Para criar inimigos não é necessário declarar guerra, basta dizer o que pensa – Martin Luther King
"O fim do Direito é a paz; o meio de atingi-lo, a luta. O Direito não é uma simples idéia, é força viva. Por isso a justiça sustenta, em uma das mãos, a balança, com que pesa o Direito, enquanto na outra segura a espada, por meio da qual se defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a impotência do Direito. Uma completa a outra. O verdadeiro Estado de Direito só pode existir quando a justiça bradir a espada com a mesma habilidade com que manipula a balança."
Altera dispositivos da Lei nº 10.826, de 2003 (Estatuto do Desarmamento).
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º A Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, passa a vigorar com as seguintes alterações:
I - dê-se ao inciso III do art. 6° a seguinte redaç ão:
"III – os integrantes das guardas municipais." (NR)
II - revogue-se o inciso IV, renumerando-se os seguintes.
III - revogue-se o § 7º do art. 6º.
IV - dê-se ao § 1º do art. 6° a seguinte redação:
"§ 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, IV e V do caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, IV e V." (NR)
Art. 2° Esta Lei entra em vigor na data de sua publ icação.
JUSTIFICAÇÃO
O Estatuto do Desarmamento, nos termos em que hoje vige, estabelece injustificada discriminação entre as Guardas Municipais em função da quantidade de habitantes dos municípios, dando privilégios para aquelas que pertençam a municípios com mais de quinhentos mil habitantes; o que fere o princípio da isonomia.
Assim, atualmente, os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de quinhentos mil habitantes estão autorizados ao porte de arma de fogo mesmo fora de serviço, enquanto os dos Municípios com mais de cinqüenta mil e menos de quinhentos mil habitantes só podem portar arma quando em serviço.
É patente que a Lei não enxerga a permanente necessidade de segurança pessoal desses integrantes das Guardas Municipais, deixando-os, quando fora do serviço, reféns e vítimas da criminalidade armada.
Em função do exposto, sabendo do incontestável mérito desta proposição, esperamos contar com o apoio dos nobres Pares.
Durante a Guerra Civil Americana, houve necessidade de uma tropa de soldados, em determinada circunstância, construir uma ponte. O oficial ordenou que os soldados cortassem algumas árvores. Os homens eram poucos e o trabalho era muito lento. Um homem de aparência imponente passou pelo local. Do alto do seu cavalo observou a cena e falou ao oficial responsável:“Você tem poucos homens para a tarefa.”“É”, respondeu o outro. “Precisamos de ajuda.”“Mas por que você mesmo não põe mãos à obra?” - perguntou o homem a cavalo.O oficial se ofendeu com a sugestão e falou alto:“Eu, senhor? Mas eu sou um cabo.“É verdade”- falou o cavaleiro calmamente.E, descendo do cavalo, pôs-se a trabalhar lado a lado com os soldados, até concluir o serviço.Ao final, montou de novo o seu animal e disse ao oficial:“Cabo, da próxima vez que tiver uma tarefa a cumprir e poucos homens para o serviço, avise ao seu comandante superior e eu tornarei a vir.”Mais tarde, o cabo descobriu que o desconhecido que assim lhe falara era o General Washington.
Baseado no texto: Homem suficiente para o trabalho, de Ella Lyman Cabot, de O livro das virtudes, de William J. Bennett, v. 2, ed. Nova fronteira.
A organização do crime no Brasil será debatida por representantes do Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e da Imprensa, na Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, na próxima semana - entre os dias 11 e 14 de maio. A ideia,
ao reunir os maiores especialistas no assunto, é encontrar formas eficazes de desestruturar quadrilhas especializadas.
Organizado pela Secretaria de Segurança, pela Alerj e o Tribunal de Justiça, o evento será aberto com a presença do governador Sérgio Cabral e do ministro Gilmar Mendes _ presidente do Supremo Tribunal Federal. Além de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, as ações das milícias no Rio de Janeiro vão ser debatidas no encontro.
Também participam o corregedor Nacional da Justiça, ministro Gilson Dipp; o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame; o chefe de Polícia Civil, Alan Turnowsk; e o comandante da PM, coronel Gilson Pitta; e o delegado Cláudio Ferraz, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). O Jornal O DIA estará representando a mídia no painel do dia 14.
Olá! Eu, Soraya Pereira, Presidente do Projeto Aconchego , Grupo de apoio à Adoção e ao Apadrinhamento de Brasília, após constatar a veracidade do fato com a diretoria do Abrigo 'Nosso Lar', venho pedir a vocês que divulguem essa notícia.
Meu obrigada,
Soraya Kátia Rodrigues Pereira
"Em novembro, foi encontrado na rua, uma criança de aproximadamente 2 anos muito bem cuidada e muito bem vestida, e disse se chamar Tiago.. Levado ao juizado,foi encaminhado ao 'Nosso Lar', onde trabalho.
Temos informações de que diligências foram feitas na região onde a
criança foi encontrada, e nada.
Todas as delegacias notificadas, e nada.
Não foi possível nenhum tipo de informação dessa criança.
Como o tempo está passando, ela logo será encaminhada para adoção,
mas não acredito que ela não tenha ninguém nesse mundo,
pois quando ele chegou chorava muito e apresentava bons costumes.
Já tentei com um amigo na Globo veicular a sua imagem,
na tentativa de localizarmos a sua família, mas não é possível pois
a política da Globo não permite a divulgação de criançasdesaparecidas,
o que não é o caso,
pois essa "aparecida".
SEGUE A FOTO DA CRIANÇA. REPASSEM, POR FAVOR. ELE FOI ENCONTRADO EM BRASÍLIA, MAS PODE SER DE QUALQUER LUGAR DO PAÍS.
O massacre da Praça da Paz Celestial em Pequim completa 20 anos. O confronto entre população e o Exército foi manchete da imprensa estrangeira na época. A China mudou bastante nesse período. O país vive um ciclo de prosperidade econômica, com sucessivos índices de crescimento, acima de dois dígitos. No entanto, politicamente pouco mudou na terra dos criadores do papel, dos fogos de artifício, da bússola, da tecelagem de seda e de tantas invenções usadas hoje pelo Ocidente. Os chineses vivem um regime autoritário desde a revolução de 1949 que levou ao poder o ditador Mao Tse-tung.
Com suas liberdades cerceadas, qualquer forma de protesto era visto como um ato contra-revolucionário. No entanto, o ano de 1989 marca a tentativa de estudantes e trabalhadores de lutarem por reformas liberais. O governo chinês respondeu com o envio de tropas de províncias do interior do país para a capital chinesa e tanques de guerra tomaram as ruas de Pequim. "A reivindicação consistia na instalação de um sistema pluripartidário. Seria o fim da hegemonia do partido comunista", disse o professor de Relações Internacionais da Uerj Williams Gonçalves.
Em abril, os protestos começam de fato com estudantes acampados na praça da Paz Celestial, pedindo pequenas mudanças dentro da cúpula do Partido Comunista. Por outro lado, o governo chinês parecia dividido na modo de como tratar os manifestantes. De um lado conservadores temiam a queda do regime comunista como vinha acontecendo no Leste Europeu. Do outro, uma ala mais liberal do Partido tentava manter o diálogo com os manifestantes. "Mesmo na época de Mao Tse-tung, já havia divergências. Em 89, os liberais observavam com certa simpatia os protestos", afirmou o professor.
O secretário-geral do Partido Comunista Chinês na época Zhao Ziyang chegou a se encontrar com alguns estudantes. O comportamento do político não agradou a alta cúpula do PCC e Ziyang perdeu o cargo. O estopim dos protestos foi a morte de Hu Yaobang, ex-secretário geral do Partido Comunista chinês. Ele era considerado um liberal reformista, mas foi expulso pelo presidente Deng Xiaoping, em 1987. "Desde 1978, a China vivia uma série de aberturas. Os estudantes começaram a ver o que o seu país não tinha e isso atiçava a vontade de mudanças."
Com o maior número de estudantes nas ruas, o governo decretou lei marcial, sem surtir o efeito esperado. Após sete semanas de protestos pacíficos, vários chineses foram assassinados na capital. A estimativa do número de morts varia entre 300 a 4.000. Alguns manifestantes sumiram. No dia 5 de junho, quando as ruas pareciam mais calmas em Pequim, um homem solitário resolveu desafiar o Exército. Uma coluna de tanques avançava na avenida, quando o jovem interrompeu o avanço do comboio. A identidade dele nunca foi revelada. A imprensa estrangeira alega que ele foi morto pelas autoridades chinesas. A imagem é considerado como um das mais marcantes do século XX.
De acordo com o professor Williams Gonçalves, a China dificilmente terá uma manifestação parecida como a do massacre da Praça da Paz Celestial. "Aquela ânsia de ocidentalização já está saciada. A China hoje é uma potência". No país, não há comemoração, pelo contrário, as autoridades não têm interesse em lembrar do episódio. Este ano, o governo aumentou a presença policial na Praça da Paz Celestial e alguns sites foram bloqueados. Falar sobre o assunto ainda é um tabu.
Em 1992, enquanto os estudantes, em várias capitais brasileiras, pintavam a cara e saíam às ruas, manifestando-se em favor do Impeachment do então presidente da república Fernando Collor de Mello, começou-se a escrever a história do GrupoCultural Afro Reggae.
Tudo teve início com a realização de uma festa de reggae, que aconteceu na seqüência de uma série de festas de funk que José Júnior, atual Coordenador Executivo do GCAR, vinha organizando desde 1992. Como, nesse mesmo ano, o funk tinha se tornado um ritmo proibido nas festas e bailes do Rio devido ao controverso arrastão da Praia do Arpoador houve a exigência de uma mudança. Essa mudança deu certo, não apenas porque a festa foi um sucesso, mas também porque levou à politização do grupo e motivou a realização de uma segunda festa: a Iª Rasta Reggae Dancing, que reuniu pessoas dos locais mais distintos como Baixada Fluminense, Zona da Leopoldina, Zona Sul e Zona Oeste.
1993-1994: O Começo na primeira reunião de reflexão sobre a Iª Rasta Reggae Dancing, foram convidadas pessoas que participaram da sua produção. Um dos participantes sugeriu a criação de um veículo de comunicação sobre a cultura negra. Foi assim que surgiu, em janeiro de 1993, a primeira edição do Jornal Afro Reggae Notícias (nº 0). A cada edição, o grupo, autodenominado “organizadores”, amadurecia e se transformava. Assim, em julho de 1993, decidimos criar uma ONG, nascendo assim o Grupo Cultural Afro Reggae (GCAR). A necessidade de se tornar uma entidade organizada baseou-se nas observações e experiências individuais dos componentes, uma vez que através unicamente do jornal não era possível interferir positiva e diretamente em determinados problemas sociais. No entanto, o jornal continuou existindo, e ainda é hoje é publicado, mas no formato on-line. Foi então que decidimos criar um programa de ação sociocultural voltado para os jovens que residiam em favelas e que, concretamente, viesse a modificar de alguma forma a vida dessas pessoas.
Foi então, ocorreu um dos fatos mais vergonhosos do Brasil: A chacina de Vigário Geral. No dia 29 de agosto de 1993, vinte e uma pessoas foram covardemente assassinadas pela Polícia Militar, em vingança pela morte, no dia anterior ao da chacina, de quatro policiais por traficantes da favela. No entanto, nenhuma das vítimas tinha qualquer envolvimento com a criminalidade. Nessa época Vigário vinha de uma guerra de dez anos com a favela vizinha Lucas -, numa disputa cruel pelo comando dos pontos de venda de droga. A chacina, entretanto, acabou selando a paz e gerando dezenas de manifestações a favor dos parentes das vítimas e de Vigário Geral. O GCAR chegou um mês após o massacre, em setembro, participando de várias reuniões e atividades pelo MOCOVIGE - Movimento Comunitário de Vigário Geral.
Em 1994, o GCAR obteve do SAAP/FASE o seu primeiro apoio financeiro (para a produção de 4 edições do Jornal Afro Reggae Notícias) e o Núcleo de Vigário Geral teve início (oficinas de reciclagem de lixo, dança afro e percussão). Este também foi um período problemático no Rio de Janeiro, pois o governo federal interveio em algumas favelas com a Operação Rio. Por inúmeras vezes nossas atividades foram interrompidas pela ameaça de intensos tiroteios e pela violência policial. As oficinas de dança, percussão e capoeira haviam-se tornado uma banda e já estavam se apresentado pela cidade. Foi numa dessas oportunidades, no Hotel Marina (Leblon), que conhecemos Regina Casé, que nos apresentou a Caetano Veloso, e daí para agendarmos um evento de batizado da banda, em que os dois fossem os padrinhos, foi um pulo. No dia 09 de Junho de 1995, realizamos o Batizado da Banda AfroReggae, na favela de Vigário Geral, com os padrinhos ilustres Regina Casé e Caetano Veloso. Pela primeira vez, a favela de Vigário Geral recebia a presença de artistas consagrados, e o evento contou ainda com a presença do poeta Waly Salomão (atual diretor social do GCAR), intelectuais, representantes de ONG´s e da mídia. Ainda nesse ano, graças a um empréstimo do Centro de Assessoria a Movimentos Populares CAMPO, conseguimos comprar uma casa para o Grupo, o que deu novo fôlego ao desenvolvimento do trabalho. No ano seguinte (96), implantamos o segundo Núcleo Comunitário de Cultura, no Morro do Cantagalo. Este Núcleo surgiu no Complexo Escolar Municipal Presidente João Goulart (popularmente conhecido como CIEP Ipanema). Aqui utilizamos a linguagem do Circo e o objetivo é a formação de uma trupe profissional. Uma outra novidade foi o lançamento de um programa em uma rádio comunitária, que o GCAR lançou em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. No inicio desse ano, a Ação da Cidadania/IBASE e o Movimento Viva Rio criaram o projeto GerAção, englobando jovens de classe média que desejassem participar de ações sociais nas favelas. Em Vigário, esse projeto proporcionou, então, a possibilidade de uma troca positiva de experiências entre pessoas que viviam realidades absolutamente distintas, indo ao encontro da política de integração social defendida pelo Grupo. Ainda em 96, foi lançada a Campanha do Metro, visando vender os 90 metros quadrados do terreno/casa de Vigário. Cada metro custava na época R$ 60,00 (Sessenta Reais). A campanha foi um sucesso e em 6 meses conseguimos os recursos e pagamos o débito junto ao CAMPO. 11999955--11999966: A: Ammplpialinadnod aos a pse presprsepceticvtaisvas
1997-1998: Avanços e conquistas. O grande acontecimento de 1997 foi a inauguração, em 29 de julho, do Centro Cultural Afro Reggae Vigário Legal, com recursos das embaixadas britânica e canadense. A data foi marcada por um grande evento, com a participação d'O Rappa e do Cidade Negra. O Centro Cultural, ou melhor dizendo, o trabalho do GCAR na comunidade de Vigário Geral, passou então a ser coordenado por dois jovens moradores da comunidade (Anderson Sá e Luiz Gustavo, hoje vocalistas da Banda AfroReggae). O investimento realizado pelo grupo começou a mostrar resultados. Além dos coordenadores mencionados, surgiu um time de jovens, entre 14 e 18 anos, desempenhando os papéis de monitores, instrutores juniores, instrutores/educadores e agentes administrativos. Os jovens-líderes do GCAR, de início, encontraram várias barreiras devido à pouca idade e à inexperiência. Afinal, nossa área carece de cursos de formação, uma vez que fazemos um misto de cultura, movimento social e educação, utilizando uma linguagem que incorpora expressões populares e muita vivência pessoal. A Banda AfroReggae passou a ser a principal referência da instituição e um exemplo de projeto com êxito no trabalho em favelas. Passamos a encará-lo, então, como um veículo que capaz de romper as fronteiras da comunidade. Iniciamos assim um investimento contínuo nos jovens, visando a que se tornassem artistas profissionais. Resolvemos criar um espetáculo que fundisse música, dança, teatro, luta e circo: o Espetáculo Nova Cara. O ano de 1997 também marcou o retorno do GCAR para o Cantagalo. A partir das conexões feitas com grupos do Canadá em 96, fomos convidados a participar de uma grande parceria entre as ONGs Se Essa Rua Fosse Minha, SAAP/FASE e Teatro de Anônimo e duas organizações canadenses: Cirque du Soleil e a Jeneusse du Monde. Dessa forma surgiu o projeto Levantando a Lona. Em 1998, a Banda AfroReggae realiza sua primeira turnê pela Europa. Com o espetáculo Nova Cara pronto, a Banda se apresentou na França durante a Copa do Mundo de Futebol , na Holanda, na Inglaterra e na Itália. Foram as primeiras apresentações oficiais do Espetáculo. No Brasil, a primeira apresentação aconteceu em novembro do mesmo ano, na Lapa, Rio de Janeiro, gratuitamente e com um público de mais de três mil pessoas. Nesse ano, a Instituição começava a perceber que um investimento maior e melhor na questão da educação se tornava e necessária. Se quanto ao aspecto de promoção da autoo-estima e da cidadania e também quanto ao desenvolvimento artístico o Afro Reggae ia muito bem, no que diz respeito à educação era evidente que algumas lacunas não estavam sendo preenchidas um número considerável de jovens não freqüentava a escola, um outro tanto já chegava à maioridade sem ter concluído o segundo e em alguns casos nem o primeiro grau e, além disso, reinava o desinteresse por qualquer assunto que não tivesse a ver diretamente com a prática artística.
1999-2000: Consolidando as bases
Então, em 1999, o GCAR começava a pensar com mais profundidade em como elaborar uma prática educativa que atraísse o interesse dos jovens e, ao mesmo tempo, tivesse a cara do Afro Reggae, preservando o aspecto lúdico e prazeroso do processo. Sem dúvida, ainda há muito chão a trilhar nesse aspecto. Por outro lado, em março desse ano demos um importante passo no sentido do aperfeiçoamento das tecnologias de comunicação do Grupo: inauguramos a página na Internet “www.afroreggae.org”. Por outro lado, demoramos a nos organizar quanto à manutenção do mesmo, e o sítio apresentava precariedade no tocante à atualização (problema que só se resolverá no final de 2001). Ainda em 99 aconteceu a segunda turnê da banda pela Europa. Os países foram: Itália, França e Holanda. Mesmo passando por apenas 3 países, o período de permanência no velho mundo foi significativo: 74 dias. Nessas viagens, nós participamos de festivais de música e cultura, eventos em casas noturnas, teatros, etc. Também mantivemos uma vasta agenda social de intercâmbios com grupos locais, palestras e workshops. Em 2000 a Banda AfroReggae assina contrato com a Universal Music, tornando-se dessa maneira o primeiro grupo, no Brasil, surgido em uma favela e a partir de um projeto social a lançar seu disco de estréia por uma multinacional da área fonográfica. A ARPA se converte numa produtora de eventos com pessoa jurídica própria (mais informações no Histórico da ARPA) e passa a cuidar dos interesses comerciais da Banda, além de continuar promovendo eventos diversos. É criado o Prêmio Orilaxé. Em janeiro de 2000, por ocasião do sétimo aniversário do Grupo Cultural Afro Reggae, resolveu-se instituir uma premiação que valorizasse personalidades, das mais diversas áreas de atuação, que tivessem dado uma importante contribuição para o campo sociocultural. O prêmio representou a consolidação de uma tradição que vem dos primeiros anos de atividade do GCAR, consolidada agora em eventos de maior ressonância. Em março foi interrompida a publicação do Afro Reggae Notícias, acontecimento lamentado por todos uma vez que esta foi a primeira realização do Grupo Cultural
Afro Reggae. No entanto, essa interrupção serviu para que repensássemos todo o setor de comunicação do GCAR, visando ao incremento de todas as atividades relativas à comunicação. Ao longo desse ano o processo de investimento na educação, mencionado acima, começou a se consolidar, de modo que, no final desse mesmo período, já se podia perceber uma baixa significativa na quantidade de jovens participantes do projeto fora da escola, reduzida praticamente a zero. Naturalmente, muito ainda há para ser feito, sobretudo no que diz respeito à qualidade da educação oferecida pelo grupo em relação com os parâmetros da educação formal. Isso já é há muito tempo uma preocupação do Grupo e vem sendo incorporada aos novos projetos, já pensados para o novo século.
2001-2002: O futuro é agora
Em janeiro de 2001 a Banda AfroReggae lançou o CD Nova Cara, pela gravadora Universal Music, conforme anunciado no ano anterior. O lançamento extra-oficial foi durante o Rock´n Rio III, na Barra da Tijuca. A banda se apresentou na abertura do evento, ao lado da Orquestra Sinfônica Brasileira, interpretando Assim falou Zaratustra, de Jocham Strauss Jr., e na programação normal, na Tenda Brasil. Além disso, outros projetos do GCAR participaram do Rock in Rio a Trupe da Saúde e a Trupe do Levantando a Lona fizeram apresentações na Tenda Mundo Melhor, onde houve também debates com a participação do Grupo. O lançamento do CD da Banda AfroReggae (oficialmente em março, na sede da Universal, na Barra da Tijuca-RJ) coroou os anos de investimento visando a um objetivo que muitos julgavam inviável: o desvio de jovens moradores do caminho do narcotráfico e do subemprego. No final deste ano o Afro Reggae firmou o convênio com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social-BNDES para a construção de um novo centro cultural em Vigário. No ano seguinte, precisamente em setembro de 2002, o Centro Cultural Afro Reggae Vigário Legal foi demolido, dando lugar ao canteiro de obras que em breve será conhecido como Centro Cultural Waly Salomão, em homenagem ao poeta que teve uma presença importantíssima na história do grupo e, infelizmente, nos deixou em maio de 2003. A idéia é que esse novo centro cultural se torne uma referência não só para a comunidade, mas para a cidade como um todo, objetivando o investimento na potência criativa e inovadora das culturas produzidas na periferia e buscando interferir na vida coletiva do país. Com a demolição do antigo centro cultural, a prioridade do Afro Reggae em Vigário passou a ser o investimento nos trabalhos já consolidados, como o projeto Criança Legal e os SubGrupos que já estavam em atividade até o final de 2001. Surpreendentemente, nesse momento, em que esperávamos um certo refluxo no processo de crescimento do grupo nessa comunidade, aconteceu o contrário. Em 2002, quatro novos SubGrupos foram criados em VG Tribo Negra, Afro Mangue, Kitôto e um grupo de dança (cujo nome ainda não foi definido) e um quinto começou a se desenhar: um grupo de afoxé só de meninas. Foi nesse ano também que alguns desses grupos repensaram totalmente o seu trabalho, caso do Afro Samba e da Trupe da Saúde. Ainda em 2001, no mês de outubro, o Afro Reggae inaugurou, em Parada de Lucas, um projeto de extrema importância para nossos objetivos: o Rompendo Fronteiras. Inicialmente formado a partir de uma parceria com o CDI e a associação de moradores local, esse projeto é voltado para a área de informática e representou de ato o rompimento de uma fronteira bastante hostil. Afinal, desde 1983 as relações entre essa comunidade e a vizinha Vigário Geral eram marcadas pelos conflitos entre narcotraficantes, o que não raro impedia ações, relacionamentos ou desenvolvimento de projetos comuns às duas comunidades. Agora, com a presença do Afro Reggae consolidada em Lucas, estamos desenvolvendo a idéia de criação de um Centro Multimídia na favela, que disponha de computadores de primeira geração, curos diversos, programação visual, edição de vídeos, conexão rápida à Internet e muito mais.
Já em 2002, foi dado um novo passo. Em fevereiro, foi iniciada, no complexo Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, uma oficina de vídeo, cujo objetivo é capacitar jovens da comunidade e adjacências para produzir documentários ou peças de ficção numa linha de comunicação popular. A idéia é que a partir deste curso o GCAR forme um núcleo de audiovisual que possa absorver os próprios alunos em torno de uma equipe de produção profissional.
2003-2004: Da favela para o mundo
O ano de 2003 começa com um marco importante: o dia 21 de janeiro desse ano marcou a comemoração dos 10 Anos do Grupo Cultural Afro Reggae. Dessa vez o evento de aniversário e a cerimônia de entrega do Prêmio Orilaxé durou quatro dias. O primeiro, no teatro João Caetano, foi dedicado ao prêmio. Os dois seguintes aconteceram no SESC Tijuca, com debates e apresentações dos SubGrupos do Afro Reggae. O quarto e último dia de comemoração foi na Lapa, com um grande show da Banda AfroReggae, Makala e grandes artistas como Lenine, Jorge Mautner e Nelson Jacobina, Nando Reis, Frejat... O dia foi assinalado ainda por um dos maiores temporais que já caíram sobre a cidade, o que fez acabar a luz em toda a região menos no palco montado em frente aos Arcos, iluminado pelo gerador e impediu Caetano Veloso de chegar para sua apresentação, mas não impediu o público de festejar até o final, debaixo de chuva, junto com o Afro Reggae os 10 anos de sua história. Como esta era uma data marcante, todo o ano foi dedicado à comemoração dos 10 anos, cujo clímax aconteceu em 9 de setembro, com o lançamento do livro Da favela para o mundo, no Sesc-Flamengo. Escrito por José Junior, o livro narra a história do Grupo Cultural Afro Reggae desde os primeiros movimentos para organizar as festas que aglutinaram o grupo, passando pela edição do Afro Reggae Notícias e a consolidação do grupo, os acertos (e também os erros), os avanços e os planos de futuro. Naturalmente, essa é apenas parte da história e ainda há muito a construir. O ano de 2004 deve trazer muitas novidades: há a perspectiva do novo Centro Cultural, em vigário Geral; o novo CD da Banda AfroReggae; a inauguração do centro multimídia em Parada de Lucas e muito mais. De qualquer forma, esse ano começou bem, com a festa de 11 anos do grupo realizada no Canecão. Pela primeira vez, a comemoração aconteceu em fevereiro e num bairro da zona sul. Essa festa, entre outros argumentos, mostrou a evolução dos grupos artísticos formados pelo trabalho do Afro Reggae no caso presente, a trupe Levantando a Lona, o Kitoto, Afro Samba, Makala, e naturalmente a já experiente Banda AfroReggae e também a capacidade do grupo de juntar os diferentes pontos e as diversas esferas da cidade em um mesmo espaço, mostrando que as diferenças podem ser superadas e que alguns dos maiores problemas sociais, políticos e até econômicos de nosso podem encontrar uma solução nessa experiência de solidariedade e reconhecimento.
Chacina de Vigário Geral, no Rio, completa 22 anos
A ONG iniciou sua atividades em 1992 para promover fetas de reggae: ...Tudo teve início com a realização de uma festa de reggae, que aconteceu na seqüência de uma série de festas de funk que José Júnior, atual Coordenador Executivo do GCAR, vinha organizando desde 1992. Como, nesse mesmo ano, o funk tinha se tornado um ritmo proibido nas festas e bailes do Rio devido ao controverso arrastão da Praia do Arpoador houve a exigência de uma mudança. Essa mudança deu certo, não apenas porque a festa foi um sucesso, mas também porque levou à politização do grupo e motivou a realização de uma segunda festa: a Iª Rasta Reggae Dancing, que reuniu pessoas dos locais mais distintos como Baixada Fluminense, Zona da Leopoldina, Zona Sul e Zona Oeste..."
Mas repita mil vezes esta história do vídeo abaixo e surge uma versão incontestável de uma "verdade" em que a própria mídia passa a crer.
O coordenador do AfroReggae, José Júnior precisa mais do que nunca se explicar. Primeiro pelo padrão de vida que leva. Segundo a revista Alfa publicou, José Júnior só viaja de avião na classe executiva, não na econômica, e circula a bordo de um carrão, um Land Rover Freelander 2, avaliado em R$ 140 mil. Além disso afirma que por ser amigo de políticos tem acesso a muitas grifes caras como Reserva, Osklen, Adidas e Evoke. Como assim?
Mas o que mais chama a atenção é a sua defesa do traficante Elias Maluco. Vejam a reprodução abaixo.
Reprodução do Extra online
Quer dizer que Elias Maluco agora é inocente? Me poupe José Júnior. Ele diz que é “amigo pra c....” do bandido. Só assim para justificar essa absurda defesa. Na verdade José Júnior se for investigado a fundo tem muito que se explicar, a começar pela fuga dos bandidos do Alemão. Ele foi enviado por Cabral para – segundo ele - dar prazo aos traficantes se renderem, mas todos sabem que o que aconteceu foi a fuga em massa logo depois do “acerto” com o coordenador do AfroReggae.
Mas agora pasmem, o AfroReggae só no ano passado recebeu através de convênios, a maioria com os governos Cabral e Paes, R$ 20 milhões. O MP deveria fazer uma auditoria nessas contas, mas uma coisa é certa, José Júnior está levando vida de rei.
José Júnior, de camisa preta do AfroReggae e mais atrás de camiseta preta com a mão na cabeça, o irmão de Marcinho VP, que não queria aparecer, no dia da ocupação do Complexo do Alemão
Escola boa ministra português, matemática, ciências etc, num ambiente de disciplina, de ordem, em que o professor ensina, e o aluno aprende. Trata-se de uma obviedade, de uma tautologia. Mas esse conteúdo tem de ser repetido dia após dia porque poucas áreas estão tão sujeitas à feitiçaria entre modernosa e esquerdopata como a educação. As crianças são pilotos de prova de ONGs que nem sequer são especializadas na área. A reportagem abaixo é um tanto chocante, especialmente porque toca numa das vacas sagradas dos descolados do morro e do asfalto: a tal AfroReggae. Estamos diante de um daqueles casos em que se pode até chutar o traseiro de Jesus Cristo, mas não ouse questionar o “intelectual” e “pensador” José Jr, o chefão da ONG. Ele opinou até sobre os assassinatos no Pará…
Sabem por que a escola em que funcionam o Criança Esperança e o AfroReggae é a pior do Rio? Eu explico: criança precisa aprender português, matemática e ciências. Ela não precisa aprender a bater lata e a dançar. Isso ela faz sozinha, sem a ajuda do professor. Experiências como a que há lá só servem à exibição turística e contentam a tese de alguns descolados. Escola não pode ser campo de concentração, mas também não é clube de recreação. A inversão de valores é tal no Morro do Cantagalo, como vocês verão, que há alunos por lá que acham tudo uma maravilha; só a escola é que atrapalha um pouco…
Por Raphael Gomide: O Complexo Rubem Braga, no Morro do Cantagalo, em Ipanema, abriga o Espaço Criança Esperança, da Rede Globo, o AffroReggae, o projeto Dançando para não Dançar e o Ciep Presidente João Goulart, da Secretaria Municipal de Educação. Já visitaram o local, inúmeras vezes, o prefeito Eduardo Paes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidenta Dilma Rousseff e o governador Sérgio Cabral. A primeira-dama da França, Carla Bruni já esteve no complexo, que recebe visitas diárias de turistas estrangeiros. O conjunto de favelas Cantagalo/Pavão-Pavãozinho recebeu R$ 71 milhões em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), um elevador panorâmico que virou ponto turístico e uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), instalada em 2009.
Paradoxalmente, apesar da permanente atividade cultural, da estrutura, da projeção e da atenção política, a escola municipal de Ipanema foi a que teve pior desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) entre as 970 avaliadas da rede municipal do Rio, 1,8 nos anos finais do Ensino Fundamental. No ano anterior, a nota havia sido 3,7. Na Prova Rio, feita em 2010, o resultado também foi ruim: 3,6, deixando a João Goulart em 683º, ainda no pior terço das escolas municipais. Nos anos iniciais do Ideb, resultado também decepcionante: é a segunda pior nota, 3,1, entre os colégios do município; no Ide-Rio (Índice de Desenvolvimento de Educação Rio), teve a 960ª posição, com 3,4.
“Os professores não passam muito as coisas. Não me surpreende em nada essa nota. É ruim. Os alunos não prestam atenção, por isso não sabemos nada. Os professores saem da sala quando os alunos estão fazendo bagunça. Só às vezes tem dever de casa. A aula é boa, mas os alunos bagunçam. Depois da refeição, todo mundo joga tangerina, fruta, um no outro, jogam comida debaixo da mesa, pegam a colher e a fazem de catapulta para jogar arroz…”, conta Joice Santos.
A entrada da João Goulart é uma porta de vidro, ladeada por uma bandeira do Brasil em um mastro. Dali, vêem-se uma escada com corrimão e, à direita, andaimes, carrinhos de transporte de material de obra, uma escada desmontável e tapumes – provavelmente restos de uma obra recente. A cinco metros da porta da escola está o projeto Criança Esperança, da Rede Globo; a outros 10 metros, o projeto Dançando para não Dançar; no andar de baixo, o grupo cultural Affroreaggae. Na sexta-feira (29), um grupo de cerca de 30 estrangeiros estava no local, rotina quase diária desde a instalação do elevador.
Caroline Corrêa, 14 anos, estudou na escola João Goulart até a 3ª série, mas saiu porque “não estava aprendendo nada”. Foi para a Escola Municipal Roma, uma das mais bem colocadas no município, com Ideb de 5,4 nos anos finais, o triplo da nota do ex-colégio. “É muita diferença”, disse Caroline.
“É curioso, mas nem tão surpreendente. Há muito preconceito no Brasil, muita desigualdade. O governo não está nem aí para a educação. Se a economia está bem, então está tudo ótimo. Mas educação é chave para um país. Parecem estar fazendo o mesmo que a Austrália: evitam educar os aborígenes para não perderem poder”, disse Ruth Hienna, de origem afro-aborígene.
A secretária de Educação, Cláudia Costin, afirmou ao iG que o mau resultado da João Goulart, divulgado em julho de 2010, também deixou todos no órgão “chocados”, por conta do “ambiente cultural rico” que cerca a escola. A secretaria mudou a direção e a coordenação pedagógica da escola este ano e instituiu uma série de programas de reforço e estendeu o horário de funcionamento para sete horas diárias.
O cantor baiano Márcio Moreno Márcio Moreno — o “Rei do Arrocha” — fez uma música especialmente para os policiais. Para os que não sabem, o “Arrocha” é um ritmo popular que vem fazendo sucesso já há algum tempo aqui na Bahia, e Márcio Moreno, que é soldado da PMBA, é seu expoente máximo. Abaixo, parte da letra de “Amor de Polícia”:
“Essa minha história de amor Lembro como tudo começou Te salvei de um assalto No meio da rua. Com medo e chorando me abraçou O teu porto seguro encontrou Não houve engano Foi amor À primeira vista.
Sei que às vezes eu sou duro Exige a profissão Como outra qualquer Tem seu lado bom Seu lado Herói Seu lado vilão. Peço Proteção a Deus antes de trabalhar Ao lado do povo eu vou sempre estar Disque 190 sou a solução.
Sou policial Mais tenho coração Sofro choro, amo igual a todos. Essa é a minha profissão Sou policial E uma família quer ter Te prometo amor á vida inteira Ao teu lado até morrer”
No Sudão, o Deputy Police Commissioner da UNMIS, um policial americano, e o Sector Commander, um policial alemão, realizaram uma visita relâmpago a região de Yei, local de trabalho do Major Silva, da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Em foco, o Major Silva, que é o team leader de Yei, explana aos policiais do comando da Operação de Paz sobre a rotina das atividades doTeam Site.(maio 2009)
O status de comandante carrega consigo um grande risco: o cometimento da injustiça. Existem dois fatores essenciais a se observar no exercício do comando, o primeiro, o objetivo a se alcançar, o segundo, as pessoas que farão o comando alcançar o tal mister. Que bom seria se todos os objetivos pudessem ser efetivados com ferramentas não-humanas, com máquinas ou com robôs. Mas isso não acontece, fazendo-se necessário que o comandante tenha a habilidade de mobilizar seus comandados, atingindo, assim, suas metas.
É importante que o comandante seja especialista no objetivo designado, mas não é suficiente. Retirar um motor de um carro, desmontá-lo, lubrificá-lo e remontá-lo, é algo tecnicamente possível e simples para um especialista em motores. Entretanto, é praticamente impossível fazê-lo sozinho, demandando que outras pessoas o ajudem no seu desiderato. Mas como convencer alguém a participar do procedimento? Temos duas soluções: ou recompensamos quem esteja disposto a realizar o trabalho, dando-lhe algo que deseja, ou encontramos quem realize o trabalho voluntariamente, de bom grado.
Dadas as necessidades da atualidade, sempre se procura recompensar (financeiramente) as pessoas que trabalham para alcançar dado objetivo que não necessariamente é seu. Aliado a isso, é consenso que quem trabalha não deve trabalhar sem tomar para si, em uma escala relativa, o objetivo firmado. Eis que os comandantes tem a função de tornar seus comandados imbuídos dum sentimento de comprometimento com sua causa, de identificação com os objetivos, sob pena de se estabelecer uma relação interesseira, onde ocorre tão-somente uma troca de recursos do comandante com o comandado. Resultado: o comandado só realizará, ou fingirá que realizou, o suficiente para ter direito à recompensa.
Militarismo: o oportunizador
Quando há uma relação de rigidez hierárquica entre comandante e comandado, aliada a um grande volume de regulamentação do relacionamento entre um e outro, incluindo outros procedimentos que influenciam o exercício do trabalho, é dada a oportunidade ao comandante de chegar aos seus intentos sem qualquer motivação nem envolvimento de seus comandados. O militarismo é um sistema que se encaixa nessa descrição, o que não significa que os comandantes militares atuam, todos, aproveitando-se dessa falha da organização militar.
A dificuldade do comandado se expressar, a distância estabelecida entre ele e quem comanda, possibilita que mesmo as injustiças que sejam cometidas sem intenção contra os comandados fiquem sem solução, já que o silêncio imposto pela subordinação é a tônica. Indo mais além, podemos dizer que sistemas inflexíveis como o militar são ideais para sujeitar os comandados sem qualquer contrapartida. Há quem faça isso por causas nobres (às vezes nobre apenas para si), outros por causas espúrias. Creio até que se as polícias ostensivas brasileiras não fossem militares, e não estivessem submetidas a tal relação, certamente a sociedade já teria sofrido muitos traumas, principalmente os advindos de greves, paralizações, etc., já que os recursos dedicados às polícias em nosso país, em regra, são escassos. Curioso paradoxo.
O que fazer, comandante?
Repito que o militarismo não obriga que os comandantes sejam impositores, mas que ele oportuniza, mais do que outros regimes, tal conduta — devendo ser questionado sob esse viés. Conheço muitos comandantes militares competentes, que envolvem seus comandados e que fazem com que tomem para si os objetivos do comando, se preocupando em preservá-lo e impulsioná-lo.
É difícil definir como deve um comandante se relacionar com seus comandados, mas uma palavra é fundamental nesse sentido: diálogo. Saber os porquês das pessoas sob sua responsabilidade, tratar individualmente cada problema, cada transgressão. Não procurar soluções imediatistas para impasses que demandam certa complexidade. Ouvir e permitir a participação, receber feedback. Recentemente, houve uma rusga entre dois ministros do Supremo Tribunal Federal, onde um deles pronunciou ao outro uma frase de significativo poder metafórico: “Saia às ruas, Ministro”. “Sair às ruas” é o que todo comandante deve fazer, ter contato com a realidade, que está mais nas pessoas do que nos objetivos aparentemente alcançados.