"O fim do Direito é a paz; o meio de atingi-lo, a luta. O Direito não é uma simples idéia, é força viva. Por isso a justiça sustenta, em uma das mãos, a balança, com que pesa o Direito, enquanto na outra segura a espada, por meio da qual se defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a impotência do Direito. Uma completa a outra. O verdadeiro Estado de Direito só pode existir quando a justiça bradir a espada com a mesma habilidade com que manipula a balança."

-- Rudolf Von Ihering

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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Lançamento do documentário "Lembrar para não esquecer"


                                                            

LANÇAMENTO DO DOCUMENTÁRIO 

DA CHACINA DE VIGÁRIO GERAL NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Caio Ferraz, Coronel Marcos Paes, Coronel Brum, Ruben Cesar Fernandes, Vera Lúcia da Silva, Emir Laranjeiras, Sérgio Cerqueira Borges e Biscaia são nomes bem conhecidos para alguns, para outros nem tanto, o que eles tem em comum é o fato de terem participado, de uma maneira ou de outra, de um momento da história do Rio de Janeiro ocorrido em vinte e nove de agosto de mil novecentos e noventa e três e que completará dezoito anos: A Chacina de Vigário Geral.
A história da Chacina, com todos os nomes acima citados e muitos outros, será contada no documentário “LEMBRAR PARA NÃO ESQUECER” que foi dirigido por Milton Alencar Júnior e teve um período de mais de um ano de filmagens. Uma das maiores entrevistas é a de Vera Lúcia, que perdeu oito pessoas de sua família, sendo sua casa posteriormente transformada em Casa da Paz, o simbolo de luta e resistência da favela de Vigário Geral.
Outra fala é a de Caio Ferraz, sociólogo, que na época teve a ideia de montar a Casa da Paz e com a ajuda do Pastor Caio Fábio, comprou a casa onde a família de evangélicos foi assassinada para montar um simbolo de resistência. Pouco tempo depois, Caio foi ameaçado de morte e obrigado a sair do país, para manter sua segurança e de sua família, tendo recebido asilo oficial do governo dos Estados Unidos, onde permanece até hoje.
O roteiro do Filme é do escritor José Louzeiro, autor de quarenta livros e que também escreveu Pixote e Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia.
Nesse momento, não há melhor lugar para o lançamento desse documentário que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que acontecerá no dia vinte e nove de agosto, quando completam dezoito anos da chacina. A obra serve para tocar na ferida da impunidade que anda assombrando nosso país, traçando um paralelo com o que aconteceu há dezoito anos e continua acontecendo nos dias de hoje, como assassinatos dos moradores das favelas e até de magistrados.

http://www.anf.org.br/2011/08/lancamento-do-documentario-da-chacina-de-vigario-no-tribunal-de-justica/

29/08/2011 - 19:00
29/08/2011 - 22:00
Etc/GMT
A Associação de Familiares e Vítimas da Chacina de Vigário Geral convida para o lançamento do documentário "Lembrar para não esquecer", de Milton Alencar Jr. O evento será realizado no dia 29 de agosto, data em que a chacina completa 18 anos.
29 de agosto de 2011, às 19 horas.
Local: Auditório Antonio Carlos Amorim - EMERJ
Avenida Erasmo Braga, 115, 4º andar, Centro, Rio de Janeiro.




Vigário Geral: tragédias por todos os lados

Por Gustavo de Almeida

"...Poucos sabem, mas há um PM no caso de Vigário Geral que acabou se tornando vitima. Trata-se de Sérgio Cerqueira Borges, conhecido como Borjão.
Borjão foi um dos presos que em 1995 já eram vistos como inocentes, colocados no meio apenas por ser do 9º´BPM. A inocência de Borjão no caso era tão patente que ele inclusive foi o depositário de um equipamento de escuta pelo qual o Ministério Público pôde esclarecer diversos pontos em dúvida.
Borjão foi expulso da PM antes mesmo de ser julgado pela chacina. Era preso disciplinar por "não atualizar endereço".
Borjão conta até hoje que deu depoimento em seu Conselho de Disciplina sob efeito de tranqüilizantes, ainda no Batalhão de Choque. Seus auditores sabiam disto. "No BP-Choque, fomos torturados com granadas de efeito moral as vésperas do depoimento no 2º Tribunal do Júri, cujos fragmentos foram apresentados à juíza, que enviou a perícia. Isto consta nos autos, mas nada aconteceu", conta Borjão, hoje sem uma perna e com a saudade de um filho, assassinado em circunstâncias misteriosas, sem que ele nada pudesse fazer.
"No Natal fui transferido para a Polinter. Protestei aos gritos contra a injustiça. e Me mandaram para o hospital psiquiátrico em Bangu mas, por não ter sido aceito, retornei e em dias fui transferido para Água Santa. Lá também fui espancado e informei no dia seguinte em juízo, estando com diversos ferimentos, mas sequer fiz exame de corpo delito. Transferido para o Frei Caneca, pude ajudar a gravar as fitas com as confissões e em seguida fui transferido para o Comando de Policiamento do Interior. Após a perícia das fitas fui solto. Dei entrevistas me defendendo e tive minha liberdade provisória cassada e me mandaram para o 12ºBPM a fim de me silenciarem. No júri, fui absolvido. Meus pedidos de reintegração à PM nunca foram respondidos".
A história de Borjão ao longo de todos estes 15 anos só não supera mesmo a dor de quem perdeu alguém na chacina. Mas eu não estaria exagerando se dissesse que Sérgio Cerqueira Borges acabou se tornando uma vítima de Vigário Geral. "Tive um filho com 18 anos assassinado por vingança. Sofri vários atentados e um deles, a tiros, me fez perder parcialmente os movimentos da perna esquerda. Sofro de diabete, enfartei aos 38 anos e vivo com um tumor na tireóide. Hoje em dia tento reintegração à PM em ação rescisória, o processo é o número 2005.006.00322 no TJ, com pedido de tutela antecipada para cirurgia no Hospital da PM para extração do tumor. Portanto, vários atentados à dignidade humana foram cometidos. As pessoas responsáveis nunca responderão por diversas prisões de inocentes? Afinal foram 23 inocentes presos por quase quatro anos com similares seqüelas. A injustiça queima a alma e perece a carne!", desabafa Borjão.
Borjão hoje conta com ajuda da OAB para lutar por sua reintegração. Mas o desafio é gigantesco.
Triste ironia do destino: o policial hoje mora em Vigário, palco da tragédia que o jogou no limbo.
A filha dele, no entanto, me contou há alguns dias que não houve tempo suficiente para esperar pela Justiça e pela PM - Borjão teve que operar às pressas o tumor na tireóide no Hospital Municipal de Duque de Caxias. A cirurgia foi bem. Sérgio Cerqueira Borges vai sobreviver mais uma vez.
Sobreviver de forma quase tão dura como os parentes de 21 inocentes, estas pessoas que sobrevivem mais uma vez a cada dia, a cada hora. No Rio de Janeiro é assim: as tragédias têm vários lados e a tristeza de quem tem memória dificilmente se dissipa. Pelo menos nesta data, neste 29 de agosto que nos asfixia."

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabens pelo Documentario muito importante , para todo O Mundo, e principalmente para Os Nossos Jovens Brasileiros que tanto lutam por oportunidades de fazer o melhor pelo Brasil : Seguimos lutando / Ousar Lutar ___Ousar Vencer!