"O fim do Direito é a paz; o meio de atingi-lo, a luta. O Direito não é uma simples idéia, é força viva. Por isso a justiça sustenta, em uma das mãos, a balança, com que pesa o Direito, enquanto na outra segura a espada, por meio da qual se defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a impotência do Direito. Uma completa a outra. O verdadeiro Estado de Direito só pode existir quando a justiça bradir a espada com a mesma habilidade com que manipula a balança."

-- Rudolf Von Ihering

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Em Nova Iguaçu, construção de dez novas escolas fica só na promessa, e alunos estudam até em municípios vizinhos.

Lorraine, de 9 anos, com a avó Raquel: sem escola no bairro Boaventura, menina é obrigada a estudar em Seropédica
Lorraine, de 9 anos, com a avó Raquel: sem escola no bairro Boaventura, menina é obrigada a estudar em Seropédica Foto: Cléber Júnior / Extra
Marcos Nunes
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Moradora do bairro Boaventura, em Nova Iguaçu, a pequena Lorraine, de 9 anos, precisa se esforçar para conseguir estudar. Ela acorda diariamente, às 6h20m, veste o uniforme, toma café e aguarda a chegada da van escolar. Pouco depois das 7h30m, o veículo atravessa as pistas da movimentada antiga Rodovia Rio-São Paulo e deixa a menina, às 8h, na porta do único colégio público da região: uma escola da cidade vizinha Seropédica.
Lorraine é aluna do 3 ano do ensino fundamental. A estudante não sabe, mas sua via-crúcis escolar já poderia ter acabado há meses. Em 27 de dezembro de 2011, a Prefeitura de Nova Iguaçu publicou, no Diário Oficial, contrato para construção no município de dez escolas, umas delas localizada justamente no bairro Boaventura. O EXTRA percorreu os endereços de nove das dez unidades — uma delas ficava em área de risco. E descobriu que, apesar de ter prazo de 120 dias para as obras serem concluídas, nenhuma foi finalizada.
Próximo à casa de Lorraine, em um terreno localizado entre as ruas F e H, no lugar da escola, havia, no último dia 10, apenas ferragens pontiagudas e sapatas de concreto abandonadas.
A obra, orçada em R$ 1.450.856,17, está parada, segundo moradores, desde setembro. Jogada num canto de um terreno vizinho, está uma placa da prefeitura, anunciado que a escola poderia receber 4 mil alunos.
— Aqui, não há escola próxima. A alternativa é ir estudar em Seropédica, distante quatro quilômetros, ou no Jardim Guandu, que fica a dois quilômetros daqui, mas é uma região perigosa. Optei por matricular minha neta e meu filho em outra cidade — disse Raquel Sabino, de 40, avó de Lorraine.
André Luiz Martins com os dois filhos, no bairro Boaventura:
André Luiz Martins com os dois filhos, no bairro Boaventura: "Fiquei esperançoso com o início da obra, mas, infelizmente, a obra parou" Foto: Cléber Júnior / Extra
Pai de dois filhos em idade escolar, o mecânico André Luiz Martins, de 39 anos, lamentou o abandono:
— Fiquei esperançoso com o início da obra, mas, infelizmente, parou. Tive de matricular meus filhos em um colégio em Prados Verdes. Andamos quase dois quilômetros pra chegar lá.
Das dez escolas, só quatro estavam em obras, de acordo com levantamento do EXTRA. Mas a Prefeitura de Nova Iguaçu garante que mais uma está em andamento, admitindo a paralisação dos outros projetos, a 20 dias do fim do governo da prefeita Sheila Gama, que é professora.
Uma delas, que está orçada em R$ 1.453.451, fica na Rua Humaitá, no bairro Km-32. No local, havia operários erguendo a estrutura de alvenaria da escola. Pelo projeto, o colégio teria dez salas, sala de TV e uma biblioteca.
No bairro Km-32, uma placa anuncia a construção de escola para mil estudantes: por enquanto, promessa
No bairro Km-32, uma placa anuncia a construção de escola para mil estudantes: por enquanto, promessa Foto: Cléber Júnior / Extra
O outro colégio, que começou a ser construído, está localizado no bairro de Campo Belo. A construção, entre as ruas Dois e Seis, está em ritimo lento e se arrasta desde o início do ano, segundo moradores. O investimento previsto era de R$ 1.440.291. De pé, apenas a laje e as paredes das futuras salas de aula.
Por falta de segurança, o EXTRA não esteve no terreno onde está sendo erguida uma escola no bairro Gran Pará. Mas a prefeitura divulgou fotos com operários trabalhando, ainda numa fase inicial.
O secretário municipal de Cidade, José Rogério Bussinger Namen, admitiu que o projeto de construção das dez escolas não foi desenvolvido como o esperado. Mas atribuiu os atrasos a circunstâncias que não dependiam apenas da prefeitura:
— Há dois anos, recebemos o município falido (Sheila Gama assumiu no lugar de Lindbergh Farias). Na nossa administração, nenhum tijolo foi pago antes de ter sido colocado no local e fotografado. Mas a liberação do pagamento para as construtoras demorou mais do que o esperado, até três meses, devido às nossas próprias exigências. Por isso, superamos o prazo inicial de 120 dias. Mas nem todas as empresas, de médio porte, conseguiram esperar. Vamos trabalhar até o último minuto. Fomos muito ousados com o projeto.
José Rogério garantiu ainda que o governo priorizou a educação, até porque a prefeita é professora.
— Finalizamos quatros escolas que não haviam sido concluídas, oferecendo mais de duas mil vagas.


Um comentário:

Anônimo disse...

Espero que o Dep Bornier cumpra o prometido e coloque empresa de AUDITORIA NA PREFEITURA. Óbvio que no Brasil ñ se pode esperar muita coisa em termos de Justiça, mas, a populaçao teria conhecimento da realidade e esta quadrilha ficaria realmente desmoralizada, e, o Lindinho seria Gov. do inferno.