívida deixada referente ao seu governo "é menor do que o dinheiro que ficou em caixa".
Ontem o EXTRA publicou reportagem na qual Bornier enumera os credores da prefeitura. O maior deles seria o Instituto de Previdência (Previni), que teria a receber R$ 544 milhões. Entretanto, Sheila afirma que esse montante não passaria de 27% do total. A ex-prefeita aproveita ainda para alfinetar seu sucessor, alegando que parte da dívida da prefeitura se deveria ao próprio Bornier.
— Toda a dívida poderia ser reduzida se o cidadão Nelson Roberto Bornier de Oliveira pagasse sua dívida pessoal com a prefeitura municipal, de mais de R$ 3,4 milhões — afirma Sheila Gama, acrescentando que deixou renegociados os valores:
— Quando assumi, a dívida do Previni chegava a R$ 400 milhões, dívida esta que começou no governo Nelson Bornier. Fui obrigada a pagar mensalmente em torno de R$ 6,5 milhões. Hoje a dívida foi reduzida para aproximadamente R$ 144 milhões. Deixamos o Previni com mais de R$ 57 milhões em caixa.
A ex-prefeita também refuta as acusações de que estaria devendo R$ 40 milhões ao Centro de Tratamento de Resíduos.
Empréstimos
No levantamento feito pela equipe da atual gestão, foi descoberto um empréstimo feito junto à Caixa Econômica Federal, para ser pago por 20 anos em parcelas mensais de R$ 990 mil.
Sheila disse que o empréstimo foi assinado no fim de 2007, no governo anterior, ao Programa Pós-moradia, mas que, em sua gestão, pagou todas as parcelas.
— Nada devemos em atraso, referente ao empréstimo.
Números do município pela ex-prefeita
Posse
Sobre a dívida do Hospital Geral da Posse — de R$ 126 milhões, referentes, segundo Bornier, ao pagamento de fornecedores, prestadores de serviços, alimentação e lavanderia — a ex-prefeita Sheila Gama disse que a dívida da unidade é desde o ano de 2004.
Telefone
Sobre o débito com a empresa de telefonia (de R$1,98 milhões, segundo Bornier), a ex-prefeita diz que não foi do seu governo, assim como dívidas com Pasep/INSS/FGTS/IRRF.
Saúde
Sheila informou que as dívidas com os conveniados da saúde e aluguéis atrasados são menores do que os valores apresentados por Bornier. Segundo o levantamento apresentado pelo prefeito, os débitos são de R$ 33, 7 milhões com os conveniados da saúde e de R$ 17,6 milhões com aluguéis.
Ordem de despejo
Sobre a dívida de R$ 4 milhões de aluguel do PAM Dom Walmor, que estaria com ordem de despejo, ela diz que o contrato foi renovado.
Em dia
Sheila disse que pagou salários de dezembro e 13º do funcionalismo.
Salário de Nelson Bornier vai de R$ 9,5 mil para R$ 19.200.
Para prefeito, aumento "é mais do que justo".
Do G1 Rio
A Câmara de Vereadores do município deNova Iguaçu, na Baixada Fluminense, aprovou, nesta segunda (14), em sessão extraordinária, uma aumento de 102% no salário do prefeito, como mostrou o RJTV nesta terça (15).
Nelson Bornier, do PMDB, que assumiu o cargo há 15 dias com um salário de R$ 9.500, vai receber agora R$ 19.200 todos os meses. O benefício também se estendeu a seus secretários e à vice-prefeita, Dani Nicolasina.
O prefeito falou sobre o aumento em seu salário: "Eu ganhava até 31 de dezembro R$ 26.750 como deputado federal. Não acho mais do que justo para quem quer fazer um trabalho sério, honesto, principalmente no momento em que a gente vive, de corrupção, acho que é um salário digno para quem quer trabalhar. Fazer um trabalho com transparência e poder administrar os recursos da população com seriedade".
Os aumentos para os novos prefeitos não aconteceram apenas em Nova Iguaçu. Em São João de Meriti, também na Baixada, o salário do prefeito Sandro Matos assumiu ganhando R$ 24 mil, antes o salário era de R$ 14 mil. Já no município de Belford Roxo, Dennis Dauttman também vai ganhar 24 mil reais. Os aumentos foram aprovados nas gestões anteriores.
Dauttman declarou que vai enviar um projeto para câmara municipal de Belford Roxo, no dia 1º de fevereiro, pedindo para cancelar o aumento do salário.
Crise em Nova Iguaçu
O aumento foi aprovado em meio a uma crise na cidade de Nova Iguaçu. De acordo com as contas da própria Prefeitura, as dívidas públicas da cidade ultrapassam R$ 1 bilhão. Além disso, há problemas na saúde e na coleta de lixo.
Em novembro de 2012, o RJTV mostrou que o Hospital da Posse, principal unidade de saúde da Baixada, estava abandonado. Pacientes estavam espremidos em corredores e até faltavam insumos básicos. Havia problemas também no setor de pediatria, com buracos e paredes com infiltração. O prefeitou afirmou que os problemas no hospital estão sendo resolvidos e que vai se reunir com o ministro da Saúde para falar sobre a unidade.
Quando assumiu a Prefeitura, em janeiro, Nelson Bornier fez uma vistoria no hospital e decretou estado de calamidade pública na saúde. Ele ainda montou um gabinete de crise para tentar resolver os problemas da unidade. A cidade de Nova Iguaçu também vem sofrendo com problemas na coleta de lixo. De acordo com a prefeitura, somente neste ano, já foram retirados mais de 11 toneladas de lixo espalhados pelo município. Bornier teve que contratar de maneira emergencial uma empresa para recolher o lixo e promete fazer uma licitação em breve.
Moradora do bairro Boaventura, em Nova Iguaçu, a pequena Lorraine, de 9 anos, precisa se esforçar para conseguir estudar. Ela acorda diariamente, às 6h20m, veste o uniforme, toma café e aguarda a chegada da van escolar. Pouco depois das 7h30m, o veículo atravessa as pistas da movimentada antiga Rodovia Rio-São Paulo e deixa a menina, às 8h, na porta do único colégio público da região: uma escola da cidade vizinha Seropédica.
Lorraine é aluna do 3 ano do ensino fundamental. A estudante não sabe, mas sua via-crúcis escolar já poderia ter acabado há meses. Em 27 de dezembro de 2011, a Prefeitura de Nova Iguaçu publicou, no Diário Oficial, contrato para construção no município de dez escolas, umas delas localizada justamente no bairro Boaventura. O EXTRA percorreu os endereços de nove das dez unidades — uma delas ficava em área de risco. E descobriu que, apesar de ter prazo de 120 dias para as obras serem concluídas, nenhuma foi finalizada.
Próximo à casa de Lorraine, em um terreno localizado entre as ruas F e H, no lugar da escola, havia, no último dia 10, apenas ferragens pontiagudas e sapatas de concreto abandonadas.
A obra, orçada em R$ 1.450.856,17, está parada, segundo moradores, desde setembro. Jogada num canto de um terreno vizinho, está uma placa da prefeitura, anunciado que a escola poderia receber 4 mil alunos.
— Aqui, não há escola próxima. A alternativa é ir estudar em Seropédica, distante quatro quilômetros, ou no Jardim Guandu, que fica a dois quilômetros daqui, mas é uma região perigosa. Optei por matricular minha neta e meu filho em outra cidade — disse Raquel Sabino, de 40, avó de Lorraine.
Pai de dois filhos em idade escolar, o mecânico André Luiz Martins, de 39 anos, lamentou o abandono:
— Fiquei esperançoso com o início da obra, mas, infelizmente, parou. Tive de matricular meus filhos em um colégio em Prados Verdes. Andamos quase dois quilômetros pra chegar lá.
Das dez escolas, só quatro estavam em obras, de acordo com levantamento do EXTRA. Mas a Prefeitura de Nova Iguaçu garante que mais uma está em andamento, admitindo a paralisação dos outros projetos, a 20 dias do fim do governo da prefeita Sheila Gama, que é professora.
Uma delas, que está orçada em R$ 1.453.451, fica na Rua Humaitá, no bairro Km-32. No local, havia operários erguendo a estrutura de alvenaria da escola. Pelo projeto, o colégio teria dez salas, sala de TV e uma biblioteca.
O outro colégio, que começou a ser construído, está localizado no bairro de Campo Belo. A construção, entre as ruas Dois e Seis, está em ritimo lento e se arrasta desde o início do ano, segundo moradores. O investimento previsto era de R$ 1.440.291. De pé, apenas a laje e as paredes das futuras salas de aula.
Por falta de segurança, o EXTRA não esteve no terreno onde está sendo erguida uma escola no bairro Gran Pará. Mas a prefeitura divulgou fotos com operários trabalhando, ainda numa fase inicial.
O secretário municipal de Cidade, José Rogério Bussinger Namen, admitiu que o projeto de construção das dez escolas não foi desenvolvido como o esperado. Mas atribuiu os atrasos a circunstâncias que não dependiam apenas da prefeitura:
— Há dois anos, recebemos o município falido (Sheila Gama assumiu no lugar de Lindbergh Farias). Na nossa administração, nenhum tijolo foi pago antes de ter sido colocado no local e fotografado. Mas a liberação do pagamento para as construtoras demorou mais do que o esperado, até três meses, devido às nossas próprias exigências. Por isso, superamos o prazo inicial de 120 dias. Mas nem todas as empresas, de médio porte, conseguiram esperar. Vamos trabalhar até o último minuto. Fomos muito ousados com o projeto.
José Rogério garantiu ainda que o governo priorizou a educação, até porque a prefeita é professora.
— Finalizamos quatros escolas que não haviam sido concluídas, oferecendo mais de duas mil vagas.