"O fim do Direito é a paz; o meio de atingi-lo, a luta. O Direito não é uma simples idéia, é força viva. Por isso a justiça sustenta, em uma das mãos, a balança, com que pesa o Direito, enquanto na outra segura a espada, por meio da qual se defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a impotência do Direito. Uma completa a outra. O verdadeiro Estado de Direito só pode existir quando a justiça bradir a espada com a mesma habilidade com que manipula a balança."

-- Rudolf Von Ihering

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quarta-feira, 6 de março de 2013

rvchudo: Uma análise jurídica sobre o "processo dos Távora"...




No ano de 1758, o rei português D. José I foi vítima de um atentado dentro de seu próprio país. A partir daí, sob a acusação da prática dos crimes de Traição e Lesa-Majestade, procedeu-se uma perseguição a membros de algumas das principais famílias da nobreza de Portugal, especialmente o Duque de Aveiro e o Marquês de Távora. Tal perseguição culminou num julgamento de cunho político repleto de irregularidades jurídicas e numa execução bárbara com requintes de crueldade que entrou para a história como "O Processo dos Távora". 


"O Processo dos Távora", igualmente cognominado de "O Caso dos Távoras" é um episódio histórico muito famoso em Portugal, mas que permanece até os presentes dias cercado de lacunas e pontos obscuros tanto do ponto de vista fático quanto jurídico.


Como se trata de um acontecimento praticamente desconhecido no Brasil e pelo fato de aqui serem residentes e domiciliados vários descendentes das famílias envolvidas nessa tragédia, pareceu-me oportuno escrever a respeito do tema.

A história remonta o ano de 1750, quando El-Rei Nosso Senhor de Portugal, D. João V (tratamento conferido aos reis da época) nomeou D. Francisco de Assis (o Marquês de Távora), para o cargo de Vice-Rei da Índia. Assim, em março daquele ano o Marquês de Távora partiu para a Índia com o intuito de representar a Coroa Portuguesa naquele país, acompanhado de sua esposa D. Leonor Tomásia de Távora [01] (a Marquesa de Távora) e seus filhos Luís Bernardo (o Marquês-novo) e José Maria, deixando em Portugal suas duas filhas casadas e a esposa de Luís Bernardo, Teresa de Távora e Lorena (a Marquesa-nova).

Enquanto D. Francisco de Assis estava em Goa, na Índia, o rei D. João V faleceu, assumindo o trono o até então príncipe D. José (agora El-Rei D.José I).

Ao regressarem a Portugal, após quatro anos de bem sucedido governo de D. Francisco de Assis na Índia, os Marqueses de Távora foram informados por amigos e parentes que a esposa de Luís Bernardo de Távora, D. Teresa de Távora [02] havia se tornado a amante preferida do rei D. José I, e que esse relacionamento amoroso adulterino já era de conhecimento público. Indignada com a situação, D. Leonor passou a pleitear a anulação canônica do casamento de seu filho Luís Bernardo e exigiu que o mesmo não mais convivesse maritalmente com D. Teresa. 

A posição radical adotada pela Marquesa de Távora em relação ao casamento do filho mais velho, aborreceu extremamente o rei D. José I, o qual mandou seu principal ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, tentar convencer os Marqueses de Távora de que D. Teresa deveria retomar a vida conjugal normal com o marido Luís Bernardo de Távora. Contudo, os Marqueses se mostraram irredutíveis. Posteriormente, o próprio rei D. José I solicitou pessoalmente a D. Francisco de Assis que fosse relevado o "suposto affair" de D. Teresa com aquele regente em troca de favores e títulos no governo, mas D. Francisco de Assis recusou a proposta do rei, irritando-o mais profundamente ainda.

Pouco tempo depois, em 1º de novembro de 1755, dia de feriado religioso católico português denominado "Dia de Todos os Santos", a cidade de Lisboa (capital do Império Português) sofreu um terrível terremoto que destruiu casas, igrejas, edifícios e palácios, e que foi sentido inclusive em outras cidades do Reino. Não se tratou de mais um dos tantos abalos sísmicos a que os europeus estavam acostumados, mas sim o pior da história do velho continente já registrado. Além do terremoto, Lisboa foi inundada por um grande maremoto e depois ficou ardendo em chamas durante seis dias.


Os membros do clero de Portugal encararam essa catástrofe natural como uma revolta de Deus em relação aos amores adulterinos do rei D. José I e de sua política de governo, da qual era figura fundamental o ministro Carvalho e Melo. Um dos sacerdotes mais exaltados foi o padre Gabriel Malagrida, o qual chegou a escrever um manifesto intitulado "Juízo da Verdadeira Causa do Terremoto" descrevendo o cataclismo como punição divina aos pecados dos governantes do país e profetizando novos desastres se os culpados continuassem a agir daquela forma; o que provocou a ira do rei e do ministro Carvalho e Melo. 


É imperioso mencionar que o rei D. José I não gostava de governar e delegava a maioria de seus poderes, principalmente para o seu ministro de confiança Sebastião José de Carvalho e Melo (o qual futuramente foi nomeado Marquês de Pombal [03]). Desse modo, determinados membros da nobreza começaram a se incomodar com o fato de uma pessoa considerada de origem inferior a deles deter cada vez mais poder prestígio e importância no Reino.

Foram nessas circunstâncias que se esboçou um movimento palaciano contestatório, encabeçado pelo desembargador Costa Freire, com o fulcro de derrubar o governo e substituí-lo por outro, a ser constituído por alguns membros da nobreza portuguesa. 

Posto isso, em 03 de setembro de 1758, deu-se o incidente que mudou a história. Nessa noite, o rei D. José I saiu secretamente para uma breve visita a sua amante predileta, D. Teresa de Távora. Tanto era secreto esse encontro que alguns dias antes o rei havia decretado luto oficial no país em virtude da morte de sua irmã Maria Bárbara, ex-rainha da Espanha; fato esse que impedia as saídas dos membros da Família Real do Paço que habitavam em Belém, depois do terremoto em Lisboa. Desse modo, o rei não se serviu da carruagem nem da escolta reais.

Ao retornar do encontro com a Marquesa-nova, o monarca tomou a estrada de volta ao Paço, quando por volta das onze e meia da noite, homens encapuzados abriram fogo de clavina e pistola sobre a carruagem que transportava o soberano, ferindo-o no ombro e braço direitos, bem como nas costas. Contudo, o cocheiro conseguiu escapar levando o rei até a casa do Marquês de Angeja [04], na Junqueira, onde permaneceu até o amanhecer, quando regressou ao Paço numa carruagem real e escoltado por um corpo de Dragões.

Depois do ocorrido, o rei D. José I ordenou que o ministro Carvalho e Melo procedesse a uma investigação sobre o atentado [05] com o intuito de apenar os culpados. Sendo assim, o aludido ministro se aproveitou da situação utilizando o atentado sofrido pelo monarca como pretexto para deflagrar um processo de perseguição aos maiores opositores deles (ou seja, pessoas contrárias ao rei e ao ministro), culpando e incriminando setores do clero e da nobreza pelos crimes de Traição e Lesa-Majestade.

As principais retaliações sofridas pelo clero foram à queda da Companhia de Jesus, o encarceramento de figuras exponenciais do alto e baixo clero e até mesmo a morte de alguns deles.

Por sua vez, no que tange à nobreza, foi criado expressamente para julgar as pessoas as quais se atribuíam à culpa da tentativa de regicídio um órgão denominado Tribunal da Inconfidência; porém os juízes encarregados do caso jamais lograram provar substancialmente uma inteira e líquida culpabilidade dos réus, pois as provas eram tão fracas e inconsistentes que às vezes nada mais eram do que deduções extraídas do que indivíduos teriam dito ou ouvido pelas ruas, e as confissões obtidas de alguns réus teriam sido conseguidas por intermédio de coação física.

É nesse contexto que deve ser analisada a confissão do Duque de Aveiro, o qual sob tortura chegou a confessar muito mais do que lhe fora perguntado, implicando na conjura todos aqueles que sabia terem caído no desagrado do Rei e de seu todo-poderoso ministro. Por conseguinte, asseverou que o desacato havia sido cometido por instigação dos padres jesuítas, tendo como cúmplices os nobres Marquês de Angeja, o Conde de Avintes, os Condes da Ribeira Grande, Óbidos e São Lourenço, os Marqueses de Távora pai e filho, José Maria de Távora e o Desembargador Costa Freire [06]. Todavia, por ordem do ministro, o conteúdo dessa "confissão" não serviu para incriminar a totalidade das pessoas nele envolvidas, mas apenas as que lhe interessavam.

Ademais, a Marquesa Leonor de Távora nunca esteve presente no Tribunal e sequer foi inquirida pelos juízes, pois nem se sabia que ela estava entre os acusados. De fato, só quando o desembargador Eusébio Tavares de Sequeira (o qual houvera sido incumbido pelo próprio rei de proceder à defesa dos inculpados) requereu a Carvalho e Melo os quesitos do processo e inculpação para redigir tal defesa, é que o ministro lhe comunicou que ela era um dos principais acusados.


Vale ressaltar a incrível celeridade com que ocorreram os derradeiros atos da marcha processual, pois a defesa dos réus foi entregue no dia 11 de janeiro de 1759 às quatro horas da tarde e nesse mesmo dia a Junta conclui os autos e requereu ao rei permissão para agravar as penas previstas em lei. No dia 12, foi concluída a devassa, redigida a sentença, comunicada aos réus e executada na manhã do dia 13.


Destarte, o julgamento em tela foi em tudo contrário às leis e a justiça, mesmo porque consoante o escritor português Luiz Lancastre e Távora [07] há registros de que a sentença já se encontrava previamente lavrada antes mesmo do término do julgamento. Tanto isso é verdade que nem os juízes cuidaram em averiguar um único fato alegado pelos réus em sua defesa ou em inquirir uma só testemunha por eles oferecidas.

Não obstante, passa-se, enfim, à parte das sentenças: ao Duque de Aveiro e ao Marquês de Távora pai seria aplicada a pena de serem rompidos em vida, quebrando-lhes os ossos das pernas, braços e peito a golpes de maça, estando seus corpos atados às rodas, após o que seria queimados, sendo as cinzas jogadas ao mar. D. Leonor teria a cabeça decepada à espada pelo carrasco, o qual após expor a cabeça ao povo deveria queimá-la juntamente com o restante do corpo e lançar as cinzas ao mar. O Marquês Luís Bernardo, José Maria Távora e o Conde de Atouguia seriam logo garrotados e só depois quebrados os ossos das pernas e braços, antes de serem seus corpos lançados na mesma fogueira que os predecessores. Pena igual aplicar-se-ia aos criados Manuel Álvares e João Miguel, assim como ao cabo Brás Romeiro. António Álvares e José Policarpo de Azevedo seriam atados em postes altos e queimados em vida, tendo suas cinzas o mesmo destino das dos outros réus. Além disso, todos foram condenados a desnaturazilação de Portugal, exautoração das honras e privilégios da nobreza a que tinham direito e total confisco de bens. 

Ademais, no tocante especificamente à família Távora, ficava de futuro proibido o uso do sobrenome Távora; determinava-se que suas armas fossem picadas e raspadas onde quer que se encontrassem; o restante das mulheres deveriam ser separadas dos filhos (os quais ficavam obrigados a professar) e encerradas em conventos; e suas casas arrasadas e salgados os chãos onde se erguiam para eterna lembrança desse castigo.

A execução da sentença ocorreu no sítio de Belém, no chamado Cais Grande, onde se construiu especialmente para tal feito um alto e grande patíbulo [08] todo em madeira sobre o qual se encontravam os postes, as rodas, as aspas e todos os outros apetrechos necessários a sua realização; e onde até hoje existe um pelourinho.

À luz do exposto, percebe-se que todo o processo foi uma farsa, levada a cabo para ocultar, sob uma aparência de legalidade, uma das mais atrozes vinganças pessoais e uma política de governo autocrática e absoluta, constituindo-se "O Processo dos Távora" num ato meramente político e sendo o Tribunal da Inconfidência tão-somente um instrumento da política pombalina.

Alfim, faz-se-mister ressaltar que após a morte do rei D. José I e da saída do Marquês de Pombal do governo português, a nova rainha D. Maria I ordenou que se procedesse a um inquérito sobre a atuação do ex-ministro e consentiu na revisão do processo dos Távora. Nesse sentido, os juízes que examinaram a petição de revisão da sentença condenatória dos Marqueses de Távora, filhos e genro, o Conde de Atouguia, consideraram -lhes inocentes face às provas que haviam sido usadas para incriminá-los; reabilitando-se a Memória da família Távora e devolvendo-se, na medida do possível, os títulos e bens a que tinham direito.
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Notas

01 Leonor Tomásia de Távora e Francisco de Assis eram primos legítimos entre si e tiveram o casamento arranjado desde cedo pelos respectivos pais (como era de praxe na época). Ela era herdeira da Casa dos Távoras e ele era filho do Conde de Alvor. Desse matrimônio nasceram 13 filhos, dos quais 09 pereceram em tenra idade, sobrevivendo só dois homens e duas mulheres, a saber: Mariana Bernarda de Távora (primeiro rebento do casal), Luís Bernardo de Távora (o primeiro filho homem do casal), José Maria de Távora e Leonor de Lorena e Távora.
02 Teresa de Távora e Lorena (a Marquesa-nova) era filha do Conde de Alvor (portanto, irmã de Francisco de Assis) e nasceu com poucos dias de diferença de Luís Bernardo. Assim, em tom de jocosidade, o Conde de Alvor dissera que deveria ficar desde logo aprazado o casamento da tia com o sobrinho legítimo; o que para a desgraça da família realmente viera a se concretizar em 1742.
03 O título de Marquês de Pombal foi instituído em benefício de Sebastião José de Carvalho e Melo por decreto do rei D.José I em 16 de Setembro de 1769. 
04 O qual era cunhado do rei D. José I.
05 Na realidade, nunca se descobriram as verdadeiras pessoas nem motivações envolvidas por trás daquele incidente, existindo diversas teorias a respeito. Pessoalmente, filio-me a corrente que sustenta trata-se o atentado ao rei D. José I de uma simples tentativa de assalto, muito comum àquela hora e local.
06 O qual já havia sido castigado há bastante tempo com o desterro para Angola, na África.
07 D. Leonor de Távora. O Tempo da Ira. O Processo dos Távora, 3.ed., Lisboa: Quetzal, 2003. (Livro que serviu de base à redação do presente artigo).
08 Concluída com êxito a execução da sentença, fora ateado fogo no patíbulo, transformando-o em uma enorme fogueira e fazendo com que a maior parte das cinzas dos mortos sujassem casas e telhados já distantes, na Junqueira e Ajuda.

Resguardando as devidas proporções na comparação com eventos atuais, não estamos na idade média. Os erros do passado são o remédio para as injustiças do presente.


No Direito Administrativo Militar, exige-se que a acusação seja certa, objetiva, circunstanciada e o fato imputado ao servidor público subsumido em um tipo legalmente previsto, decorrendo tais exigências dos Princípios da Legalidade e da Segurança Jurídica.


Não se concebe mais o denuncismo irresponsável, pois o Direito já conviveu por muito tempo com este tipo de postura estatal. O curso da História revelou muitas opressões e injustiças, causadas pelo apenamento de pessoas idôneas e ilibadas, que caíram em desgraça por exporem seus ideais de vida e políticos.

Assim sendo, como é vedada uma decisão desarrazoada ou arbitrária, é também defesa uma acusação que não seja circunstanciada, revelando-se incompleta e insubsistente, sem substrato de legalidade, originada do excesso/abuso de poder da Autoridade Administrativa Superior.

“O militar que abusa da autoridade ou é um mal intencionado que colima fins diversos do bem público, sendo, portanto, um agente que atua por dolo; ou é um incapaz, que por desconhecer dos recursos que lhe outorga a administração, pó culpa, elege indevidamente os meios e recursos para o alcance dos desideratos da administração castrense, agindo também com abuso de poder”.

04. MARTINS, O militar vitima..., p.31.



Hugo Chávez morre de câncer, aos 58 anos, em Caracas



5 de março de 2013


Do Opera Mundi
 

Após um tratamento de dois anos e quatro cirurgias contra um câncer, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, faleceu nesta terça-feira (05/03), aos 58 anos. Militar e político, Chávez nasceu em 28 de julho de 1954, em Sabaneta, Estado de Barinas. Criado pela avó paterna, o presidente entrou no Exército Nacional da Venezuela em 1971, onde desenvolveu interesse pela política.
Chávez foi cofundador, em 1982, do MBR200 (Movimento Bolivariano Revolucionário 200), em meio à crise econômica e social que, em 1989, culminou com o “Caracazo”, revolta popular em repúdio ao pacote de medidas econômicas neoliberais. Naquele período, os 10% mais pobres da população detinham apenas 1,6% do PIB (Produto Interno Bruto), enquanto os 10% mais ricos, 32%. A pobreza alcançava 85% da população e as classes A e B, somadas, representavam apenas 3,5% dos venezuelanos.
Revoltado com a repressão, que gerou milhares de mortos, o MBR200 organizou, em 4 de fevereiro de 1992, três anos após o "Caracazo", uma sublevação militar contra o presidente Carlos Andrés Pérez que, embora tenha fracassado como golpe de estado, permitiu catapultar para o cenário nacional o líder maior do movimento: Chávez.
Ele ficou preso por dois anos e recebeu indulto do presidente Rafael Caldera (1994-1999). Chávez então se candidatou à eleição presidencial de 1999 com o apoio do MVR (Movimento Quinta República) e foi eleito o 52º presidente de Venezuela, com base no ideal da “Revolução Bolivariana”, amparada no chamado “Socialismo do século XXI”. O ideal tem como centro um Estado forte, provedor de direitos e regulador da economia, com expressiva participação direta na propriedade dos meios de produção.
Em 1999, Chávez inicialmente advoga pela mudança da Constituição da Venezuela de 1961, impulsionando um referendo constituinte que foi aprovado por votação popular. Em seguida, é realizado um referendo constitucional, que resultou na ratificação da Constituição da Venezuela de 1999. O presidente convoca novas eleições em 2000 e é reeleito com 55% dos votos.
Chávez dá início ao desmantelamento do sistema político que havia herdado da chamada IV República. Amparado por maioria parlamentar, os partidários de Chávez puderam adotar uma série de mecanismos plebiscitários e de participação política que detonaram o controle institucional antes exercido pelo bipartidarismo da AD (Ação Democrática) e do democrata-cristão Copei. Esses setores perdem hegemonia sobre a Assembleia Nacional, o Poder Judiciário e as Forças Armadas.
No final de 2001, Chávez sentiu-se forte para deslanchar suas primeiras reformas estruturais na economia. As principais foram a Lei de Terras (que fixou os parâmetros de reforma agrária) e dos Hidrocarbonetos (que aumentou impostos sobre as companhias privadas e o controle governamental sobre a atividade petroleira).
O ambiente de mudanças leva a oposição política ao presidente a organizar um golpe de Estado em 2002 e Chávez é retirado do poder por dois dias. Seu lugar é ocupado pelo industrial venezuelano Pedro Carmona, presidente da Fedecámaras. Após forte pressão popular e amparado na lealdade de setores do exército, o presidente é restituído ao poder.
A tensão política continua, com enfrentamentos nas principais cidades venezuelanas – o mais emblemático na Praça Altamira, de Caracas – e a paralisação petroleira entre dezembro de 2002 e fevereiro de 2003.
No final de fevereiro de 2002, Chávez decidiu demitir os gestores da companhia estatal PDVSA (Petróleos da Venezuela), envolvidos no golpe. Em reação, e para tentar forçar a saída do presidente, os opositores se apoderaram do controle sobre os poços de petróleo. A operação de metade dos 14.800 poços de petróleo da companhia, que representam 95% da produção do país, foi paralisada devido à greve dos trabalhadores, deixando a população sem combustível e comida.
A Coordinadora Democrática (uma coligação de partidos de direita e de esquerda, liderados pela Súmate, ONG anti-chavista) organizou no final de novembro de 2003 a coleta de assinaturas para um referendo revogatório, previsto na nova Constituição venezuelana. Em 15 de agosto de 2004, 58,25% dos votantes apoiaram a permanência de Chávez na Presidência até ao fim do mandato, em dois anos e meio. Em 2006, Chavez foi novamente reeleito presidente após vencer o deputado Manuel Rosales, com 62,9% dos votos.
Em 2 de dezembro de 2007, os venezuelanos votam plebiscito sobre uma reforma à Constituição, proposta por Chávez. O povo teve a opção de aprová-la, votando "Sim", ou de rejeitá-la, votando "Não". Ao fim, os eleitores rejeitaram as propostas de emendas por pouco mais de 50% dos votos. Chávez reconheceu a derrota. Em 2009, uma emenda constitucional que coloca fim ao limite para a reeleição aos cargos públicos é aprovada com 54,86% dos votos.
Em setembro de 2010, ano marcado por dificuldades na economia venezuelana, abalada pelos efeitos da crise econômica mundial, o chavismo conquista 60% das cadeiras da Assembleia Nacional. Pela primeira vez desde 1999, data em que a nova Constituição entrou em vigor, a oposição participou da eleição parlamentar.
Em junho de 2011, Chávez revela durante visita oficial a Havana que sofre de um câncer. Naquele momento, ele já havia sido operado, com sucesso. Nos meses seguintes, o presidente venezuelano é submetido a ciclos de radio e quimioterapia e a mais quatro cirurgias. Ele se candidata em 2012 à reeleição.
A campanha eleitoral é encerrada debaixo de chuva em 4 de outubro com um  megacomício na capital venezuelana, Caracas. Em 7 de outubro de 2012, o líder venezuelano é eleito pela quarta vez presidente da Venezuela, após derrotar nas urnas o rival, Henrique Capriles, com 54% dos votos. Dois meses depois, em 8 de dezembro, o presidente informa que o câncer havia retornado. Ele falece em Caracas, duas semanas depois de retornar de Cuba.

Mulheres da Via Campesina ocupam multinacional de agrotóxicos em Taquari



6 de março de 2013





Da Página do MST


Nesta manhã, 600 mulheres da Via Campesina ocuparam a empresa fabricante de agrotóxicos Milenia em Taquari/RS, situada na Avenida Júlio de Castilhos, 2085, Taquari-RS.


A companhia faz parte do grupo israelense Makhteshim Agan, fabricante de agrotóxicos, sendo a maior unidade industrial localizada fora de Israel. Esta ação serve para denunciar o modelo de agricultura que se baseia na utilização de grandes quantidades de agrotóxicos que, segundo as mulheres, destrói o meio ambiente e ameaça a soberania alimentar do país.


Segundo as militantes, no Brasil a venda de agrotóxico nos últimos 10 anos ultrapassou os 190%, ainda que cada brasileiro consome cerca de 5,2 litros de agrotóxico por ano através da alimentação. Estes mesmos dados informam que as propriedades com mais de 100 hectares são as que mais utilizam defensivos na produção de alimentos.


Jornada no Rio Grande do Sul


As mulheres da Via Campesina, do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) e do Levante Popular da Juventude do Rio Grande do Sul, realizam entre os dias 6 a 8 de março, a Jornada Nacional de Luta das Mulheres do Campo e da Cidade.


Outras 400 mulheres ligadas ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Conselho Municipal da Mulher e Escola Família Agrícola, se reúnem em Santa Cruz do Sul, onde realizam estudo pela manhã e uma marcha no centro da cidade, tendo como tema de denúncia a violência praticada contra as mulheres e alimentação produzida com agrotóxicos. 


Segundo Rosieli Ludtke, da Direção Nacional do MPA “as ações visam denunciar o modelo agroalimentar exportador que controla toda a cadeia produtiva de alimentos e ameaça a soberania alimentar da nação. Reivindicamos o direito de produzir alimentos saudáveis em um modelo de agricultura que preserva o meio ambiente, livre de transgênicos e das monoculturas de exportação”.


Jornada Nacional de Luta das Mulheres do Campo e da Cidade


A Jornada Nacional acontece desde 2006 e congrega ações articuladas nacionalmente pelas mulheres dos movimentos que compõe a Via Campesina, pelas mulheres do MTD e do Levante Popular da Juventude. Ao longo desses anos, diversas ações foram protagonizadas pelas mulheres como forma de luta e resistência à opressão e à dominação que sofrem na esfera privada e pública pelo sistema machista e patriarcal.



A Jornada aglutina as demandas das mulheres dos movimentos sociais através de ações conjuntas, que evidenciam as diversas formas de violência sofridas no cotidiano. Em 2013, o tema “Por vida e soberania alimentar, basta de violência contra a mulher” evidencia a falta de condições para produzir alimentos saudáveis como uma forma de violência que afeta diretamente a vida das mulheres.

A redução dessa violência, segundo as mulheres, passa pela produção de alimentos saudáveis, preservação das sementes crioulas, práticas agroecológicas sem agrotóxicos, a realização de uma reforma agrária e urbana que atenda aos interesses do povo brasileiro e mudanças estruturais nas relações entre as pessoas e destas com o meio ambiente.




http://www.mst.org.br/Mulheres-da-Via-Campesina-MTD-e-Levante-realizam-acoes-no-RS

terça-feira, 5 de março de 2013

Propaganda preconceituosa propagando o preconceito


Juliana Silva


Olá, voltamos este ano aos trabalhos com uma cena chocante.
Uma ação de marketing causou polêmica nas redes sociais e repercutiu na imprensa. Na Feira Internacional sobre cabelos que aconteceu em São Paulo, a Beauty Fair 2012, a marca Cadiveu fotografou os visitantes com uma peruca Black Power e uma placa com a frase: “Eu preciso de Cadiveu".
Usuários das redes sociais sentiram-se ofendidos com a campanha, classificada como de mau gosto e preconceituosa por tratar os cabelos crespos como mau a ser “curado”.
As criticas levaram a fundadora da empresa a postar uma mensagem de esclarecimento que piorou as polêmicas, pois ela tratou a ação com uma “brincadeira”. Ora, brincar com a imagem de uma etnia que por anos sofre de preconceito, sendo retratados como pessoas do cabelo ruim, sendo ridicularizados por usar seu cabelo natural, black power. Essas pessoas... Nós sofremos preconceito com este tipo de piada. Na rua, somos taxados como loucos por usar o cabelo natural e não alisar o “cabelo ruim”.
Por que o meu cabelo é ruim? Porque ele não segue seu padrão de embranquecimento social?
Isso não é uma singela brincadeira. É preconceito e nos atinge, sim!
Há diversos penteados blacks pelas ruas sendo ridicularizados e esse tipo de ação apoia e propaga a ridicularização e humilhação do cabelo negro. A identidade negra foi construída a partir da discriminação de uma sociedade que via o negro como desumanizado, como mercadoria, como inferior, como feio. O corpo do negro, então, recebeu denominações que o menospreza: se o branco tinha cabeça, cabelo, lábios, nariz e pele, o cidadão afro tinha carapina, pixaim, beiço, venta, o que resultou em uma imagem distorcida que humilha e ridiculariza o negro.
Segundo Nelson Inocêncio, “na cultura visual brasileira, o corpo negro aparece como a antítese do que se imagina como normal. É um corpo cuja representação está associada ao que há de mais caricato, como se ele existisse justamente para demonstrar o contrário do humano. O corpo negro amedronta, porque a ele foi atribuída uma noção de força que se sobrepõe ao intelecto. Esse mesmo corpo provoca risos porque sua leitura está vinculada a comparações que o animalizam”.
Considerando essa realidade, como podemos esperar que o negro se aceite, se identifique, e valorize suas características estéticas? É necessária uma desconstrução dessa imagem, possível através de uma educação que promova a divulgação e discussão de uma ancestralidade africana, que vê o belo exatamente nessas formas que são inaceitáveis na estética brasileira: o cabelo crespo, os lábios grossos, o nariz largo, a pele escura, devem ser vistos como diferentes, como mais uma etnia que compõe o povo brasileiro, mas não como inferiores. O cabelo representa resistência, demonstra nossa cultura e não deve ser ridicularizado.
Ações como a dessa marca denigrem a imagem do negro, ridiculariza, destrói a autoestima de toda uma etnia, uma cultura. Não precisamos disso! Precisamos de afirmação identitária e cultural. Repudiamos ações discriminatórias e vexatórias como essas.
Obrigada pelo seu acesso. Axé!

sábado, 2 de março de 2013

Nova Iguaçu pode receber, enfim, um novo batalhão da Polícia Militar

 O coronel Erir Ribeiro, o prefeito Nelson Bornier e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, discutem o projeto que prevê a implantação de um novo batalhão da PM em Nova Iguaçu Foto: Cléber Júnior / Agência O Globo


Marcos Nunes
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O primeiro passo para a Baixada Fluminense ganhar mais um batalhão da Polícia Militar — a região já conta com seis unidades — foi dado ontem em Nova Iguaçu. O prefeito Nelson Bornier apresentou ao secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e ao comandante da PM, coronel Erir Ribeiro, um projeto para construção de uma nova unidade militar, que deverá atender exclusivamente aos 800 mil habitantes do município da Baixada Fluminense.

Atualmente, Nova Iguaçu, que não tem um batalhão sediado no município, é atendida pelo 20 BPM, que fica em Mesquita. O terreno escolhido para a construção da nova unidade tem 20 mil metros quadrados — o equivalente ao tamanho de dois campos de futebol —, foi doado à prefeitura, que o repassou ao estado. A área fica localizada às margens da Avenida Abílio Augusto Távora (Estrada de Madureira), no bairro Marapicu, próximo aos conjuntos Grão-Pará e Dom Bosco.

Os dois conjuntos habitacionais ainda sofrem forte influência do tráfico de drogas. No primeiro, durante a eleição municipal no ano passado, um caveirão da PM precisou ser posicionado em frente a um Ciep, para dar segurança aos eleitores.

Já no Dom Bosco, em setembro, uma equipe que participava da campanha de Bornier chegou a ser agredida por traficantes.

O encontro entre Beltrame, Erir e Bornier aconteceu na prefeitura. O secretário gostou do que viu.

— É uma área excelente. Vamos reunir esforços para viabilizar o início da obra. A construção do batalhão de Nova Iguaçu é um compromisso assumido pelo governador Sérgio Cabral — disse o secretário de Segurança.

Por causa dos trâmites necessários para realização da licitação da obra, a estimativa é a de que, dentro de um ano, a construção da unidade comece a sair do papel.

Responsável pela segurança de Nova Iguaçu, o 20 BPM não teve bom desempenho nas estatísticas criminais em 2012. Mesmo sendo uma das três unidades da Baixada que receberam o reforço total de 491 homens, o batalhão registrou aumento de casos de mortes violentas, entre julho e dezembro

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Para prestigiar a cultura yoruba, o antropólogo Darcy Ribeiro ( 1922-1997), ex-vice governador, mudou a imagem étnica de Zumbi dos Palmares.


A imagem de Oni, de Ilé-Ifé, a cidade sagrada dos iorubás, na Nigéria, que o antropólogo viu, no Museu Britânico, em Londres, acabou se tornando no símbolo que emoldura o primeiro monumento em homenagem a Zumbi, na Av. Presidente Vargas, construído em 1986. 

Ali, sejamos claros, não se trata de herói decapitado, é a reprodução da imagem de um guerreiro iorubá, da Nigéria. 

O que se pode comentar a respeito do monumento da Praça Onze é que ele não representa etnicamente quem foi Zumbi, que era brasileiro e não africano. 

Ele era descendente dos jagas, etnia angolana, que predominou, inicialmente no Quilombo de Palmares. Como a cultura iorubá se tornou uma referência nos estudos africanistas brasileiros, Ribeiro, um dos articuladores do monumento, empresta ela a Zumbi. 

Assim, a iconografia imponente de Oni, um título honorifico, parece ter encontrado seu lugar ideal. Além de grandes guerreiros, os iorubás conseguiram impor no Brasil sua religiosidade expressa no candomblé. 

Então, o que existe, na Praça Onze, é uma mudança de pele, de jaga para iorubá. E, nada mesmo, de decapitação.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Posto de saúde usado por moradores do bairro Lagoinha em Nova Iguaçu; está em Seropédica RJ





  



Flagrante: cachorro ocupa consultório

em posto de saúde de Seropédica (RJ)


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A reportagem da Record foi conferir uma denuncia de más condições em um posto de saúde de Seropédica, na Baixada Fluminense, e flagrou até um cachorro dentro do ambulatório. A coordenadora da unidade foi exonerada. Veja!



Um dia após flagrante de caos, reportagem volta a posto de saúde em Seropédica (RJ)

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O secretário municipal de Saúde esteve no local e disse que irá providenciar melhorias no posto de Seropédica. A coordenadora do posto, que no dia anterior tentou impedir a filmagem da equipe da Record, foi afastada do cargo. Uma UPA deverá atender à demanda do município a partir de junho.


Funcionária de posto na baixada (RJ) 

é exonerada durante reportagem

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No posto de saúde de Seropédica, na Baixada Fluminense, pacientes são internados em situação precária, em locais sujos e sem ventilação. Até um cachorro foi flagrado dentro da unidade.