"O fim do Direito é a paz; o meio de atingi-lo, a luta. O Direito não é uma simples idéia, é força viva. Por isso a justiça sustenta, em uma das mãos, a balança, com que pesa o Direito, enquanto na outra segura a espada, por meio da qual se defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a impotência do Direito. Uma completa a outra. O verdadeiro Estado de Direito só pode existir quando a justiça bradir a espada com a mesma habilidade com que manipula a balança."

-- Rudolf Von Ihering

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sexta-feira, 5 de junho de 2009

BRASIL TEM "CONCEITO INFELIZ"DE QUE DIREITOS HUMANOS SÃO PARA BANDIDOS, DIZ COORDENADOR DA ANISTIA


Jorge Mariano Flickr. 2005



Até mesmo as mais de cem mortes e os 80 mil desabrigados com as chuvas de Santa Catarina são considerados casos de violação de direitos humanos pela Anistia Internacional. A reportagem do UOL Notícias voltou recentemente ao local e verificou que seis meses depois da tragédia os milhares de atingidos pelas enchentes ainda vivem sem casa e sem perspectiva.

Segundo Tim Cahill, a entidade coloca os direitos humanos em um conceito mais amplo. Para a Anistia, "se os direitos econômicos e sociais forem assegurados os direitos humanos também serão".

"Quem não recebe saúde ou educação está mais vulnerável aos abusos da polícia ou à tortura", diz Cahill. Além da falta de políticas específicas voltadas a melhorar a vida de comunidades carentes, Cahill destaca que a sociedade brasileira tem um conceito errado de direitos humanos.

Violência policial
No Rio de Janeiro, as milícias formadas, na maioria das vezes, por policiais e os traficantes de drogas e que controlam cerca de 170 favelas disputaram o controle de diversas partes da cidade. A Anistia lembra que durante as eleições o Exército precisou ser destacado para garantir a segurança de candidatos em algumas localidades.

"As milícias são consequência da impunidade. As milícias, hoje, acabam ameaçando a vida dos moradores e a estrutura democrática do Estado já que estão elegendo até deputados estaduais", diz Tim Cahill.
Violação dos direitos humanos no mundo

* P. Taggart/UNHCR

Desabrigados no Congo
* E. Hockstein/UNHCR

Busca por água no Quênia
* US DoD

Prisões em Guantánamo

* Veja mais fotos


Ainda na capital fluminense, o ano foi marcado por diversas incursões de policiais nas favelas, resultando na morte de várias pessoas. A Anistia diz que o número de homícidios na cidade diminuiu, mas as pessoas mortas pela polícia em casos registrados como "autos de resistência" representaram aproximadamente 15% do total de mortes violentas ocorridas entre janeiro e outubro de 2008.

Em São Paulo, também houve redução na quantidade de homicídios, mas o número de pessoas mortas por policiais militares, assim como no Rio, aumentou. De janeiro a setembro de 2008, a polícia paulista matou 353 pessoas.

Tim Cahill lembra a ocupação da favela de Paraisópolis pela polícia como forma de ação errada do governo contra o crime.

"A ocupação de Paraisópolis por 90 dias não trouxe elementos de Estado, não garante segurança em longo prazo. Eles não fazem planos com outros departamentos como saúde e educação. Essas medidas são pura publicidade. O governo quer mostrar que está fazendo alguma coisa", diz.

No Nordeste a situação não é diferente. A Anistia cita um relatório da ONU que revela que o Ministério Público em Pernambuco estimou, em 2007, que cerca de 70% dos homicídios em Pernambuco são cometidos por esquadrões da morte.

Índios
Os povos indígenas continuaram a ser vítimas de assassinatos, violência, intimidações, discriminação, expulsões forçadas e outras violações de direitos humanos, segundo a Anistia Internacional.

Se a população percebesse que se todos tivéssemos os direitos humanos garantidos a economia e a segurança, por exemplo, seriam melhoradas
Tim Cahill - coordenador da Anistia Internacional para assuntos brasileiros

A ONG lembra a luta dos índios da Reserva Raposa Serra do Sol em Roraima que lutaram contra arrozeiros pela demarcação da terra. Em 20 de março deste ano, o STF confirmou a homologação contínua da Raposa Serra do Sol e determinou a retirada dos não-indígenas da região.

Luta no campo
Para a Anistia Internacional, as expulsões forçadas no campo, na maioria das vezes praticadas por empresas de segurança privadas irregulares ou insuficientemente regularizadas, contratadas por proprietários de terras, e a tentativa de criminalizar os movimentos que apoiam as pessoas sem terra continuaram a ocorrer em 2008.

No Rio Grande do Sul, promotores e policiais militares montaram um dossiê com diversas alegações contra integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Milícias armadas ilegais continuaram a atacar trabalhadores sem terra no Paraná.
Números da "crise" segundo a Anistia Internacional

*
81 países...
...restringem a liberdade de expressão

*
78% das execuções...
...ocorreram em países do G-20

*
27 países...
...negaram asilo a pessoas que poderiam morrer se voltassem para casa

*
Em 47% dos países do G-20...
...pessoas passaram por julgamentos injustos


Já o Pará é considerado pela ONG como o Estado com os maiores números de ameaças e de homicídios de ativistas rurais. A Anistia lembra que Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi absolvido, em maio do ano passado, da alegação de assassinato da freira Dorothy Stang em 2005. A freira defendia causas ambientais e trabalhadores sem-terra. Em abril deste ano a Justiça do Pará anulou o julgamento de 2008 e determinou a prisão preventiva de Vitalmiro Bastos de Moura.

Corrupção
A Anistia Internacional considera a corrupção no Brasil como uma forma de violação dos direitos humanos. O relatório anual cita casos como um esquema de desvio de verbas públicas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para serviços contratados por Câmaras municipais.

Para Tim Cahill, o assunto pode ser considerado violência contra a população do país. "A corrupção é um elemento importante. Ela tira recursos do Estado que são requisitados para o investimento em desenvolvimento social", disse.

Melhoras
Apesar de não exemplificar no relatório, a Anistia destaca que o Brasil conquistou algumas vitórias no campo dos direitos humanos.

Tim Cahill cita como conquistas o início do debate pela lei da anistia e a CPI das milícias no Rio de Janeiro.

"Tivemos vitórias importantes que são consquências de lutas longas e perigosas. Há um reconhecimento, mesmo que pequeno, por parte do governo da importância dos direitos humanos", afirma.


BRASÍLIA - A Anistia Internacional divulgou, nesta quinta-feira, um relatório em que diz que o Brasil ficou profundamente dividido em termos de direitos humanos. Veja na íntegra:
  • REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Chefe de Estado e de governo: Luiz Inácio Lula da Silva
Pena de morte: abolicionista para crimes comuns
População: 194,2 milhões
Expectativa de vida: 71,7 anos
Mortalidade de crianças até 5 anos (m/f): 32/24 por mil
Taxa de alfabetização: 88,6 por cento
A sociedade brasileira permaneceu profundamente dividida em termos de realização dos direitos humanos. A expansão econômica e os projetos sociais apoiados pelo governo contribuíram para algumas reduções das disparidades socio-econômicas. Entretanto, apesar das modestas melhoras na diminuição da pobreza, a desigualdade na distribuição de renda e de riquezas continuou sendo uma das maiores da região. Enquanto isso, as violações de direitos humanos que afetam milhões de pessoas que vivem na pobreza não receberam praticamente nenhuma atenção. As comunidades mais pobres permaneceram sem conseguir ter acesso a serviços necessários. Além disso, vivenciaram um elevado grau de violência praticada por quadrilhas criminosas e sofreram violações sistemáticas de direitos humanos por parte da polícia.
As comunidades urbanas marginalizadas continuaram tendo que enfrentar as consequências de viver sem proteção social suficiente e as consequencias de políticas de desenvolvimento urbano discriminatórias e da falta de qualquer provimento de segurança pública. Em consequência disso, muitas dessas comunidades acabam presas em favelas ou em sub-habitações, onde vivem encurraladas entre a violência dos criminosos e os abusos da polícia.
Nas zonas rurais, trabalhadores sem terras e povos indígenas foram intimidados e ameaçados com violência e com expulsões forçadas. A expansão agro-industrial e projetos de desenvolvimento governamentais e privados reforçaram a discriminação social e a pobreza que há décadas afetam as comunidades rurais. Os direitos humanos e constitucionais dessas comunidades foram regularmente desconsiderados, seja pela falta de acesso à Justiça e a serviços sociais, seja por violência e intimidação das empresas de segurança privadas irregulares que defendem interesses econômicos poderosos.
Muitas das pessoas que defendem os direitos humanos de comunidades marginalizadas, entre as quais estão advogados, líderes sindicais e ativistas comunitários, foram criminalizadas pelas autoridades e ameaçadas por aqueles cujos interesses desafiam.
Informações gerais
Em outubro, ocorreram eleições municipais em todo o Brasil. A situação no Rio de Janeiro, onde grupos parapoliciais conhecidos como milícias – formados por policiais fora de serviço, bombeiros e soldados – e quadrilhas de traficantes controlavam extensas áreas da cidade, foi considerada tão instável que o Exército foi destacado para garantir a segurança dos candidatos. Em novembro, enchentes devastaram algumas regiões de Santa Catarina, causando mais de 100 mortes e deixando mais de 30 mil desabrigados.
A corrupção continuou a minar tanto a prestação de serviços públicos quanto o acesso à Justiça. Em maio, uma investigação da Polícia Federal desvendou um esquema de desvio de verbas públicas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para serviços contratados por câmaras municipais nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba e Rio Grande do Norte. Em dezembro, como parte de outra investigação sobre corrupção, no estado do Espírito Santo, a Polícia Federal prendeu o presidente do Tribunal de Justiça, juízes, advogados e um promotor público por suposto envolvimento na venda de decisões judiciais.
O antigo histórico brasileiro de impunidade pelos crimes cometidos pelo regime militar (1964-1985) enfrentou seu primeiro sério desafio. Em julho, o ministro da Justiça, Tarso Genro, reabriu o debate ao afirmar que a tortura não é um crime político e que, portanto, não está coberta pela Lei de Anistia de 1979. Suas afirmações foram refutadas pelo ministro da Defesa e por membros das Forças Armadas. Em outubro, a Ordem dos Advogados do Brasil requereu que o Supremo Tribunal Federal (STF) tomasse uma decisão sobe essa interpretação da Lei de Anistia.
Em outubro, o coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra tornou-se a primeira pessoa a ser condenada em uma ação civil por torturas praticadas durante o governo militar. De modo controverso, a Advocacia-Geral da União (AGU) anunciou que defenderia o coronel Ustra e seu co-réu, o ex-coronel Audir dos Santos Maciel, em uma ação civil separada, movida por procuradores federais, com base em que a Lei da Anistia deveria protegê-los contra procedimentos judiciais.
No plano internacional, no mês de abril, o Brasil submeteu um relatório ao novo sistema de supervisão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, a Revisão Periódica Universal. O governo federal aceitou as recomendações do Conselho, as quais incluiam a adoção de medidas para reduzir o uso de força excessiva pela polícia, para melhorar as condições do sistema prisional e para garantir a segurança das pessoas que defendem os direitos humanos. No final do ano, uma proposta para adequar a legislação brasileira ao Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional ainda aguardava ratificação pelo Senado e pela Câmara dos Deputados.
Violência e expulsões forçadas nas áreas rurais
A violência contra trabalhadores sem terras prosseguiu, sendo geralmente praticada por empresas de segurança privadas irregulares ou insuficientemente regularizadas, contratadas por proprietários de terras ou por milícias ilegais. Persistiram as expulsões forçadas, em muitos casos em total desconsideração aos devidos procedimentos legais. Houve tentativas de criminalizar os movimentos que apoiam as pessoas sem terra em sua luta para proteger a terra e para assegurar a reforma agrária.
No estado do Rio Grande do Sul, promotores e policiais militares montaram um dossiê com diversas alegações contra integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Isso foi considerado pelo movimento como uma tentativa de restringir suas atividades e de criminalizar seus membros. O dossiê, que incluia alegações de que o MST teria ligações com grupos terroristas internacionais, foi utilizado para dar sustentação a ordens judiciais de despejo, muitas das quais foram executadas com excesso de força pela polícia.
No estado do Paraná, milícias armadas ilegais ligadas a proprietários de terras continuaram a atacar trabalhadores sem terra.
* No dia 8 de março, no município de Ortigueira, 15 pistoleiros invadiram o acampamento Terra Livre, em que estavam 35 famílias, ameaçando as crianças, agredindo fisicamente os homens e as mulheres e ateando fogo aos seus pertences. Posteriormente, sete dos pistoleiros foram detidos. Três semanas depois, dois homens encapuzados mataram a tiros o líder do MST em Terra Livre, Eli Dallemore, diante de sua esposa e de seus filhos.
* No dia 8 de maio, homens armados invadiram um acampamento de 150 famílias, próximo a Cascavel, com tratores, escavadeiras e um caminhão blindado, disparando tiros e destruindo lavouras, uma escola e uma igreja. Antes de serem dominados, os homens armados trocaram tiros com a polícia. Dez indivíduos foram presos em conexão com o ataque.
O estado do Pará continuou a registrar os maiores números de ameaças e de homicídios de ativistas rurais. Foram raros os casos em que os responsáveis eram levados à Justiça.
* Em maio, um novo julgamento de Vitalmiro Bastos de Moura resultou em sua absolvição e libertação. Ele foi julgado pelo assassinato, em fevereiro de 2005, da irmã Dorothy Stang, ambientalista e ativista rural. Um julgamento anterior o havia condenado a uma sentença de 30 anos de prisão. Sua absolvição foi amplamente condenada por várias pessoas, entre elas o Presidente Lula e outras autoridades do governo. O Ministério Público ingressou com um recurso contra a decisão, o qual ainda estava em andamento no final do ano.
Direitos dos povos indígenas
Os povos indígenas que lutam por seus direitos constitucionais a terras ancestrais continuaram a ser vítimas de assassinatos, de violência, de intimidações, de discriminação, de expulsões forçadas e de outras violações de direitos humanos que os empurram, cada vez mais, à pobreza. Atrasos em decisões judiciais contribuíram para a persistência da violência contra os indígenas. Após sua visita ao Brasil, em agosto, o relator especial da ONU sobre povos indígenas criticou "a persistente discriminação subjacente à elaboração de políticas públicas, à prestação de serviços e à administração da Justiça" que "algumas vezes, contagiou setores da sociedade e provocou episódios de violência".
Em maio, homens mascarados dispararam tiros e lançaram bombas de fabricação caseira contra um grupo de indígenas na Reserva de Raposa/Serra do Sol, no estado de Roraima, ferindo 10 índios. Os ataques foram atribuídos a um grupo de grandes produtores de arroz que permaneceram ilegalmente na terra indígena homologada pelo Presidente Lula em 2005. As iniciativas da Polícia Federal para expulsar os arrozeiros foram suspensas até que fosse julgado um recurso que o governo de Roraima apresentou ao Supremo Tribunal Federal contestando a legalidade da homologação contínua da reserva. Apesar de, no mês de dezembro, oito dos 11 juízes do Supremo terem votado a favor da manutenção da demarcação original de Raposa/Serra do Sol, uma decisão final foi adiada até 2009 devido a um dos juízes ter requerido um prazo maior para suas considerações.
* No estado de Pernambuco, em agosto, um líder indígena do povo Truká, Mozeni Araújo de Sá, foi assassinado a tiros em uma rua movimentada da cidade de Cabrobó. Ele era uma testemunha-chave dos assassinatos de outros dois índios Truká, mortos a tiros durante uma festa comunitária em junho de 2005. Além disso, ele também concorria a uma vaga na Câmara de Vereadores desse município. O pistoleiro foi detido e, até o final do ano, ainda aguardava julgamento.
Defensores de direitos humanos
Por todo o país, os defensores de direitos humanos continuaram a ser ameaçados, intimidados e atacados.
* No Rio de Janeiro, João Tancredo, presidente do Instituto dos Defensores de Direitos Humanos, sobreviveu a um atentado contra sua vida, no mês de janeiro, quando seu carro blindado foi atingido por quatro projéteis. Ele retornava de um encontro com moradores da favela Furquim Mendes, onde havia estado para ouvir as denúncias relatadas contra um policial conhecido como "predador", acusado de assassinar cinco pessoas na comunidade.
O Pará continuou sendo o estado com o maior número de defensores ameaçados. De acordo com o Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos desse estado, havia pelo menos 50 defensores sob ameaça, menos de 10 dos quais contavam com proteção adequada.
Forças policiais e de segurança
O sistema de justiça criminal brasileiro continuou a se caracterizar por negligência, discriminação e corrupção. Apesar do registro de algumas reduções nas taxas totais de homicídio, as comunidades carentes dos centros urbanos e as cidades menores do interior continuaram a registrar índices elevados de criminalidade violenta e de homicídios. Constatou-se que alguns indivíduos dos quadros das forças de segurança e dos órgãos de aplicação da lei estavam envolvidos com grupos de extermínio, com milícias e com atividades criminosas.
Houve poucos avanços com relação ao Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania do governo, o PRONASCI. Esse programa visa a prevenção do crime e a inclusão social nos centros urbanos mais violentos do país, sendo que poucos estados apresentaram propostas de projetos que merecessem ser financiados.
Rio de Janeiro
As autoridades estaduais continuaram a promover um policiamento linha-dura, caracterizado por operações de grandes proporções envolvendo um alto número de policiais, de veículos blindados e de helicópteros em incursões nas favelas da cidade. Em janeiro, seis pessoas foram mortas durante uma operação realizada nas favelas do Jacarezinho e da Mangueira. Em abril, duas operações – uma nas favelas da Coréia e de Vila Aliança, outra na Vila Cruzeiro –, resultaram em 20 pessoas mortas; pelo menos sete moradores foram feridos por balas perdidas. Outras 10 pessoas foram mortas, em agosto, durante uma operação em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Apesar de o número de homicídios na cidade do Rio de Janeiro ter diminuído em comparação a 2007, as pessoas mortas pela polícia em casos registrados como “autos de resistência" representaram aproximadamente 15 por cento do total de mortes violentas ocorridas entre janeiro e outubro de 2008. Persistiu a ocorrência de homicídios cometidos por policiais fora de serviço. Investigações da Polícia Civil revelaram que 12 policiais, entre os quais dois do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (BOPE), estavam atuando como matadores de aluguel. As pessoas que ousam enfrentar o crime organizado continuaram a ser intimidadas. Pelo menos 17 servidores públicos – entres os quais três juízes, sete promotores, cinco delegados de polícia e um deputado estadual – receberam ameaças de morte de grupos criminosos e de milícias. Muitos deles estavam recebendo proteção policial no final do ano.
Em junho, a Assembleia Legislativa do Estado abriu um inquérito sobre o papel das milícias, as quais se acreditava controlarem cerca de 170 favelas. A investigação teve início depois de noticiado que as milícias que controlam a favela Batan, na zona oeste do Rio, haviam sequestrado e torturado três repórteres do jornal O Dia e um morador da favela. O inquérito revelou a existência de redes de extorsão de tipo mafioso, de crimes eleitorais, de violência e de corrupção que penetravam o núcleo das instituições do Estado, com vastas ramificações entre policiais corruptos, milícias, deputados estaduais e vereadores. Em consequência desse inquérito, foram presos diversos líderes importantes das milícias, entre eles um deputado estadual.
* Em agosto, homens mascarados, que se acreditava pertencerem a milícias, mataram a tiros sete moradores da favela do Barbante, entre eles um comerciante local que havia se recusado a pagar a ‘taxa’ das milícias.
São Paulo
Apesar dos registros de redução na quantidade de homicídios, as estatísticas oficiais referentes ao número de pessoas mortas por policiais militares no estado de São Paulo apresentaram um pequeno aumento no período de janeiro a setembro de 2008. Nesses meses, registrou-se que a polícia matou 353 pessoas, enquanto que, no mesmo período de 2007, foram registradas 325 mortes. Ao mesmo tempo, ocorreu uma grande quantidade de chacinas. Grupos de extermínio ligados à polícia continuaram a operar na periferia da cidade de São Paulo.
* Entre abril e outubro, cinco corpos decapitados foram encontrados abandonados na região de Itaperica da Serra. A Polícia Civil investigava o possível envolvimento de um grupo de extermínio conhecido como "Os Highlanders", que seria formado por 10 policiais militares.
Nordeste
No relatório que produziu sobre sua visita ao Brasil em 2007, o relator especial da ONU sobre execuções sumárias, arbitrárias ou extrajudiciais afirmou que "O Ministério Público em Pernambuco estimou que cerca de 70% dos homicídios em Pernambuco são cometidos por esquadrões da morte", e que, segundo uma comissão parlamentar de inquérito federal, "80% dos crimes cometidos por grupos de extermínio envolvem policiais ou ex-policiais".
Em Maceió, no estado de Alagoas, comunidades foram deixadas à mercê de quadrilhas de traficantes.
* No bairro Benedito Mendes, na periferia de Maceió, líderes da comunidade e o prefeito comunitário receberam diversas ameaças das quadrilhas de traficantes locais. Em novembro, depois de um tiroteio em que duas pessoas foram mortas e seis feridas, os traficantes ordenaram um toque de recolher que incluia o fechamento da escola do bairro e da associação dos moradores.
Tortura e outros maus-tratos
Apesar das várias iniciativas governamentais, entre as quais a recente ratificação do Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura, a prática da tortura por agentes policiais ainda era comum no momento de efetuar a prisão, durante o interrogatório e no período de detenção. As denúncias, as investigações e os procedimentos judiciais desses casos de acordo com a Lei de Tortura de 1997 eram raros.
* No estado do Piauí, dois policiais militares do 4º Batalhão da cidade de Picos foram acusados de torturar dois jovens presos em outubro por suspeita de roubo. Os dois foram espancados nos genitais e nas costas. Um exame médico apontou graves lesões nos testículos e hematomas generalizados. No final do ano, dois policiais militares estavam sendo julgados e o comandante do batalhão havia sido afastado do posto até que o inquérito fosse concluído.
Muitos centros de detenção são dominados internamente por quadrilhas de traficantes, sendo que os detentos costumam ser torturados, mal tratados e, às vezes, assassinados pelos agentes prisionais ou por outros detentos. Alguns estados continuaram a adotar um sistema de isolamento em celas solitárias nos presídios de alta segurança, em contravenção às normas internacionais.
* Em setembro, três prisioneiros foram encontrados mortos a facadas no Instituto Penal Paulo Sarasate, em Fortaleza, no estado do Ceará. Em novembro, dois outros presos foram queimados vivos em suas celas. Com esses homicídios, o número de presidiários mortos nessa penitenciária, em 2008, chegou a 18. As autoridades atribuíram esses crimes a conflitos entre quadrilhas no interior da prisão.
Em uma decisão extremamente significativa, a Procuradoria Geral da República encaminhou um pedido ao Supremo Tribunal Federal, solicitando uma intervenção federal no estado de Rondônia, a fim de impedir as violações sistemáticas cometidas na Casa de Detenção José Mário Alves, conhecida como Urso Branco. O pedido foi encaminhado em razão dos oito anos em que ONGs nacionais e locais, entre as quais a Justiça Global e a Comissão de Paz e Justiça, apresentaram relatórios denunciando violações que incluiam tortura e execuções sumárias.
Prosseguiram as denúncias de maus-tratos e de abusos cometidos no sistema de detenção juvenil.
* Em julho, no sistema de detenção Fundação CASA (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente) de São Paulo, no Complexo Franco da Rocha, os detentos denunciaram que, depois de ter ocorrido um tumulto, eles foram trancados em suas celas e espancados com cassetetes, com cabos de madeira com pregos nas pontas, com barras de ferro e com o cabo de uma enxada.
* Em novembro, no sistema de detenção DEGASE (Departamento Geral de Ações Socioeducativas) do Rio de Janeiro, um adolescente de 17 anos morreu devido a lesões na cabeça, sofridas no centro de detenção Educandário Santo Expedito, em Bangu. Testemunhas afirmaram que o jovem foi espancado pelos guardas. Foi aberto um inquérito policial sobre o caso.
Direitos das mulheres
As mulheres continuaram a passar por violências e por abusos. Aquelas que sobreviveram e que moram em comunidades carentes não puderam utilizar serviços básicos e tiveram acesso limitado à Justiça. Seu contato com o sistema de justiça criminal muitas vezes resultava em maus-tratos e em intimidações.
Mulheres que vivem nas comunidades dominadas por gangues ou por milícias tiveram de enfrentar esses abusos com poucas chances de qualquer reparação.
* Em agosto, um estudo sobre as milícias realizado pelo Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (LAV/UERJ) descreveu o tratamento recebido por uma mulher acusada de infidelidade em Bangu, uma comunidade dominada por milícias. Ela foi despida em frente a sua casa, teve a cabeça raspada e foi forçada a andar nua pela favela.
O número de mulheres em prisões continuou a subir. Estatísticas divulgadas pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional) indicaram um aumento de 77 por cento na população prisional feminina nos últimos oito anos – uma taxa de crescimento maior do que a masculina. As mulheres detentas continuaram a enfrentar maus-tratos, superlotação, serviços inadequados durante o parto e falta de condições para cuidar das crianças.
Visitas e relatórios da AI
#Representantes da Anistia Internacional visitaram o país em maio e em novembro. Em abril, delegados da organização atuaram como observadores durante a submissão do relatório do Brasil ao mecanismo de Revisão Periódica Universal.
£Brasil: Por trás do silêncio: experiências de mulheres com a violência urbana no Brasil (AMR 19/001/2008)


    PROJETO DE LEI Nº 4896 de 24/03/2009 - Porte de Arma para todos os GMs

    PROJETO DE LEI Nº 4896 de 24/03/2009


    Altera dispositivos da Lei nº 10.826, de 2003 (Estatuto do Desarmamento).





    O Congresso Nacional decreta:


    Art. 1º A Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, passa a vigorar com as seguintes alterações:


    I - dê-se ao inciso III do art. 6° a seguinte redaç ão:


    "III – os integrantes das guardas municipais." (NR)


    II - revogue-se o inciso IV, renumerando-se os seguintes.


    III - revogue-se o § 7º do art. 6º.


    IV - dê-se ao § 1º do art. 6° a seguinte redação:


    "§ 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, IV e V do caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, IV e V." (NR)


    Art. 2° Esta Lei entra em vigor na data de sua publ icação.




    JUSTIFICAÇÃO


    O Estatuto do Desarmamento, nos termos em que hoje vige, estabelece injustificada discriminação entre as Guardas Municipais em função da quantidade de habitantes dos municípios, dando privilégios para aquelas que pertençam a municípios com mais de quinhentos mil habitantes; o que fere o princípio da isonomia.


    Assim, atualmente, os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de quinhentos mil habitantes estão autorizados ao porte de arma de fogo mesmo fora de serviço, enquanto os dos Municípios com mais de cinqüenta mil e menos de quinhentos mil habitantes só podem portar arma quando em serviço.


    É patente que a Lei não enxerga a permanente necessidade de segurança pessoal desses integrantes das Guardas Municipais, deixando-os, quando fora do serviço, reféns e vítimas da
    criminalidade armada.


    Em função do exposto, sabendo do incontestável mérito desta proposição, esperamos contar com o apoio dos nobres Pares.

    O VERDADEIRO COMANDO NÃO MANDA COMANDA



    Durante a Guerra Civil Americana, houve necessidade de uma tropa de soldados, em determinada circunstância, construir uma ponte. O oficial ordenou que os soldados cortassem algumas árvores. Os homens eram poucos e o trabalho era muito lento. Um homem de aparência imponente passou pelo local. Do alto do seu cavalo observou a cena e falou ao oficial responsável:“Você tem poucos homens para a tarefa.”“É”, respondeu o outro. “Precisamos de ajuda.”“Mas por que você mesmo não põe mãos à obra?” - perguntou o homem a cavalo.O oficial se ofendeu com a sugestão e falou alto:“Eu, senhor? Mas eu sou um cabo.“É verdade”- falou o cavaleiro calmamente.E, descendo do cavalo, pôs-se a trabalhar lado a lado com os soldados, até concluir o serviço.Ao final, montou de novo o seu animal e disse ao oficial:“Cabo, da próxima vez que tiver uma tarefa a cumprir e poucos homens para o serviço, avise ao seu comandante superior e eu tornarei a vir.”Mais tarde, o cabo descobriu que o desconhecido que assim lhe falara era o General Washington.

    Baseado no texto: Homem suficiente para o trabalho, de Ella Lyman Cabot, de O livro das virtudes, de William J. Bennett, v. 2, ed. Nova fronteira.

    Crime organizado será debatido em seminário na Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro na semana que vem

    A organização do crime no Brasil será debatida por representantes do Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e da Imprensa, na Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, na próxima semana - entre os dias 11 e 14 de maio. A ideia,

    ao reunir os maiores especialistas no assunto, é encontrar formas eficazes de desestruturar quadrilhas especializadas.

    Organizado pela Secretaria de Segurança, pela Alerj e o Tribunal de Justiça, o evento será aberto com a presença do governador Sérgio Cabral e do ministro Gilmar Mendes _ presidente do Supremo Tribunal Federal. Além de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, as ações das milícias no Rio de Janeiro vão ser debatidas no encontro.

    Também participam o corregedor Nacional da Justiça, ministro Gilson Dipp; o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame; o chefe de Polícia Civil, Alan Turnowsk; e o comandante da PM, coronel Gilson Pitta; e o delegado Cláudio Ferraz, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). O Jornal O DIA estará representando a mídia no painel do dia 14.

    http://odia.terra.com.br/blog/blogdaseguranca/index.asp#nogo

    De quem é esta criança?


    Repassem para todo o seus endereços de email.

    Olá!
    Eu, Soraya Pereira, Presidente do Projeto Aconchego , Grupo de apoio à Adoção e ao Apadrinhamento de Brasília, após constatar a veracidade do fato com a diretoria do Abrigo 'Nosso Lar', venho pedir a vocês que divulguem essa notícia.

    Meu obrigada,
    Soraya Kátia Rodrigues Pereira


    "Em novembro, foi encontrado na rua, uma criança de aproximadamente 2 anos muito bem cuidada e muito bem vestida, e disse se chamar Tiago..
    Levado ao juizado,foi encaminhado ao 'Nosso Lar', onde trabalho.
    Temos informações de que diligências foram feitas na região onde a
    criança foi encontrada, e nada.
    Todas as delegacias notificadas, e nada.
    Não foi possível nenhum tipo de informação dessa criança.
    Como o tempo está passando, ela logo será encaminhada para adoção,
    mas não acredito que ela não tenha ninguém nesse mundo,
    pois quando ele chegou chorava muito e apresentava bons costumes.
    Já tentei com um amigo na Globo veicular a sua imagem,
    na tentativa de localizarmos a sua família, mas não é possível pois
    a política da Globo não permite a divulgação de crianças desaparecidas,
    o que não é o caso,
    pois essa "aparecida".

    SEGUE A FOTO DA CRIANÇA. REPASSEM, POR FAVOR.
    ELE FOI ENCONTRADO EM BRASÍLIA, MAS PODE SER DE QUALQUER LUGAR DO PAÍS.

    Viviane Zani
    Endereço(s) de email(s):
    vivianez@tuper.com.br
    Abraço fraterno,
    CHRISTINA ANTUNES FREITAS

    quarta-feira, 3 de junho de 2009

    Silêncio na China nos 20 anos do massacre da Praça da Paz Celestial





    Internacional


    O massacre da Praça da Paz Celestial em Pequim completa 20 anos. O confronto entre população e o Exército foi manchete da imprensa estrangeira na época. A China mudou bastante nesse período. O país vive um ciclo de prosperidade econômica, com sucessivos índices de crescimento, acima de dois dígitos. No entanto, politicamente pouco mudou na terra dos criadores do papel, dos fogos de artifício, da bússola, da tecelagem de seda e de tantas invenções usadas hoje pelo Ocidente. Os chineses vivem um regime autoritário desde a revolução de 1949 que levou ao poder o ditador Mao Tse-tung.

    Com suas liberdades cerceadas, qualquer forma de protesto era visto como um ato contra-revolucionário. No entanto, o ano de 1989 marca a tentativa de estudantes e trabalhadores de lutarem por reformas liberais. O governo chinês respondeu com o envio de tropas de províncias do interior do país para a capital chinesa e tanques de guerra tomaram as ruas de Pequim. "A reivindicação consistia na instalação de um sistema pluripartidário. Seria o fim da hegemonia do partido comunista", disse o professor de Relações Internacionais da Uerj Williams Gonçalves. 

    Em abril, os protestos começam de fato com estudantes acampados na praça da Paz Celestial, pedindo pequenas mudanças dentro da cúpula do Partido Comunista. Por outro lado, o governo chinês parecia dividido na modo de como tratar os manifestantes. De um lado conservadores temiam a queda do regime comunista como vinha acontecendo no Leste Europeu. Do outro, uma ala mais liberal do Partido tentava manter o diálogo com os manifestantes. "Mesmo na época de Mao Tse-tung, já havia divergências. Em 89, os liberais observavam com certa simpatia os protestos", afirmou o professor.

    O secretário-geral do Partido Comunista Chinês na época Zhao Ziyang chegou a se encontrar com alguns estudantes. O comportamento do político não agradou a alta cúpula do PCC e Ziyang perdeu o cargo. O estopim dos protestos foi a morte de Hu Yaobang, ex-secretário geral do Partido Comunista chinês. Ele era considerado um liberal reformista, mas foi expulso pelo presidente Deng Xiaoping, em 1987. "Desde 1978, a China vivia uma série de aberturas. Os estudantes começaram a ver o que o seu país não tinha e isso atiçava a vontade de mudanças."


    Com o maior número de estudantes nas ruas, o governo decretou lei marcial, sem surtir o efeito esperado. Após sete semanas de protestos pacíficos, vários chineses foram assassinados na capital. A estimativa do número de morts varia entre 300 a 4.000. Alguns manifestantes sumiram. No dia 5 de junho, quando as ruas pareciam mais calmas em Pequim, um homem solitário resolveu desafiar o Exército. Uma coluna de tanques avançava na avenida, quando o jovem interrompeu o avanço do comboio. A identidade dele nunca foi revelada. A imprensa estrangeira alega que ele foi morto pelas autoridades chinesas. A imagem é considerado como um das mais marcantes do século XX.

    De acordo com o professor Williams Gonçalves, a China dificilmente terá uma manifestação parecida como a do massacre da Praça da Paz Celestial. "Aquela ânsia de ocidentalização já está saciada. A China hoje é uma potência". No país, não há comemoração, pelo contrário, as autoridades não têm interesse em lembrar do episódio. Este ano, o governo aumentou a presença policial na Praça da Paz Celestial e alguns sites foram bloqueados. Falar sobre o assunto ainda é um tabu.

    http://www.sidneyrezende.com/noticia/42117+silencio+na+china+nos+20+anos+do+massacre+da+praca+da+paz+celestial



    terça-feira, 2 de junho de 2009

    HISTÓRICO AFROREGGAE ANTES DA CHACINA DE VIGÁRIO GERAL 1993.






    vítima da chacina confirma que foi as custas
    do sofrimento deles que o Afro Reggae decolou,
    assista no documentário abaixo.



    HISTÓRICO AFROREGGAE/ VIGÁRIO GERAL.
    1992 Concebendo...
    Em 1992, enquanto os estudantes, em várias capitais brasileiras, pintavam a cara e saíam às ruas, manifestando-se em favor do Impeachment do então presidente da república Fernando Collor de Mello, começou-se a escrever a história do GrupoCultural Afro Reggae. 

    Tudo teve início com a realização de uma festa de reggae, que aconteceu na seqüência de uma série de festas de funk que José Júnior, atual Coordenador Executivo do GCAR, vinha  organizando desde 1992. Como, nesse mesmo ano, o funk tinha se tornado um ritmo proibido nas festas e bailes do Rio devido ao controverso arrastão da Praia do Arpoador houve a exigência de uma mudança. Essa mudança deu certo, não apenas porque a festa foi um sucesso, mas também porque levou à politização do grupo e motivou a realização de uma segunda festa: a Iª Rasta Reggae Dancing, que reuniu pessoas dos locais mais distintos como Baixada Fluminense, Zona da Leopoldina, Zona Sul e Zona Oeste.
    1993-1994: O Começo na primeira reunião de reflexão sobre a Iª Rasta Reggae Dancing, foram convidadas pessoas que participaram da sua produção. Um dos participantes sugeriu a criação de um veículo de comunicação sobre a cultura negra. Foi assim que surgiu, em janeiro de 1993, a primeira edição do Jornal Afro Reggae Notícias (nº 0). A cada edição, o grupo, autodenominado “organizadores”, amadurecia e se transformava. Assim, em julho de 1993, decidimos criar uma ONG, nascendo assim o Grupo Cultural Afro Reggae (GCAR). A necessidade de se tornar uma entidade organizada baseou-se nas observações e experiências individuais dos componentes, uma vez que através unicamente do jornal não era possível interferir positiva e diretamente em determinados problemas sociais. No entanto, o jornal continuou existindo, e ainda é hoje é publicado, mas no formato on-line. Foi então que decidimos criar um programa de ação sociocultural voltado para os jovens que residiam em favelas e que, concretamente, viesse a modificar de alguma forma a vida dessas pessoas. 
    Foi então, ocorreu um dos fatos mais vergonhosos do Brasil: A chacina de Vigário Geral. No dia 29 de agosto de 1993, vinte e uma pessoas foram covardemente assassinadas pela Polícia Militar, em vingança pela morte, no dia anterior ao da chacina, de quatro policiais por traficantes da favela. No entanto, nenhuma das vítimas tinha qualquer envolvimento com a criminalidade. Nessa época Vigário vinha de uma guerra de dez anos com a favela vizinha Lucas -, numa disputa cruel pelo comando dos pontos de venda de droga. A chacina, entretanto, acabou selando a paz e gerando dezenas de manifestações a favor dos parentes das vítimas e de Vigário Geral. O GCAR chegou um mês após o massacre, em setembro, participando de várias reuniões e atividades pelo MOCOVIGE - Movimento Comunitário de Vigário Geral.

    Em 1994, o GCAR obteve do SAAP/FASE o seu primeiro apoio financeiro (para a produção de 4 edições do Jornal Afro Reggae Notícias) e o Núcleo de Vigário Geral teve início (oficinas de reciclagem de lixo, dança afro e percussão). Este também foi um período problemático no Rio de Janeiro, pois o governo federal interveio em algumas favelas com a Operação Rio. Por inúmeras vezes nossas atividades foram interrompidas pela ameaça de intensos tiroteios e pela violência policial. As oficinas de dança, percussão e capoeira haviam-se tornado uma banda e já estavam se apresentado pela cidade. Foi numa dessas oportunidades, no Hotel Marina (Leblon), que conhecemos Regina Casé, que nos apresentou a Caetano Veloso, e daí para agendarmos um evento de batizado da banda, em que os dois fossem os padrinhos, foi um pulo. No dia 09 de Junho de 1995, realizamos o Batizado da Banda AfroReggae, na favela de Vigário Geral, com os padrinhos ilustres Regina Casé e Caetano Veloso. Pela primeira vez, a favela de Vigário Geral recebia a presença de artistas consagrados, e o evento contou ainda com a presença do poeta Waly Salomão (atual diretor social do GCAR), intelectuais, representantes de ONG´s e da mídia. Ainda nesse ano, graças a um empréstimo do Centro de Assessoria a Movimentos Populares CAMPO, conseguimos comprar uma casa para o Grupo, o que deu novo fôlego ao desenvolvimento do trabalho. No ano seguinte (96), implantamos o segundo Núcleo Comunitário de Cultura, no Morro do Cantagalo. Este Núcleo surgiu no Complexo Escolar Municipal Presidente João Goulart (popularmente conhecido como CIEP Ipanema). Aqui utilizamos a linguagem do Circo e o objetivo é a formação de uma trupe profissional. Uma outra novidade foi o lançamento de um programa em uma rádio comunitária, que o GCAR lançou em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. No inicio desse ano, a Ação da Cidadania/IBASE e o Movimento Viva Rio criaram o projeto GerAção, englobando jovens de classe média que desejassem participar de ações sociais nas favelas. Em Vigário, esse projeto proporcionou, então, a possibilidade de uma troca positiva de experiências entre pessoas que viviam realidades absolutamente distintas, indo ao encontro da política de integração social defendida pelo Grupo. Ainda em 96, foi lançada a Campanha do Metro, visando vender os 90 metros quadrados do terreno/casa de Vigário. Cada metro custava na época R$ 60,00 (Sessenta Reais). A campanha foi um sucesso e em 6 meses conseguimos os recursos e pagamos o débito junto ao CAMPO. 11999955--11999966: A: Ammplpialinadnod aos a pse presprsepceticvtaisvas 

    1997-1998: Avanços e conquistas. O grande acontecimento de 1997 foi a inauguração, em 29 de julho, do Centro Cultural Afro Reggae Vigário Legal, com recursos das embaixadas britânica e canadense. A data foi marcada por um grande evento, com a participação d'O Rappa e do Cidade Negra. O Centro Cultural, ou melhor dizendo, o trabalho do GCAR na comunidade de Vigário Geral, passou então a ser coordenado por dois jovens moradores da comunidade (Anderson Sá e Luiz Gustavo, hoje vocalistas da Banda AfroReggae). O investimento realizado pelo grupo começou a mostrar resultados. Além dos coordenadores mencionados, surgiu um time de jovens, entre 14 e 18 anos, desempenhando os papéis de monitores, instrutores juniores, instrutores/educadores e agentes administrativos. Os jovens-líderes do GCAR, de início, encontraram várias barreiras devido à pouca idade e à inexperiência. Afinal, nossa área carece de cursos de formação, uma vez que fazemos um misto de cultura, movimento social e educação, utilizando uma linguagem que incorpora expressões populares e muita vivência pessoal. A Banda AfroReggae passou a ser a principal referência da instituição e um exemplo de projeto com êxito no trabalho em favelas. Passamos a encará-lo, então, como um veículo que capaz de romper as fronteiras da comunidade. Iniciamos assim um investimento contínuo nos jovens, visando a que se tornassem artistas profissionais. Resolvemos criar um espetáculo que fundisse música, dança, teatro, luta e circo: o Espetáculo Nova Cara. O ano de 1997 também marcou o retorno do GCAR para o Cantagalo. A partir das conexões feitas com grupos do Canadá em 96, fomos convidados a participar de uma grande parceria entre as ONGs Se Essa Rua Fosse Minha, SAAP/FASE e Teatro de Anônimo e duas organizações canadenses: Cirque du Soleil e a Jeneusse du Monde. Dessa forma surgiu o projeto Levantando a Lona. Em 1998, a Banda AfroReggae realiza sua primeira turnê pela Europa. Com o espetáculo Nova Cara pronto, a Banda se apresentou na França durante a Copa do Mundo de Futebol , na Holanda, na Inglaterra e na Itália. Foram as primeiras apresentações oficiais do Espetáculo. No Brasil, a primeira apresentação aconteceu em novembro do mesmo ano, na Lapa, Rio de Janeiro, gratuitamente e com um público de mais de três mil pessoas. Nesse ano, a Instituição começava a perceber que um investimento maior e melhor na questão da educação se tornava e necessária. Se quanto ao aspecto de promoção da autoo-estima e da cidadania e também quanto ao desenvolvimento artístico o Afro Reggae ia muito bem, no que diz respeito à educação era evidente que algumas lacunas não estavam sendo preenchidas um número considerável de jovens não freqüentava a escola, um outro tanto já chegava à maioridade sem ter concluído o segundo e em alguns casos nem o primeiro grau e, além disso, reinava o desinteresse por qualquer assunto que não tivesse a ver diretamente com a prática artística.

    1999-2000: Consolidando as bases
    Então, em 1999, o GCAR começava a pensar com mais profundidade em como elaborar uma prática educativa que atraísse o interesse dos jovens e, ao mesmo tempo, tivesse a cara do Afro Reggae, preservando o aspecto lúdico e prazeroso do processo. Sem dúvida, ainda há muito chão a trilhar nesse aspecto. Por outro lado, em março desse ano demos um importante passo no sentido do aperfeiçoamento das tecnologias de comunicação do Grupo: inauguramos a página na Internet “www.afroreggae.org”. Por outro lado, demoramos a nos organizar quanto à manutenção do mesmo, e o sítio apresentava precariedade no tocante à atualização (problema que só se resolverá no final de 2001). Ainda em 99 aconteceu a segunda turnê da banda pela Europa. Os países foram: Itália, França e Holanda. Mesmo passando por apenas 3 países, o período de permanência no velho mundo foi significativo: 74 dias. Nessas viagens, nós participamos de festivais de música e cultura, eventos em casas noturnas, teatros, etc. Também mantivemos uma vasta agenda social de intercâmbios com grupos locais, palestras e workshops. Em 2000 a Banda AfroReggae assina contrato com a Universal Music, tornando-se dessa maneira o primeiro grupo, no Brasil, surgido em uma favela e a partir de um projeto social a lançar seu disco de estréia por uma multinacional da área fonográfica. A ARPA se converte numa produtora de eventos com pessoa jurídica própria (mais informações no Histórico da ARPA) e passa a cuidar dos interesses comerciais da Banda, além de continuar promovendo eventos diversos. É criado o Prêmio Orilaxé. Em janeiro de 2000, por ocasião do sétimo aniversário do Grupo Cultural Afro Reggae, resolveu-se instituir uma premiação que valorizasse personalidades, das mais diversas áreas de atuação, que tivessem dado uma importante contribuição para o campo sociocultural. O prêmio representou a consolidação de uma tradição que vem dos primeiros anos de atividade do GCAR, consolidada agora em eventos de maior ressonância. Em março foi interrompida a publicação do Afro Reggae Notícias, acontecimento lamentado por todos uma vez que esta foi a primeira realização do Grupo Cultural
    Afro Reggae. No entanto, essa interrupção serviu para que repensássemos todo o setor de comunicação do GCAR, visando ao incremento de todas as atividades relativas à comunicação. Ao longo desse ano o processo de investimento na educação, mencionado acima, começou a se consolidar, de modo que, no final desse mesmo período, já se podia perceber uma baixa significativa na quantidade de jovens participantes do projeto fora da escola, reduzida praticamente a zero. Naturalmente, muito ainda há para ser feito, sobretudo no que diz respeito à qualidade da educação oferecida pelo grupo em relação com os parâmetros da educação formal. Isso já é há muito tempo uma preocupação do Grupo e vem sendo incorporada aos novos projetos, já pensados para o novo século.

    2001-2002: O futuro é agora
    Em janeiro de 2001 a Banda AfroReggae lançou o CD Nova Cara, pela gravadora Universal Music, conforme anunciado no ano anterior. O lançamento extra-oficial foi durante o Rock´n Rio III, na Barra da Tijuca. A banda se apresentou na abertura do evento, ao lado da Orquestra Sinfônica Brasileira, interpretando Assim falou Zaratustra, de Jocham Strauss Jr., e na programação normal, na Tenda Brasil. Além disso, outros projetos do GCAR participaram do Rock in Rio a Trupe da Saúde e a Trupe do Levantando a Lona fizeram apresentações na Tenda Mundo Melhor, onde houve também debates com a participação do Grupo. O lançamento do CD da Banda AfroReggae (oficialmente em março, na sede da Universal, na Barra da Tijuca-RJ) coroou os anos de investimento visando a um objetivo que muitos julgavam inviável: o desvio de jovens moradores do caminho do narcotráfico e do subemprego. No final deste ano o Afro Reggae firmou o convênio com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social-BNDES para a construção de um novo centro cultural em Vigário. No ano seguinte, precisamente em setembro de 2002, o Centro Cultural Afro Reggae Vigário Legal foi demolido, dando lugar ao canteiro de obras que em breve será conhecido como Centro Cultural Waly Salomão, em homenagem ao poeta que teve uma presença importantíssima na história do grupo e, infelizmente, nos deixou em maio de 2003. A idéia é que esse novo centro cultural se torne uma referência não só para a comunidade, mas para a cidade como um todo, objetivando o investimento na potência criativa e inovadora das culturas produzidas na periferia e buscando interferir na vida coletiva do país. Com a demolição do antigo centro cultural, a prioridade do Afro Reggae em Vigário passou a ser o investimento nos trabalhos já consolidados, como o projeto Criança Legal e os SubGrupos que já estavam em atividade até o final de 2001. Surpreendentemente, nesse momento, em que esperávamos um certo refluxo no processo de crescimento do grupo nessa comunidade, aconteceu o contrário. Em 2002, quatro novos SubGrupos foram criados em VG Tribo Negra, Afro Mangue, Kitôto e um grupo de dança (cujo nome ainda não foi definido) e um quinto começou a se desenhar: um grupo de afoxé só de meninas. Foi nesse ano também que alguns desses grupos repensaram totalmente o seu trabalho, caso do Afro Samba e da Trupe da Saúde. Ainda em 2001, no mês de outubro, o Afro Reggae inaugurou, em Parada de Lucas, um projeto de extrema importância para nossos objetivos: o Rompendo Fronteiras. Inicialmente formado a partir de uma parceria com o CDI e a associação de moradores local, esse projeto é voltado para a área de informática e representou de ato o rompimento de uma fronteira bastante hostil. Afinal, desde 1983 as relações entre essa comunidade e a vizinha Vigário Geral eram marcadas pelos conflitos entre narcotraficantes, o que não raro impedia ações, relacionamentos ou desenvolvimento de projetos comuns às duas comunidades. Agora, com a presença do Afro Reggae consolidada em Lucas, estamos desenvolvendo a idéia de criação de um Centro Multimídia na favela, que disponha de computadores de primeira geração, curos diversos, programação visual, edição de vídeos, conexão rápida à Internet e muito mais.

    Já em 2002, foi dado um novo passo. Em fevereiro, foi iniciada, no complexo Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, uma oficina de vídeo, cujo objetivo é capacitar jovens da comunidade e adjacências para produzir documentários ou peças de ficção numa linha de comunicação popular. A idéia é que a partir deste curso o GCAR forme um núcleo de audiovisual que possa absorver os próprios alunos em torno de uma equipe de produção profissional.
    2003-2004: Da favela para o mundo
    O ano de 2003 começa com um marco importante: o dia 21 de janeiro desse ano marcou a comemoração dos 10 Anos do Grupo Cultural Afro Reggae. Dessa vez o evento de aniversário e a cerimônia de entrega do Prêmio Orilaxé durou quatro dias. O primeiro, no teatro João Caetano, foi dedicado ao prêmio. Os dois seguintes aconteceram no SESC Tijuca, com debates e apresentações dos SubGrupos do Afro Reggae. O quarto e último dia de comemoração foi na Lapa, com um grande show da Banda AfroReggae, Makala e grandes artistas como Lenine, Jorge Mautner e Nelson Jacobina, Nando Reis, Frejat... O dia foi assinalado ainda por um dos maiores temporais que já caíram sobre a cidade, o que fez acabar a luz em toda a região menos no palco montado em frente aos Arcos, iluminado pelo gerador e impediu Caetano Veloso de chegar para sua apresentação, mas não impediu o público de festejar até o final, debaixo de chuva, junto com o Afro Reggae os 10 anos de sua história. Como esta era uma data marcante, todo o ano foi dedicado à comemoração dos 10 anos, cujo clímax aconteceu em 9 de setembro, com o lançamento do livro Da favela para o mundo, no Sesc-Flamengo. Escrito por José Junior, o livro narra a história do Grupo Cultural Afro Reggae desde os primeiros movimentos para organizar as festas que aglutinaram o grupo, passando pela edição do Afro Reggae Notícias e a consolidação do grupo, os acertos (e também os erros), os avanços e os planos de futuro. Naturalmente, essa é apenas parte da história e ainda há muito a construir. O ano de 2004 deve trazer muitas novidades: há a perspectiva do novo Centro Cultural, em vigário Geral; o novo CD da Banda AfroReggae; a inauguração do centro multimídia em Parada de Lucas e muito mais. De qualquer forma, esse ano começou bem, com a festa de 11 anos do grupo realizada no Canecão. Pela primeira vez, a comemoração aconteceu em fevereiro e num bairro da zona sul. Essa festa, entre outros argumentos, mostrou a evolução dos grupos artísticos formados pelo trabalho do Afro Reggae no caso presente, a trupe Levantando a Lona, o Kitoto, Afro Samba, Makala, e naturalmente a já experiente Banda AfroReggae e também a capacidade do grupo de juntar os diferentes pontos e as diversas esferas da cidade em um mesmo espaço, mostrando que as diferenças podem ser superadas e que alguns dos maiores problemas sociais, políticos e até econômicos de nosso podem encontrar uma solução nessa experiência de solidariedade e reconhecimento.

    http://www.afroreggae.org.br/upload/projetos_2/gcar_historico.pdf


























    NOS DIAS DE HOJE

    Chacina de Vigário Geral, no Rio, completa 22 anos

    A ONG iniciou sua atividades em 1992 para promover fetas de reggae: ...
    Tudo teve início com a realização de uma festa de reggae, que aconteceu na seqüência de uma série de festas de funk que José Júnior, atual Coordenador Executivo do GCAR, vinha  organizando desde 1992. Como, nesse mesmo ano, o funk tinha se tornado um ritmo proibido nas festas e bailes do Rio devido ao controverso arrastão da Praia do Arpoador houve a exigência de uma mudança. Essa mudança deu certo, não apenas porque a festa foi um sucesso, mas também porque levou à politização do grupo e motivou a realização de uma segunda festa: a Iª Rasta Reggae Dancing, que reuniu pessoas dos locais mais distintos como Baixada Fluminense, Zona da Leopoldina, Zona Sul e Zona Oeste..."

    Mas repita mil vezes esta história do vídeo abaixo e surge uma versão incontestável de uma "verdade" em que a própria mídia passa a crer. 





    Reprodução do Extra online



    O coordenador do AfroReggae, José Júnior precisa mais do que nunca se explicar. Primeiro pelo padrão de vida que leva. Segundo a revista Alfa publicou, José Júnior só viaja de avião na classe executiva, não na econômica, e circula a bordo de um carrão, um Land Rover Freelander 2, avaliado em R$ 140 mil. Além disso afirma que por ser amigo de políticos tem acesso a muitas grifes caras como Reserva, Osklen, Adidas e Evoke. Como assim? 

    Mas o que mais chama a atenção é a sua defesa do traficante Elias Maluco. Vejam a reprodução abaixo. 




    Reprodução do Extra online


    Quer dizer que Elias Maluco agora é inocente? Me poupe José Júnior. Ele diz que é “amigo pra c....” do bandido. Só assim para justificar essa absurda defesa. Na verdade José Júnior se for investigado a fundo tem muito que se explicar, a começar pela fuga dos bandidos do Alemão. Ele foi enviado por Cabral para – segundo ele - dar prazo aos traficantes se renderem, mas todos sabem que o que aconteceu foi a fuga em massa logo depois do “acerto” com o coordenador do AfroReggae. 

    Mas agora pasmem, o AfroReggae só no ano passado recebeu através de convênios, a maioria com os governos Cabral e Paes, R$ 20 milhões. O MP deveria fazer uma auditoria nessas contas, mas uma coisa é certa, José Júnior está levando vida de rei. 



    José Júnior, de camisa preta do AfroReggae e mais atrás de camiseta preta com a mão na cabeça, o irmão de Marcinho VP, que não queria aparecer, no dia da ocupação do Complexo do Alemão




    http://resistenciacristaj.blogspot.com.br/2013/05/acusador-do-pr-marco-pereira-jose.html#comment-form


    Escola com Criança Esperança e AfroReggae é a pior do Rio. É óbvio: criança precisa aprender matemática; ela já sabe bater lata

    Escola boa ministra português, matemática, ciências etc, num ambiente de disciplina, de ordem, em que o professor ensina, e o aluno aprende. Trata-se de uma obviedade, de uma tautologia. Mas esse conteúdo tem de ser repetido dia após dia porque poucas áreas estão tão sujeitas à feitiçaria entre modernosa e esquerdopata como a educação. As crianças são pilotos de prova de ONGs que nem sequer são especializadas na área. A reportagem abaixo é um tanto chocante, especialmente porque toca numa das vacas sagradas dos descolados do morro e do asfalto: a tal AfroReggae. Estamos diante de um daqueles casos em que se pode até chutar o traseiro de Jesus Cristo, mas não ouse questionar o “intelectual” e “pensador” José Jr, o chefão da ONG. Ele opinou até sobre os assassinatos no Pará…
    Sabem por que a escola em que funcionam o Criança Esperança e o AfroReggae é a pior do Rio? Eu explico: criança precisa aprender português, matemática e ciências. Ela não precisa aprender a bater lata e a dançar. Isso ela faz sozinha, sem a ajuda do professor. Experiências como a que há lá só servem à exibição turística e contentam a tese de alguns descolados. Escola não pode ser campo de concentração, mas também não é clube de recreação. A inversão de valores é tal no Morro do  Cantagalo, como vocês verão, que há alunos por lá que acham tudo uma maravilha; só a escola é que atrapalha um pouco…
    Por Raphael Gomide:
    O Complexo Rubem Braga, no Morro do Cantagalo, em Ipanema, abriga o Espaço Criança Esperança, da Rede Globo, o AffroReggae, o projeto Dançando para não Dançar e o Ciep Presidente João Goulart, da Secretaria Municipal de Educação. Já visitaram o local, inúmeras vezes, o prefeito Eduardo Paes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidenta Dilma Rousseff e o governador Sérgio Cabral. A primeira-dama da França, Carla Bruni já esteve no complexo, que recebe visitas diárias de turistas estrangeiros. O conjunto de favelas Cantagalo/Pavão-Pavãozinho recebeu R$ 71 milhões em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), um elevador panorâmico que virou ponto turístico e uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), instalada em 2009.
    Paradoxalmente, apesar da permanente atividade cultural, da estrutura, da projeção e da atenção política, a escola municipal de Ipanema foi a que teve pior desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) entre as 970 avaliadas da rede municipal do Rio, 1,8 nos anos finais do Ensino Fundamental. No ano anterior, a nota havia sido 3,7. Na Prova Rio, feita em 2010, o resultado também foi ruim: 3,6, deixando a João Goulart em 683º, ainda no pior terço das escolas municipais. Nos anos iniciais do Ideb, resultado também decepcionante: é a segunda pior nota, 3,1, entre os colégios do município; no Ide-Rio (Índice de Desenvolvimento de Educação Rio), teve a 960ª posição, com 3,4.
    “Os professores não passam muito as coisas. Não me surpreende em nada essa nota. É ruim. Os alunos não prestam atenção, por isso não sabemos nada. Os professores saem da sala quando os alunos estão fazendo bagunça. Só às vezes tem dever de casa. A aula é boa, mas os alunos bagunçam. Depois da refeição, todo mundo joga tangerina, fruta, um no outro, jogam comida debaixo da mesa, pegam a colher e a fazem de catapulta para jogar arroz…”, conta Joice Santos.
    A entrada da João Goulart é uma porta de vidro, ladeada por uma bandeira do Brasil em um mastro. Dali, vêem-se uma escada com corrimão e, à direita, andaimes, carrinhos de transporte de material de obra, uma escada desmontável e tapumes – provavelmente restos de uma obra recente. A cinco metros da porta da escola está o projeto Criança Esperança, da Rede Globo; a outros 10 metros, o projeto Dançando para não Dançar; no andar de baixo, o grupo cultural Affroreaggae. Na sexta-feira (29), um grupo de cerca de 30 estrangeiros estava no local, rotina quase diária desde a instalação do elevador.
    Caroline Corrêa, 14 anos, estudou na escola João Goulart até a 3ª série, mas saiu porque “não estava aprendendo nada”. Foi para a Escola Municipal Roma, uma das mais bem colocadas no município, com Ideb de 5,4 nos anos finais, o triplo da nota do ex-colégio. “É muita diferença”, disse Caroline.
    “É curioso, mas nem tão surpreendente. Há muito preconceito no Brasil, muita desigualdade. O governo não está nem aí para a educação. Se a economia está bem, então está tudo ótimo. Mas educação é chave para um país. Parecem estar fazendo o mesmo que a Austrália: evitam educar os aborígenes para não perderem poder”, disse Ruth Hienna, de origem afro-aborígene.
    A secretária de Educação, Cláudia Costin, afirmou ao iG que o mau resultado da João Goulart, divulgado em julho de 2010, também deixou todos no órgão “chocados”, por conta do “ambiente cultural rico” que cerca a escola. A secretaria mudou a direção e a coordenação pedagógica da escola este ano e instituiu uma série de programas de reforço e estendeu o horário de funcionamento para sete horas diárias.


    Por Reinaldo Azevedo





    http://ondeoventofazacurvalagoinha.blogspot.com/2010/07/o-comandante-geral-da-pmerj-fala-sobre.html

    http://ondeoventofazacurvalagoinha.blogspot.com/2011/03/injustice-that-must-be-corrected.html