Agentes do Batalhão de Choque da Polícia Militar também participaram da operação para acabar com a manifestaçãoFoto: Luiz Gomes/Futura Press
Integrantes da comissão de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) constataram pelo menos uma irregularidade no tratamento dado aos 439 bombeiros presos na Corregedoria da Polícia Militar em São Gonçalo. Segundo os advogados que acompanham a prisão dos grevistas, o almoço só chegou por volta das 17h10 deste sábado. Os presos até então eram alimentados com ração fria: fruta, biscoito e pão. Apenas alguns familiares conseguiram entregar alimentos.
De acordo com um dos advogados da comissão, Aderson Bussinger, a OAB irá permanecer no local até conseguir entrar. Também exigem saber para onde serão levados os manifestantes e por quais crimes irão responder. "Estamos acompanhando a questão de perto e não vamos sair enquanto não tivermos acesso ao grupo preso. O comandante Mário Sérgio disse que nos daria acesso, mas ainda não conseguimos", disse Bussinger. Os manifestantes foram levados para São Gonçalo após o fim da invasão ao Comando-Geral dos Bombeiros, na Praça da República.
No local, também está preso um terceiro sargento do Exército, lotado no Batalhão de Santa Cruz. A corregedoria do Exército se desloca para o para o local para pedir que o militar seja levado para Santa Cruz. Dentre os presos, nove são oficiais - entre eles uma mulher, que é Segundo Tenente Enfermeira.
A cúpula da segurança pública do Rio cogitou a hipótese de levar as lideranças do movimento para uma unidade prisional dos bombeiros na Quinta da Boa Vista, na Zona Norte. O restante seria levado para uma unidade-escola da corporação em Jurujuba, em Niterói.
Líder dos bombeiros cita direitos humanos
Em entrevista ao Terra por telefone, um dos líderes do movimento de protesto do Corpo de Bombeiros, o cabo Benevenuto Daciolo, reclamou das condições das instalações onde os oficiais estavam. "Sem água, salas frias, sem ventilação, ninguém recebeu alimento, cadê os direitos humanos", disse ele, com a voz rouca.
Em entrevista ao Terra por telefone, um dos líderes do movimento de protesto do Corpo de Bombeiros, o cabo Benevenuto Daciolo, reclamou das condições das instalações onde os oficiais estavam. "Sem água, salas frias, sem ventilação, ninguém recebeu alimento, cadê os direitos humanos", disse ele, com a voz rouca.
Daciolo disse ainda que muitos ficaram deitados no "chão frio" e que não houve diálogo por parte do governo. No início da tarde desde sábado, Cabral fez um pronunciamento sobre a invasão dos manifestantes ao quartel central dos bombeiros. Ele afirmou que a invasão foi um ato abominável e intolerável. "Não há negociação com vândalos, não negocio com vândalos", disse o governador. Para Daciolo, Cabral, "é omisso, tem muitos adjetivos, mas não poderia ser governador". Segundo o bombeiro, a corporação vive "um problema ditatorial em pleno século XXI".
A respeito da troca no comando no Corpo de Bombeiros anunciada por Cabral - o comandante da Defesa Civil da capital, coronel Sérgio Simões, para o cargo do coronel Pedro Machado -, Daciolo afirmou que nãos sabia da troca. No entanto, disse que "qualquer outro é melhor do que o coronel Pedro".
Manifestação e invasão de quartel
Parte dos cerca de dois mil manifestantes que invadiram o quartel dos Bombeiros na sexta-feira fizeram um escudo humano com as mulheres que participaram do protesto para impedir a entrada da cavalaria da PM no local. Um carro que estava estacionado no pátio do quartel foi manobrado para bloquear a entrada.
Parte dos cerca de dois mil manifestantes que invadiram o quartel dos Bombeiros na sexta-feira fizeram um escudo humano com as mulheres que participaram do protesto para impedir a entrada da cavalaria da PM no local. Um carro que estava estacionado no pátio do quartel foi manobrado para bloquear a entrada.
Na noite de sexta-feira, o comandante do Batalhão de Choque, coronel Waldir Soares Filho, foi foi ferido na perna. "Agora a briga é com a PM", avisou o comandante-geral, Mário Sérgio Duarte, ao saber da agressão. Ele foi ao pátio da corporação com colete a prova de balas e bloqueou com carro a saída do QG. Por volta das 22h, alertou que todos seriam presos se não deixassem o quartel. Mário Sérgio prendeu o ex-corregedor da PM coronel Paulo Ricardo Paul, que apoiava o protesto. O secretário de Saúde e Defesa Civil do estado, Sérgio Côrtes, decidiu antecipar a volta dos EUA ao Rio.
Os bombeiros espalharam faixas, a maioria pedindo "socorro" para a categoria. Relações públicas da corporação, o coronel Evandro Bezerra afirmou que caberia à Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil decidir o que seria feito. A manifestação teve início por volta das 14h, na escadaria da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Mais de 4 mil pessoas participaram do protesto, que seguiu pela área central de vias como a rua Primeiro de Março e a avenida Presidente Vargas. Os manifestantes soltaram fogos de artifício e foram acompanhados por policiais militares, mas o protesto seguiu de forma pacífica. De acordo com estimativas dos líderes da manifestação, mais de 5 mil pessoas participaram da passeata.
Os protestos de guarda-vidas começaram no mês passado, com greve que durou 17 dias e levou cinco militares à prisão. A paralisação acabou sendo revogada pela Justiça. Eles voltaram às ruas com apitaço e fogos de artifício. À tarde, pelo menos três mil protestaram na escadaria da Assembleia Legislativa (Alerj). Um dos líderes do movimento, cabo Benevenuto Daciolo, explicou que eles voltaram às ruas porque até agora não teriam recebido contraproposta do estado sobre a reivindicação de aumento do piso mínimo para R$ 2 mil. Segundo ele, os guarda-vidas recebem cerca de R$ 950.
Nenhum comentário:
Postar um comentário