Estados Unidos oficializam o fim da Guerra do Iraque
Secretário de Defesa, Leon Panetta, chegou a Bagdá para cerimônia que marca a retirada das tropas; mas 4.000 militares permanecem no país até o fim do ano
Cerimônia em Bagdá marcou a retirada oficial das tropas americanas (Pablo Martinez Monsivais/AP)
Os Estados Unidos oficializaram nesta quinta-feira o fim da Guerra do Iraque. Uma cerimônia perto de Bagdá, que contou com a presença do secretário de Defesa americano, Leon Panetta, marcou a retirada das tropas americanas após mais de oito anos de presença no país. Durante o evento, a bandeira americana foi abaixada, simbolizando o término da missão.
"O sonho de um Iraque independente e soberano já é uma realidade", declarou Panetta durante o evento, enfatizando que seu país manterá uma presença diplomática significativa, cooperará em assuntos de segurança e para garantir a estabilidade política. Ele acrescentou que o "Iraque será posto a toda prova nos próximos dias" e que o país tem como principais desafios futuros a segurança, além de assuntos sociais, econômicos e políticos. "EUA será sempre um amigo e companheiro comprometido do Iraque", completou.
Entre as conquistas obtidas durante estes anos pelas tropas americanas, em colaboração com as iraquianas, ele enumerou a queda dos níveis de violência, o enfraquecimento da rede terrorista Al Qaeda, e a melhora da situação educacional e a econômica. Também discursou na cerimônia o comandante das tropas americanas no Iraque, general Lloyd Austin, para quem os EUA "estão devolvendo a honra do povo iraquiano".
O encerramento do conflito se dá duas semanas antes do prazo programado no acordo de segurança assinado entre os governos dos EUA e do Iraque em 2008, que estipulava que as tropas estrangeiras deveriam deixar o país do Oriente Médio até o dia 31 de dezembro deste ano. O anúncio feito em outubro pelo presidente Barack Obama também não revelou a data real, mantida em segredo durante semanas para evitar que insurgentes pudessem planejar um ataque. Pouco mais de 4.000 militares americanos permanecem no país até o fim do ano para finalizar a entrega da segurança às forças locais.
Retrospectiva - A cerimônia marca o fim de um episódio histórico, agitado e sangrento, durante o qual os Estados Unidos acreditaram que com a eliminação do ditador Saddam Hussein ganhariam automaticamente os corações e mentes dos iraquianos. Mas o roteiro fracassou rapidamente em consequência dos erros americanos - em particular a dissolução do Exército e dos serviços secretos ou a exclusão total dos ex-membros do Baath, antigo partido no poder. Assim, deixaram o caminho livre para uma insurreição muito violenta, e não conseguiram impedir a sangrenta guerra entre xiitas e sunitas.
Desde que começou a guerra, em 2003, da qual participaram 1,5 milhão de soldados dos EUA com grande rotatividade, morreram mais de 4.400 americanos e 30.000 ficaram feridos. "Nunca esqueceremos as lições da guerra nem esqueceremos os sacrifícios de mais de um milhão de homens e mulheres americanos, assim como de suas famílias", disse o secretário de Defesa, ao lembrar as vítimas no evento desta quinta.
AFP
Secretário de Defesa americano (à frente, de terno) chega ao Iraque para cerimônia
(Com agências EFE e France-Presse)