Um cinegrafista amador registrou os ataques de criminosos na noite de segunda-feira (24), no Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O alvo foi a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Nova Brasília. A soldado Fabiana Aparecida de Souza, de 30 anos, foi morta com um tiro no peito durante o tiroteio.
Nas imagens, é possível ouvir o barulhos dos disparos.
Após o ataque, o Batalhão de Operações Especiais (Bope), que faz buscas aos criminosos nesta terça-feira (24), informou que vai patrulhar a região por tempo indeterminado. Por volta 11h30, três suspeitos foram detidos, um deles menor de idade, por homens Bope. Eles foram levados para a 21ª DP (Bonsucesso). Os dois maiores possuem antecedentes criminais.
O policiamento foi reforçado em todo o entorno do Alemão, na manhã desta terça. Circulam pelas principais vias da região patrulhas do 16º BPM (Olaria) e do 22º BPM (Maré). No interior da favela, homens do Bope vasculham ruas e becos atrás dos criminosos. Foram apreendidos um colete à prova de balas, cocaína, maconha e um artefato explosivo.
O coordenador das UPPs, coronel Rogério Seabra, disse, na manhã desta terça, que os coletes à prova de balas usados nas unidades não seguram tiro de fuzil. Segundo ele, os policiais das UPPs usam equipamentos adequados para ações cotidianas. Mas o oficial nega que ocorram mudanças no trabalho das UPPs daqui em diante.
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Homenagem
Seabra disse que não pretende aumentar o efetivo na UPP, que hoje tem 240 policiais. Segundo ele, os mais de 1.200 homens de todas as UPPs são mais que suficientes para o trabalho que têm de executar.
Ele aproveitou para prestar uma homenagem à soldado morta, falando da importância da presença feminina nas UPPs.
"Presto minha homenagem e agradeço o empenho e a importância do trabalho das policiais femininas, que representam 9% dos policiais da PM e 11% do efetivo das UPPs. O trabalho da soldado Fabiana não foi em vão. Vamos continuar trabalhando para levar cidadania e segurança às pessoas da comunidade", disse Seabra.
Tiroteio intenso
O tiroteio que terminou com a morte da soldado Fabiana durou entre 30 a 40 minutos, de acordo com os policiais da região. Na fachada da UPP Nova Brasília é possível contar mais de dez marcas de bala. A patrulha estacionada na porta do prédio teve os vidros das janelas e o para-brisa traseiro destruídos por tiros.
Moradores assustados, contam, sem se identificar, que a noite de segunda-feira foi bastante tensa. O confronto, segundo policiais da UPP, começou por volta das 20h30, quando equipes em patrulhamento abordaram um grupo de cinco a seis homens na localidade conhecida como Pedra do Sapo, no Morro do Alemão. Os suspeitos trocaram tiros com os policiais. Um PM ficou ferido.
Meia hora depois, em outro tiroteio, os criminosos atacaram a UPP de Nova Brasília, matando a soldado Fabiana. A policial estava numa base (container) desativada, que ficava na Rua da Assembleia, em frente ao número 72. Segundo outros PMs, ela atravessava a rua para ir à padaria em frente, quando foi supreendia pelos criminosos.
"Os marginais apareceram de todos os lados. Tanto que é difícil saber de onde partiu o tiro que atingiu a soldado Fabiana", disse um PM da UPP.
Ela foi socorrida pelos próprios colegas e chegou a ser levada para um posto médico dentro da própria comunidade. A soldado, que estava na polícia havia pouco mais de um ano, era solteira e não tinha filhos. A família dela mora em Valença, no interior do estado.
Ocupação do Alemão
O conjunto de favelas do Alemão foi ocupado pelas Forças de Pacificação em novembro de 2010 e provocou uma fuga em massa de traficantes. Em setembro do ano passado, houve o primeiro grande ataque dos criminosos. Disparos foram feitos de pontos diferentes da comunidade, ao mesmo tempo. O policiamento precisou ser reforçado. Na época, o Exército divulgou um vídeo que mostrava a venda de drogas na Vila Cruzeiro.
O Exército saiu da região no início deste mês e deixou a segurança sob responsabilidade da Polícia Militar. No Alemão, já estão instaladas as unidades do Adeus e da Baiana, da Fazendinha e Nova Brasília. Essas duas últimas ganharam sede definitiva há quinze dias. Na Penha, já funcionam as UPPs da Chatuba e dos morros da Fé e Sereno.
Apesar da instalação das seis UPPs, os ataques dos traficantes não cessaram. Em junho, criminosos atiraram contra a UPP de Nova Brasília. Na semana passada, duas equipes de PMs foram atacadas na Fazendinha. Em um dos ataques, bandidos lançaram uma granada de fabricação caseira contra um carro da polícia. Ninguém ficou ferido.
Em todo o Rio, já são 25 UPPs, beneficiando mais de 140 comunidades. Mais de 5,5 mil policiais estão nas áreas pacificadas.
Presos três suspeitos da morte de policial no Alemão
TRÊS SUSPEITOS DA MORTE DA SOLDADO FABIANA APARECIDA DE SOUZA, DE 30 ANOS,
ATINGIDA POR UM TIRO NO PEITO, NA NOITE DESTA SEGUNDA-FEIRA, DURANTE ATAQUE DE
CRIMINOSOS À SEDE DA UNIDADE DE POLÍCIA PACIFICADORA (UPP) DE NOVA BRASÍLIA, NO
CONJUNTO DE FAVELAS DO ALEMÃO, NA ZONA NORTE DO RIO.
Dos três detidos hoje, um é menor. Os dois adultos possuem antecedentes criminais, segundo a polícia. Eles foram levados para a 21ª DP (bonsucesso).
O coordenador das UPPs, coronel Rogério Seabra, disse que o Bope vai permanecer na região por tempo indeterminado. O policiamento foi reforçado em todo o entorno do Conjunto de Favelas do Alemão. Circulam pelas principais vias da região patrulhas do 16º BPM (Olaria) e do 22º BPM (Maré). No interior da favela, homens do Bope vasculham ruas e becos atrás dos criminosos. Foram apreendidos um colete à prova de balas, cocaína, maconha e um artefato explosivo.
"Ações criminosas desse tipo não se combatem com mais armamento, mas com investigação e com a proximidade com a população. Os moradores também estão indignados com o que aconteceu e poderão ajudar a polícia com informações que levem aos criminosos, seja pessoalmente ou pelo Disque-Denúncia", enfatizou o coronel Seabra.
A soldado Fabiana Aparecida de Souza morreu após levar um tiro de fuzil 762, em um ataque à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade de Nova Brasília, no Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, na noite desta segunda-feira (23). Esta UPP foi inaugurada no último dia 9, marcando a saída definitiva do Exército no Complexo do Alemão.
Esta foi a primeira policial morta em serviço em uma comunidade pacificada. A bala que matou a PM teria atravessado o colete que ela usava. Fabiana ainda foi levada para a UPA da região, mas não resistiu. A irmã de Fabiana, Luciana Souza, compareceu ao Instituto Médico Legal (IML) nesta manhã para identificar e liberar o corpo.
Colegas disseram que a soldado tinha acabado de lanchar quando foi para o lado de fora da sede da unidade, por volta das 21h. Pouco depois, cerca de 12 bandidos armados de fuzis começaram a disparar contra a sede da UPP.
Cerca de 10 minutos antes ao ataque à UPP Nova Brasília, cerca de oito bandidos atacaram uma patrulha com dois policiais na localidade Pedra do Sapo, no Morro do Alemão. Ninguém ficou ferido.
Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Choque, além de contingente do 16º BPM (Olaria), foram chamados para reforçar a segurança na região.
Secretaria de Segurança diz que morte de soldado não afeta pacificação
A Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro divulgou nota oficial sobre a morte da soldado Fabiana Aparecida dos Santos, na noite desta segunda-feira, durante ataque de criminosos à UPP de Nova Brasília, no Complexo do Alemão. A Secretaria lamenta profundamente a morte da soldado e se solidariza com a família.
"Fabiana é a mais recente vítima dos fuzis de alto poder utilizado por traficantes que ainda resistem à pacificação nos Complexos do Alemão e da Penha", diz a nota.
"O processo de pacificação seguirá seu curso previsto na região, até que esteja consolidada a reconquista de território dessas comunidades, com sua devolução completa e pacífica à cidade do Rio de Janeiro. Já foram instaladas três Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Complexo do Alemão (Nova Brasília, Fazendinha e Alemão), a UPP Adeus/Baiana e mais duas UPPs no Complexo da Penha (Fé/Sereno e Chatuba). Muito em breve, serão inauguradas mais duas UPPs no Complexo da Penha: Parque Proletário e Vila Cruzeiro", lembra o documento.
Ainda de acordo com a Secretaria de Segurança, "todas as ações de resistência de criminosos, que durante décadas impuseram um domínio de terror sobre essas e outras comunidades, serão combatidas sem trégua, o tempo que for necessário e com todos os recursos disponíveis, até que seus moradores tenham restabelecidos seus direitos básicos de cidadania e de segurança pública".
A Secretaria de Segurança reafirma sua confiança na Política de Pacificação de comunidades conflagradas pelo tráfico de drogas e colocou as forças policiais do Rio de Janeiro na missão de prender os responsáveis pela morte da soldado Fabiana.
"Nesse sentido, convocamos a população dos Complexos do Alemão e da Penha e do Morro do Adeus/Baiana a colaborar com a Polícia Militar, através do Disque-Denúncia (tel. 2253-1177) e do 190, fornecendo informações que possam levar à localização e prisão dos criminosos responsáveis pela morte da soldado Fabiana", conclui a nota.
Cabral lamenta morte e diz que foi um ato de desespero dos criminosos
O governador do Rio também divulgou nota sobre a morte da soldado Fabiana Aparecido de Souza, lamentando o crime e se mostrando solidário com a família. Na nota, Cabral diz que a policial foi "covardemente" assassinada no exercício do trabalho. Segundo o governador, foi um ato de desespero dos criminosos diante das ações adotadas pelo governo na área de segurança. Cabral acredita que, apesar de tudo, a marginalidade vem perdendo força no estado.
Confira a nota na íntegra:
"UPP e a soldado Fabiana Aparecida de Souza
O Governador Sérgio Cabral se solidariza com a família da soldado Fabiana Aparecida de Souza, covardemente assassinada no exercício de seu trabalho na Unidade de Polícia Pacificadora, que hoje representa um novo ambiente de vida para mais de um milhão de pessoas, em mais de uma centena de comunidades e bairros do Rio de Janeiro.
O Governo do Estado acredita que a marginalidade vem perdendo forças diante da política de Segurança Pública e que ações como estas demonstram o desespero de organizações criminosas. Elas estão percebendo que, cada vez mais, o processo civilizatório foi retomado no Rio de Janeiro.
Em homenagem a esta policial e a todas as famílias do Estado, que acreditam no Rio de Janeiro ordeiro, o Governador declara que a política de pacificação, representada pela UPP, não tem volta, e será cada vez mais consolidada e ampliada".
Amigos e colegas de farda publicam vídeo para homenagear policial morta em UPP no Alemão
Do UOL*, no Rio
- Reprodução/YouTubeA soldado da PM Fabiana Aparecida de Souza, 30, morreu em confronto com criminosos que atacaram UPP no Complexo do Alemão.
Amigos e colegas de farda da soldado da Polícia Militar Fabiana Aparecida de Souza, 30, que morreu nesta segunda-feira (23) durante um ataque de criminosos ao contêiner-sede da UPP Nova Brasília, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, homenagearam a vítima publicando um vídeo com fotos e mensagens em uma rede social.
Na tarde desta terça-feira (24), o vídeo contava com diversos comentários de amigos da vítima e usuários da rede social. Em uma das mensagens, um homem que se diz policial militar afirma: "Dói demais perder nossos colegas de farda. Sufoca o nosso peito e a angustia parece não ter fim".
COLEGAS PRESTAM HOMENAGEM A POLICIAL MORTA EM UPP
Bope na área
O Bope (Batalhão de Operações Especiais) prendeu dois suspeitos e apreendeu um menor durante as buscas desta terça na favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão. A ação é uma resposta ao atentado contra a base da UPP local, e a tropa de elite da Polícia Militar só deixará a região depois que os criminosos forem identificados e presos, segundo o governo do Estado.
Os dois adultos capturados durante os trabalhos do Bope têm antecedentes criminais, de acordo com informações passadas pela delegacia de Bonsucesso (21ª DP) ao Bope --eles são acusados de homicídio e eram considerados foragidos da Justiça.
No início da noite desta terça-feira, a polícia confirmou que um dos presos foi identificado como Marcelinho da Cidade de Deus. O suspeito responde a um processo por tráfico de drogas e já foi condenado a 22 anos de prisão pelo mesmo crime. Ele negou participação no crime. A polícia investiga a presença do homem, que é morador da comunidade Cidade de Deus, na região do Alemão.
O menor, por sua vez, foi localizado com ferimentos no pé, supostamente provocados durante o atentado contra a UPP. O suspeito recebeu atendimento médico na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da estrada do Itararé, no Complexo do Alemão, e posteriormente foi encaminhado ao distrito policial da Penha (22ª DP).
A Polícia Civil investiga se os dois presos e o menor apreendido efetivamente participaram da ação que culminou na morte da soldado Fabiana Aparecida de Souza. Ainda não há confirmação sobre o real envolvimento dos suspeitos.
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Além das prisões, os homens do Bope apreenderam duas granadas artesanais, 63 papelotes e dez cápsulas de cocaína, 130 trouxinhas de maconha, um tablete de maconha prensada, uma capa de colete balístico e farto material utilizado para enrolar entorpecentes.
Colete era adequado, diz PM
O coordenador das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) do Rio de Janeiro, coronel Rogério Seabra, afirmou que o colete à prova de balas utilizado pela soldado Fabiana era "o adequado para o exercício da polícia pacificadora".
Segundo o oficial, especialistas não recomendam a utilização da proteção balística resistente a fuzil (que pesa cerca de 20 kg) em "ações cotidianas".
"Especialistas indicam que o colete [cerca de dez quilos mais leve] utilizado pela soldado Fabiana ontem era o adequado para o exercício da polícia pacificadora. Coletes à prova de fuzil são usados por força tática em momento adequado. A ação de ontem foi a primeira vez que aconteceu [a morte de um militar em área de UPP]", afirmou o coronel.
Fabiana estava na PM havia pouco mais de um ano, era solteira e sem filhos. Ela foi a primeira policial militar morta em serviço em uma comunidade localizada em áreas atendidas por UPPs. De acordo com a PM, os pais da vítima já morreram e o parente mais próximo é uma irmã, também PM, cujo nome não foi divulgado pela corporação.
A irmã de Fabiana é lotada no 10º BPM (Barra do Piraí) e chegou nesta manhã ao IML (Instituto Médico-Legal) da capital fluminense para reclamar o corpo da vítima. Escoltada por colegas de farda, ela entrou e saiu do local sem falar com a imprensa.
O corpo da vítima será enterrado nesta quarta-feira (25), em Valença, na região sul fluminense, cidade natal de Fabiana.
Ajuda da população
A Secretaria de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro (Seseg) divulgou nota oficial, nesta terça, na qual convoca a população dos Complexos do Alemão e da Penha, e dos morros do Adeus e da Baiana, na zona norte do Rio, a colaborar com a Polícia Militar no decorrer das buscas pelos criminosos que atacaram a tiros, na noite desta segunda-feira (23), a sede da UPP Nova Brasília.
A PM também afirmou "lamentar profundamente" a morte da soldado, que foi atingida por um tiro de fuzil durante confronto com os criminosos, supostamente traficantes de drogas. Segundo a Seseg, quaisquer informações que possam ajudar nas investigações devem devem ser passadas à polícia através do Disque-Denúncia. O telefone é
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Em seu primeiro pronunciamento sobre o caso, a Secretaria de Segurança Pública afirmou ainda que as forças policiais não vão recuar em função do atentado que vitimou o primeiro policial militar em área de UPP. "O processo de pacificação seguirá seu curso previsto na região até que esteja consolidada a reconquista de território dessas comunidades, com sua devolução completa e pacífica à cidade do Rio de Janeiro", disse a Seseg.
Policiais do Bope realizam buscas em comunidades do Complexo do Alemão. A divisão de elite da PM também reforça a segurança juntamente com o Batalhão de Choque (BPChoque) e PMs dos batalhões da Maré (22º BPM) e de Olaria (16º BPM).
Há duas semanas, o Exército deixou a região após ocupá-la por 19 meses --desde a operação que garantiu a tomada do território, em novembro de 2010.
Apesar do clima de tensão nos Complexos da Penha e do Alemão, a Seseg confirmou que seguirá o calendário definido para a região e manteve a inauguração de mais duas UPPs na próxima semana: nas favelas da Vila Cruzeiro e do Parque Proletário. Em toda a capital fluminense, já são 25 unidades.
*Com informações de Hanrrikson de Andrade e Felipe Martins
PM morta em ataque a UPP será sepultada hoje em Valença
Nesta terça-feira, três suspeitos do ataque foram detidos, um deles menor de idade. O policiamento foi reforçado em todo o entorno do Alemão.
Morte de PM em UPP devolve medo e tensão ao Complexo do Alemão
O tiroteio que matou a soldado Fabiana Aparecida de Souza, 30 anos, lotada na Unidade de Polícia Pacificadora da Nova Brasília, no Complexo do Alemão, assustou policiais e moradores no conjunto de favelas da Zona Norte do Rio. Os estampidos da troca de tiros, que teria durado cerca de 40 minutos, foi o suficiente para devolver a tensão nos rostos de quem transitava pelas ruas da região e que desde novembro de 2010, quando ocorreu a ocupação policial, não lidava com esta situação.
“A vida de policial é assim, lamentavelmente”, disse um PM da UPP da Nova Brasília, que não se identificou e não deixou de empunhar sua pistola por um segundo sequer. “Sempre soube do perigo, mas não achava que teriam tamanha audácia de atacar nossa base”.
Moradora na Nova Brasília desde que nasceu, a dona de casa Mariana Vaz de Sousa, de 28 anos, lembrou dos momentos de pânico que viveu ao lado do filho, de 3 anos, durante o tiroteio. “Faz muito tempo não ouvia tantos tiros aqui na favela, foi uma coisa horrível. Me joguei no chão e deitei sobre meu menino”, recordou. “Mas pior do que os tiros é a volta desse monte de policial armados até os dentes, revistando todo mundo, e nem sempre da forma mais educada”.
Ciente da atuação de traficantes na comunidade, o comerciante José Miguel Rabelo disse que sempre existiu o medo e o temor de um embate entre bandidos e policiais.'Uma hora ou outra teria um confronto. A bandidagem atua aqui como quer e os policiais parecem fingir não ver. Foram tomando coragem e atacaram o símbolo da presença da polícia na favela".
Homens do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) vasculharam a favela, com o auxílio de cães farejadores, em busca dos criminosos que participaram do tiroteio. De acordo com a secretaria estadual de Segurança, o Bope ficará no Complexo do Alemão por tempo indeterminado. Policiais do 16º BPM (Olaria) e do 22º BPM (Maré) patrulharam no entorno da comunidade.
Três supostos envolvidos na morte da soldado Fabiana, um deles menor de idade, e os outros dois com antecedentes criminais, foram presos durante as buscas na favela Nova Brasília. Uma mochila com maconha, cocaína, material para embalo de drogas e uma granada caseira foram apreendidos durante as buscas. Os detidos e as apreensões foram encaminhados para a 21ª DP (Bonsucesso).
Primeira PM morta em combate na história
A soldado Fabiana Aparecida de Souza morreu após levar um tiro de fuzil 762, em um ataque à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade de Nova Brasília, no Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, na noite desta segunda-feira (23). Esta UPP foi inaugurada no último dia 9, marcando a saída definitiva do Exército no Complexo do Alemão. Esta foi a primeira policial morta em serviço em uma comunidade pacificada. A bala que matou a PM teria atravessado o colete que ela usava. Fabiana ainda foi levada para a UPA da região, mas não resistiu.
A irmã de Fabiana, Luciana Souza, compareceu ao Instituto Médico Legal (IML) para identificar e liberar o corpo. Colegas disseram que a soldado tinha acabado de lanchar quando foi para o lado de fora da sede da unidade, por volta das 21h. Pouco depois, cerca de 12 supostos bandidos armados de fuzis começaram a disparar contra a sede da UPP.
Aproximadamente 10 minutos antes do ataque à UPP Nova Brasília, oito homens atacaram uma patrulha com dois policiais na localidade Pedra do Sapo, no Morro do Alemão. Ninguém ficou ferido.
Secretaria de Segurança diz que morte de soldado não afeta pacificação
A secretaria de Segurança do Rio de Janeiro divulgou nota oficial lamentando a morte da soldado e prestando solidariedade à sua família. "Fabiana é a mais recente vítima dos fuzis de alto poder utilizado por traficantes que ainda resistem à pacificação nos Complexos do Alemão e da Penha", diz a nota.
"O processo de pacificação seguirá seu curso previsto na região, até que esteja consolidada a reconquista de território dessas comunidades, com sua devolução completa e pacífica à cidade do Rio de Janeiro. Já foram instaladas três Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Complexo do Alemão (Nova Brasília, Fazendinha e Alemão), a UPP Adeus/Baiana e mais duas UPPs no Complexo da Penha (Fé/Sereno e Chatuba). Muito em breve, serão inauguradas mais duas UPPs no Complexo da Penha: Parque Proletário e Vila Cruzeiro", lembra o documento.
Ainda de acordo com a Secretaria de Segurança, "todas as ações de resistência de criminosos, que durante décadas impuseram um domínio de terror sobre essas e outras comunidades, serão combatidas sem trégua, o tempo que for necessário e com todos os recursos disponíveis, até que seus moradores tenham restabelecidos seus direitos básicos de cidadania e de segurança pública".
A Secretaria de Segurança reafirma sua confiança na política de pacificação de comunidades conflagradas pelo tráfico de drogas e colocou as forças policiais do Rio de Janeiro na missão de prender os responsáveis pela morte da soldado Fabiana, mas espera ajuda dos populares.
"Nesse sentido, convocamos a população dos Complexos do Alemão e da Penha e do Morro do Adeus/Baiana a colaborar com a Polícia Militar, através do Disque-Denúncia (tel. 2253-1177) e do 190, fornecendo informações que possam levar à localização e prisão dos criminosos responsáveis pela morte da soldado Fabiana", conclui a nota.
Cabral lamenta morte e diz que foi um ato de desespero dos criminosos
Confira a nota na íntegra: O Governador Sérgio Cabral se solidariza com a família da soldado Fabiana Aparecida de Souza, covardemente assassinada no exercício de seu trabalho na Unidade de Polícia Pacificadora, que hoje representa um novo ambiente de vida para mais de um milhão de pessoas, em mais de uma centena de comunidades e bairros do Rio de Janeiro.O Governo do Estado acredita que a marginalidade vem perdendo forças diante da política de Segurança Pública e que ações como estas demonstram o desespero de organizações criminosas. Elas estão percebendo que, cada vez mais, o processo civilizatório foi retomado no Rio de Janeiro.Em homenagem a esta policial e a todas as famílias do Estado, que acreditam no Rio de Janeiro ordeiro, o Governador declara que a política de pacificação, representada pela UPP, não tem volta, e será cada vez mais consolidada e ampliada".
Bope diz que identificou assassinos de soldado de UPP
e promete "dura resposta"
Felipe Martins
Do UOL, no Rio de Janeiro
A polícia já sabe quem são os criminosos que atacaram a UPP Nova Brasília, no Complexo do Alemão, e mataram a soldado Fabiana Aparecida de Souza, 30. A informação foi divulgada na manhã desta quarta-feira (25) pelo major do Bope Ivan Blaz. "Nós já sabemos quem são esses marginais, vamos em busca deles e eles serão vítimas de suas próprias ações", afirmou. "Eles terão a dura resposta da Polícia Militar."
Desde a madrugada desta quarta-feira (25), a Polícia Militar faz operações nos morros do Juramento e Chapadão, na zona norte do Rio. Dez pessoas foram presas - nove no Chapadão, um no Juramento) e dois menores foram apreendidos no Chapadão, além de uma grande quantidade de droga encontrada.
O Bope informou ainda que a tropa de elite da PM mudou a tática para a captura dos criminosos. Após o ataque à sede da UPP, o comando da Secretaria de Segurança havia anunciado que o Bope permaneceria por tempo indeterminado. O major Blaz informou que, após informações da Coordenadoria de Inteligência da Polícia, de que os bandidos não estariam mais no Alemão, os policiais passarão a atuar em diversas comunidades.
"Nós vamos conseguir provocar a movimentação destes marginais, e, com o apoio da população, conseguir em breve a prisão deles", disse o major. "Estamos dando início a uma série de operações, quer seja no Complexo do Alemão, quer seja em qualquer comunidade do Rio de Janeiro. Não descansaremos até que estes marginais sejam presos."
Na madrugada desta quarta-feira (25), o Bope, o Batlhão de Choque e o Batalhão de Ação com Cães (BAC) ocuparam o morro do Chapadão, em Costa Barros, e o 41º Batalhão ocupou o morro do Juramento, em Vicente de Carvalho.
Mais de 200 policiais participaram da operação nas duas comunidades. No Chapadão, a polícia apreendeu cocaína em grande quantidade, maconha, crack, cheirinho da loló e ecstasy. No Juramento, também maconha, cocaína e crack, além uma carabina .30 e uma granada de bocal.
Enterro
Na manhã desta quarta-feira (25), o corpo de Fabiana foi enterrado no cemitério Riachuelo, em Valença, na região sul do Rio de Janeiro, cidade onde nasceu a vítima.
O sepultamento contou com honras militares, foi acompanhado por autoridades do alto escalão da Polícia Militar, tais como o comandante-geral da corporação, coronel Erir Costa Filho. A chefe de Polícia Civil do Rio, delegada Martha Rocha, também compareceu à cerimônia.
Abalada, a irmã da vítima, Luciana Souza --que também é soldado da PM--, preferiu não falar com a imprensa.
A banda marcial da PM e uma salva de três tiros fizeram as honras militares ao cortejo. Pétalas de rosa foram jogadas de helicóptero ao fim da cerimônia, sob aplausos de familiares. "Ela morreu lutando pela nossa sociedade", afirmou a prima Laís da Rocha Alves, de 38 anos.
"Ela era muito alegre e sempre prestativa. Fiquei em choque com a notícia", completou.
O coronel Erir Costa Filho lamentou a morte da PM, mas não quis comentar as investigações e a prisão de suspeitos. "Foi uma perda irreparável para a PM e para o Estado. Toda perda é difícil, mas perder uma policial feminina é ainda mais emblemático e mais triste", disse Costa Filho. (Com Agência Estado)
Polícia divulga fotos de 4 suspeitos de
matar PM de UPP no Alemão
Disque-Denúncia já recebeu 31 ligações sobre a identidade dos criminosos.
Policial foi morta a tiros na segunda (23), durante um ataque à UPP.
Disque-Denúncia já recebeu 31 ligações sobre a identidade dos criminosos.
Policial foi morta a tiros na segunda (23), durante um ataque à UPP.
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A polícia divulgou no fim da manhã desta quarta-feira (25) as fotos de quatros suspeitos de participar do assassinato da soldado Fabiana Aparecida de Souza, de 30 anos, na comunidade Nova Brasília, no Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio. A PM foi morta na noite de segunda (23), durante um ataque de criminosos à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
De acordo com a polícia, os suspeitos foram identificados como Regis Batista, conhecido como "RG', Ilan Sales, o "Capoeira", Alan Montenegro, o "Da Lua", e Fernando Batista, o "Alemão", como mostrou o RJTV.
O Disque-Denúncia já recebeu 31 ligações sobre a identidade dos criminosos que participaram do ataque à UPP. Quem tiver mais informações pode ligar para a central, através do número .
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Fabiana foi baleada no peito e foi socorrida pelos colegas. Ela chegou a ser levada para um posto médico dentro da própria comunidade, mas não resistiu. A soldado, que estava na polícia havia pouco mais de um ano, era solteira e não tinha filhos. Um cinegrafista amador registrou o momento da troca de tiros. Nas imagens, é possível ouvir o barulhos dos disparos.
O corpo da policial foi enterrado nesta manhã, no Cemitério do Riachuelo, no município de Valença, no interior do estado.
Patrulhamento reforçado
Após o ataque, o Batalhão de Operações Especiais (Bope), que faz buscas aos criminosos nesta terça-feira (24), informou que vai patrulhar a região por tempo indeterminado. Por volta 11h30, três suspeitos foram detidos, um deles menor de idade, por homens Bope. Eles foram levados para a 21ª DP (Bonsucesso). Os dois maiores possuem antecedentes criminais.
O policiamento foi reforçado em todo o entorno do Alemão. Circulam pelas principais vias da região patrulhas do 16º BPM (Olaria) e do 22º BPM (Maré). No interior da favela, homens do Bope vasculham ruas e becos atrás dos criminosos.
O coordenador das UPPs, coronel Rogério Seabra, disse, na manhã desta terça, que os coletes à prova de balas usados nas unidades não seguram tiro de fuzil.
Segundo ele, os policiais das UPPs usam equipamentos adequados para ações cotidianas. Mas o oficial nega que ocorram mudanças no trabalho das UPPs daqui em diante.
Aumento de 50% na gratificação a PMs de UPPs
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, anunciou nesta quarta-feira (25), em visita ao conjunto de favelas do Alemão, que vai aumentar em 50% a gratificação que o município paga para policiais das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
Paes disse que esse aumento, de R$ 500 para R$ 750, já tinha sido discutido com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e que a morte da soldado Fabiana Souza foi emblemática para corroborar a decisão.
Segundo o prefeito, com o aumento da gratificação, a Prefeitura vai gastar mais R$ 15 milhões por ano. Atualmente, o município arca com uma despesa de R$ 30 milhões com o pagamento aos policiais.
"Essa é uma despesa que a cidade vai pagar feliz, porque é o custo da paz e da tranquilidade. Esses policiais representam muito para a cidade. Temos uma enorme gratidão com eles. Eles representam o Rio que a população quer", disse Paes.