"O fim do Direito é a paz; o meio de atingi-lo, a luta. O Direito não é uma simples idéia, é força viva. Por isso a justiça sustenta, em uma das mãos, a balança, com que pesa o Direito, enquanto na outra segura a espada, por meio da qual se defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a impotência do Direito. Uma completa a outra. O verdadeiro Estado de Direito só pode existir quando a justiça bradir a espada com a mesma habilidade com que manipula a balança."

-- Rudolf Von Ihering

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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O direito social à moradia e os municípios brasileiros: O QUE PODEMOS FAZER? DÓI A SUA CONSCIÊNCIA?


Moradores de rua contam sonhos e planos para 2012 De acordo com o IBGE, mais 1,8 milhão de brasileiros vivem nas ruas em todo o país.



Apesar do barulho dos fogos, 2012 chega silencioso para a maioria dos moradores de rua. Sem muito alarde, a virada de ano é encarada como uma noite qualquer, apenas mais uma noite para lutar pela sobrevivência. Mesmo assim, eles ainda procuram maneiras de se divertir.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais 1,8 milhão de brasileiros vivem nas ruas em todo o país. Só na capital paulista, pelo menos 14 mil pessoas não têm onde morar.
Já o número de crianças que moram na rua é assustador. Uma pesquisa mostra que existem mais de 24 mil menores de idade sem lar no país – a maioria do sexo masculino.
O uso de álcool ou de drogas é o principal motivo que levam os adultos a viver em condição de rua. Já no caso das crianças, os principais motivos apontados são violência doméstica, brigas com familiares e, também, o uso de álcool ou drogas.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social, a maior parte dos moradores de rua do Brasil não é pedinte ou mendigo – 70% faz algum tipo de trabalho informal remunerado, como recolher material reciclável, guardar carros ou fazer bicos em serviços de limpeza e construções.
Apesar de viverem na rua, esses moradores encontram uma maneira para tentar marcar a passagem de ano. ODomingo Espetacular foi às ruas do país conhecer a história de alguns deles.
No bairro do Grajaú, no Rio de Janeiro, rola até um churrasquinho na virada.
Veja mais no vídeo abaixo:



http://noticias.r7.com/cidades/noticias/moradores-de-rua-contam-sonhos-e-planos-para-2012-20120102.html

Restaurante de luxo de Nova York oferece almoço a moradores de rua no Natal

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Todo ano, no dia 24 de dezembro, os clientes de um restaurante no sul de Manhattan viram garçons e ajudantes em uma comemoração especial. Cerca de 150 moradores de rua são convidados para um almoço gratuito. Veja!


Dilma passa Natal em Brasília antes de férias na Bahia


Neste ano, a presidente ficará no Palácio da Alvorada acompanhada pela família
Da Agência Brasil, com R7

A presidente Dilma Rousseff passará o Natal no Palácio da Alvorada, em Brasília, na companhia da família. Na próxima segunda-feira (26), Dilma viaja para o Nordeste, onde passará férias na base da Marinha de Aratú, na Bahia.
A filha Paula, o neto Gabriel e a mãe, Dilma Jane, passarão o Natal e Réveillon com a presidente. Para o Natal, Dilma mandou decorar o Palácio da Alvorada, onde mora.
Na quinta-feira (22), Dilma se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após participar de uma festa de Natal organizada por catadores de material reciclável e moradores de rua. No encontro, ela entregou a Lula um presente feito pelos catadores - durante todo o seu mandato, Lula sempre foi ao Natal organizado por eles.
Ainda não há confirmação do retorno ao trabalho, mas estima-se que a presidente retome às atividades na primeira semana de janeiro, entre os dias 4 ou 5, ou fique um pouco mais, retornando ao trabalho no dia 10.
Enquanto estiver na Bahia, a presidente terá a segurança feita pelo ex-chefe de segurança pessoal do ex-presidente Lula, General G. Dias. Depois de oito anos de dedicação ao governo Lula, o general assumiu o comando da 7ª Região Militar do Exército em Salvador.
Férias
Depois de eleita, em 2010, ela escolheu Itacaré, na Bahia, para descansar. No carnaval deste ano, em março, Dilma foi à praia de Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte, para descansar com a família, também acompanhada da filha e do neto Gabriel.
A presidente conseguiu manter sua privacidade no período em que passou no Rio Grande do Norte, sem agenda oficial. Dilma participou da soltura de cem filhotes de tartarugas marinhas acompanhada por pesquisadores do Projeto Tamar e assistiu às apresentações relativas aos projetos desenvolvidos no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, vinculado ao Programa Espacial Brasileiro.



Catadores pedem a Dilma apoio para conter violência contra moradores de rua

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Dilma Rousseff manteve uma tradição iniciada com Lula. Ele se reunia todos os anos com os catadores de material reciclável. Neste ano, os profissionais homenagearam o ex-presidente e fizeram um pedido de ajuda do Governo federal para conter a violência nas ruas. Em todo o país, 142 moradores de rua foram assassinados em 2011. Dilma prometeu apoio.




Em Natal com moradores de rua, Dilma promete 
combater “limpeza humana” nas cidades

Aos catadores de material reciclável, presidente prometeu cooperativas e capacitação
Wanderley Preite Sobrinho, do R7




A presidente Dilma Rousseff prometeu, nesta quinta-feira (22), em São Paulo, "fazer o que puder" para combater a violência cometida contra moradores de rua em todo o Brasil. De acordo com os representantes desses moradores, 142 pessoas foram assassinadas no último ano. Nas palavras da presidente, os governos estão promovendo "uma limpeza humana nas grandes cidades".




Essa é a primeira vez que Dilma participa, como presidente da República, do Natal dos catadores de materiais recicláveis e da população que vive nas ruas. O evento reuniu cerca de 1.000 pessoas no centro da capital paulista.

Ela afirmou que quem cuida dos moradores de rua são os governos estaduais e que, por isso, ela só pode ajudar conversando com os governadores, acusados pelos moradores de rua de colocarem a polícia para cometer violência.

- O que está ocorrendo é uma limpeza humana nas grandes cidades do país.

De acordo com ela, "o primeiro dever com a população de rua é protegê-la da violência".

- O governo vai fazer o que puder para impedir que haja esse nível de violência que é denunciado. Por isso, é fundamental criar um diálogo com os governos estaduais para evitar a violência.

Catadores

Dilma arrancou aplausos da plateia ao dizer que vai ouvir a reivindicação dos catadores e impedir que resíduos sólidos, em vez de irem parar nos incineradores, sejam reciclados. Ela também prometeu cursos de capacitação e pediu o cadastramento de cada um deles.



- Para termos a possibilidade da reciclagem completa, industrial, é preciso capacitação - e estaremos empenhados nisso por meio do [programa] Brasil sem Miséria. Não é um favor do Estado brasileiro, é uma obrigação com uma população credora de uma dívida social.

Ela também prometeu a construção de cooperativas e destacou "a relevância desse trabalho como protetor do meio ambiente".

- Tem uma lógica que precisa ter consequências econômicas e sociais. Nossa maior obsessão é construir cooperativas, associações, para garantir que os catadores tenham a proteção de uma organização forte para atuar na sociedade.

Evento

O evento, que durou quase duas horas, começou depois do anúncio das autoridades presentes. Cantores populares tocaram canções natalinas, enquanto alguns catadores foram ao microfone cantar.

Os porta-vozes desses trabalhadores se revezaram no palco, sob o olhar atento de Dilma, para falar sobre a importância da reciclagem de lixo para transformar o Brasil em um país sustentável. Também não faltaram elogios à "primeira mulher eleita presidente do Brasil", que colocou um boné do movimento dos catadores. Eles também pediram a Dilma um "Plano Nacional para os moradores em situação de rua".

Em uma das músicas, Dilma e as autoridades se levantaram para acompanhar os moradores de rua dançarem no centro do palco.

Em seguida, o homenageado foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - o primeiro presidente a festejar o Natal com catadores e moradores de rua. O cerimonial lembrou o câncer de laringe que surpreendeu o ex-presidente em outubro.







O direito social à moradia e os 

municípios brasileiros






A política municipal de habitação precisa ser elaborada com a seguinte perspectiva: sempre que for viável, a regularização urbanística é a medida a ser adotada pelo Município diante da ocupação irregular.

Ao lado da alimentação, a habitação figura no rol das necessidades mais básicas do ser humano. Para cada indivíduo desenvolver suas capacidades e até se integrar socialmente, é fundamental possuir morada. Trata-se de questão relacionada à própria sobrevivência, pois dificilmente se conseguiria viver por muito tempo exposto, a todo momento, aos fenômenos naturais, sem qualquer abrigo. O provimento dessa necessidade passa evidentemente pelo espaço físico, pelo "pedaço de terra", mas em razão do processo de civilização acaba sempre por requerer mais do que isso. Fatores culturais, econômicos e ambientais, entre outros, moldam a questão habitacional, definindo o mínimo desejável; é certo que as soluções alcançadas na pré-história, já não satisfazem os padrões atuais, bem como a habitação minimamente adequada para as áreas rurais não atende ao modo de vida urbano.

Admitidas essas variações, o fato é que a habitação satisfatória consiste em pressuposto para a dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1º, III da CRFB).

Correlacionando os temas, Nelson Saule Júnior esclarece que


"A dignidade da pessoa humana como comando constitucional será observada quando os componentes de uma moradia adequada forem reconhecidos pelo Poder Público e pelos agentes privados, responsáveis pela execução de programas e projetos de habitação e interesse social, como elementos necessários à satisfação do direito à moradia". [01]

Em observação dirigida à realidade brasileira, o autor afirma que para a moradia ser classificada como adequada precisaria englobar os seguintes itens: "segurança jurídica da posse, disponibilidade de serviços e infra-estrutura, custos da moradia acessível, habitabilidade, acessibilidade e localização e adequação cultural". [02]

Além de se envolver claramente com um dos fundamentos republicanos, o provimento da habitação diz respeito também aos objetivos fundamentais de nossa República, contidos no artigo 3º da Lei Maior, quais sejam:

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I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II – garantir o desenvolvimento nacional;

III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor e quaisquer outras formas de discriminação.

A precariedade (material e/ou jurídica) da habitação é, lamentavelmente, problemas dos mais graves da sociedade brasileira. Para além dos dramas pessoais e familiares, o pior é constatar que não estão aqui casos isolados, exceções à regra. A moradia representa um dos custos mais caros nas sociedades contemporâneas submetidas ao sistema capitalista. [03] Em um país com população predominantemente pobre e com capacidade comprometida para investimentos públicos, a habitação popular usualmente apresenta soluções temerárias, não raro improvisadas, muito ruins do ponto de vista da habitabilidade e sem qualquer segurança jurídica da posse; tal insegurança decorre, por vezes, da existência de legislação restritiva quanto à construção no local ocupado; em outros casos, por inexistir, para o possuidor, o chamado "justo título" em relação ao direito de propriedade.

A "Folha de São Paulo", em 04/06/2000, cruzando diferentes dados, divulgou que metade da população do Município de São Paulo, cerca de cinco milhões e quinhentos mil habitantes, mora em loteamentos ilegais, cortiços e favelas, a maioria sem infra-estrutura básica. Segundo noticiado no jornal O Globo, em 16/05/2004, no Município do Rio de Janeiro, somente em favelas, havia no ano 2000, cerca de um milhão e cem mil habitantes, cerca de 19 % (dezenove por cento) da população, dado colhido junto ao IBGE. Na mesma reportagem, o Instituto Pereira Passos, instituição pública ligada ao planejamento urbano carioca, revela que entre 1991 e 2000 a população das favelas cresceu seis vezes mais que a das áreas formais - o aumento foi de 24 % (vinte e quatro por cento), contra 4% (quatro por cento) da cidade formal.

O fenômeno não é exclusivo das duas grandes metrópoles. Em matéria do Jornal "O Globo" (14/11/03), o então Ministro das Cidades revelou que 85 % (oitenta e cinco por cento) dos Municípios brasileiros têm favelas ou outras formas de moradia em condições precárias. É certo que haja variação de números ao longo do território nacional, mas o mesmo órgão federal considera o déficit habitacional atualmente na ordem de seis milhões e seiscentas mil unidades.

Nessas condições, não há como construir sociedade livre, justa e solidária, erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos. Mais comum é que o quadro produzido seja o de segregação espacial, agravamento da miséria e da desigualdade social. Tudo isso requer ainda mais intensamente a atuação direta do Estado em prol da moradia, por se tratar de questão vital para a população e que, conseqüentemente, repercute no desenvolvimento nacional sustentável, influenciando a saúde, o acesso às oportunidades sociais (e a inserção social), a produtividade no trabalho etc..

Todos esse pontos convergem para, de modo mais específico, a Constituição da República definir como competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a promoção de programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais (e de saneamento básico). Isso ocorre no artigo 23, IX da Lei Maior. Não se esgota nesse mandamento o elenco de ações dos entes federativos em prol da habitação, mas é importante aqui revelar o tipo de competência previsto no dispositivo constitucional.

Os artigos 23 e 24, que distribuem competências em nosso Estado Federal, contêm vários incisos fazendo menção às mesmas questões. Certamente isso não é uma inútil repetição do texto legal. O artigo 24 da Constituição cuida da capacidade de editar normas jurídicas de alcance amplo, atingindo o comportamento da sociedade civil. Por sua vez, o artigo 23 estabelece a competência e, mais que isso, o dever de os entes federativos agirem materialmente em prol das missões que lhe são conferidas. Isto porque o preceito contém verdadeiros objetivos ou, em outras palavras, atribuições estatais mais específicas; se repararmos bem, são desdobramentos dos objetivos fundamentais, inscritos no art. 3º, traduzidos para determinados temas (saúde, meio ambiente etc.).

Duas conseqüências decorrem do artigo 23, IX da Lei Fundamental.

Pela primeira, toda e qualquer ação estatal, mesmo que não diretamente relacionada com aquele objetivo, encontra ali condição de validade. Enfim, o dispositivo, no final das contas, contém o que o Direito Constitucional contemporâneo costuma tratar como "normas programáticas", muito difundidas dentro do Estado de Bem-Estar Social. Canotilho prefere denominá-las "normas-tarefa", ou seja,


"aqueles preceitos constitucionais que de uma forma global e abstracta, fixam essencialmente os fins e as tarefas prioritárias do Estado (...). Estas normas não têm muitas vezes densidade suficiente para alicerçar directamente direitos e deveres dos cidadãos, mas qualquer norma contrária ao seu conteúdo vinculativo é inconstitucional" (grifos do original). [04]

A norma jurídica ou mesmo a ação material contrária ao dever constitucional do Estado nasce estéril. Em sua consagrada sistematização sobre a eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais, lastreada na doutrina italiana, José Afonso da Silva elucida a capacidade de condicionamento que têm as normas constitucionais; mesmo aquelas classificadas como de "eficácia limitada", exatamente as que ficam a aguardar futura lei sobre o assunto, se prestam, pelo menos, a submeter um indivíduo, o Estado, a uma abstenção: a de não atentar por leis ou atos contra os princípios institutivos ou normas programáticas ali contidas, porque indicam os fins sociais a que se dirigem oEstado. [05]

Pela segunda conseqüência, surge o dever para cada ente federativo no sentido de formular e adotar políticas e medidas públicas voltadas para os fins ali dispostos, e a atuação isolada de um não responde pela obrigação dos demais.

Segundo o entendimento ainda corrente, as normas programáticas, na essência, sinalizam o dever doEstado, sem contemplar a questão de modo a tornar prontamente exigível essa ou aquela ação concreta, especialmente aquelas de natureza mais complexa, a não ser a abstenção vista logo acima.

Muitas vezes será necessária a edição de normas para organizar as ações estatais, bem como tambémdeverá ser observada a adequação da programação financeira, através das leis específicas (plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei orçamentária anual), questões que nem sempre podem ser enfrentadas ou resolvidas nos tribunais, em respeito à separação dos Poderes. Dificilmente na Justiça se poderá pleitear, em condições normais, a entrega de casas para essa ou aquela família, pelos motivos expostos. Entretanto, mesmo na falta de normas jurídicas mais indicativas de como deva se operar um dever estatal, assiste ao Judiciário cobrar que o Estadosaia de sua omissão, declarando-o obrigado a estabelecer formas de agir em prol de suas obrigações, até mesmo estabelecendo prazo para tanto.

Foi um longo processo ate chegarmos a esse quadro acerca dos direitos sociais e das normas programáticas. Durante esse período muito se falou - e ainda se fala - na ineficácia do Direito, mas, como revela Boaventura de Sousa Santos, a verdadeira crise não esteve em última análise no Direito: esteve e ainda está, sim, na concretização do Estado de Providência, o qual daria sustentação àquelas normas; ele não consegue aprofundar seu papel, e em países periféricos, como o Brasil, no máximo são esboçados. [06] Ainda que em certos casos os propagadores desse ideal possam ter sido bem intencionados, do ponto de vista histórico, o Estado de Bem-Estar Social retirou do setor privado a responsabilidade pela gravidade do quadro social, sem conseguir dar uma solução definitiva para os problemas existentes.

Advirta-se, todavia, que é observada construção cada vez mais sólida no sentido de não se aceitar a imobilidade do Poder Público diante dos desafios postos: deve, sim, agir, observando os princípios e diretrizes. Além de ver nas normas-fim e nas normas-tarefa a qualidade de limites materiais negativos, Canotilho destaca que elas também vinculam o legislador e os órgãos públicos em caráter positivo: eles devem atuar de forma permanente para viabilizar a realização daqueles comandos. [07] Se descabe cobrar a pronta solução desejada, torna-se possível pelo menos exigir que o Poder Público movimente-se de modo contínuo naquelas direções apontadas, por meio de programas e medidas concretas. Diante de tal perspectiva é imaginável chegarmos a situações de responsabilização dos agentes públicos por omissões injustificáveis no cumprimento de tais obrigações.

Em casos extremos, nosso Poder Judiciário mesmo tem conseguindo superar a longa discussão sobre a independência dos Poderes para exigir providências concretas do Poder Executivo, a partir de princípios ou normas programáticas (diretrizes e objetivos, por exemplo). Na falta do atendimento minimamente esperado, a presença do binômio "razoabilidade da pretensão + disponibilidade financeira", tem levando a decisões cada vez mais frequentes, nas quais por exemplo são exigidas medidas concretas na área de saúde (entrega de medicamentos ou internações), educação (garantia de matrículas em escolas) ou de proteção ambiental (recuperação de área degradada). [08] Não cabe nas pretensões desta análise explicar o porquê desses avanços setoriais, mas constata-se que especialmente saúde e educação receberam atenção especial da Constituição, com uma série de normas que imprimem contorno mais claro à questão, apregoando-se, inclusive, a universalidade e a gratuidade do atendimento. Em todos esse casos é comum ressaltar o princípio da dignidade da pessoa humana.

Hoje assistimos nossa Suprema Corte a afirmar:


"Não obstante a formulação e a execução de políticas públicas dependam de opções políticas a cargo daqueles que, por delegação popular, receberam investidura em mandato eletivo, cumpre reconhecer que não se revela absoluta, nesse domínio, a liberdade de conformação do legislador, nem a de atuação do Poder Executivo. É que, se tais Poderes do Estado agirem de modo irrazoável ou procederem com a clara intenção de neutralizar, comprometendo-a, a eficácia dos direitos sociais, econômicos e culturais, afetando, como decorrência causal de uma injustificável inércia estatal ou de um abusivo comportamento governamental, aquele núcleo intangível consubstanciador de um conjunto irredutível de condições mínimas necessárias a uma existência digna e essenciais à própria sobrevivência do indivíduo, aí, então, justificar-se-á, como precedente já enfatizado – e até mesmo por razões fundadas em um imperativo ético-jurídico – a possibilidade de intervenção do Poder Judiciário, em ordem a viabilizar, a todos, o acesso aos bens cuja fruição lhes seja injustamente recusada pelo Estado". [09]

Frise-se que a imposição de obrigação de fazer deduzida dos deveres gerais do Poder Público ainda está longe de ser pacífica, como se vê em outras decisões, fiéis à concepção de que a alocação de recursos públicos é tarefa inerente a quem detém a legitimidade política, fruto das eleições, não podendo ser determinada pelo juiz. [10]

Um momento importante na afirmação do direito à moradia - e do dever estatal de assegurá-lo - se deu com sua inclusão no rol dos direitos sociais (art. 6º da CRFB). [11] Como ensina José Afonso da Silva,


"os direitos sociais, como dimensão dos direitos fundamentais do homem, são prestações positivas estatais, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais". [12]

Na seqüência da obra, o ilustre constitucionalista explicita que os direitos sociais têm conexão direta com o direito da igualdade. Representam o compromisso estatal em diminuir as diferenças sociais, assegurando-se, pelo menos, um mínimo básico para todos. O dever de agir do Estado é indeclinável, porquanto figura no pólo passivo da relação que constitui os direitos sociais, como indica a lição transcrita. Se a todo direito costuma corresponder umdever que assegure aquela pretensão, no caso dos direitos sociais a obrigação se volta contra o Estado e demais entidades que compõem a esfera pública (autarquias, fundações, concessionárias de serviço público etc.).

Nossa doutrina tem avançado na afirmação do direito à moradia, fundamentada no princípio de que as normas constitucionais devem ser interpretadas de modo a conferir-lhes a máxima efetividade possível. [13] Descabe, todavia, imaginar que de pronto caiba demandar habitação digna a toda a população.

Voltando às lições de Nelson Saule Júnior, destaca-se a seguinte passagem:


"Nas normas definidoras do direito à moradia a aplicação é imediata o que faz com que sua eficácia seja plena. Isto é, de imediato, o Estado brasileiro tem a obrigação de adotar as políticas, ações e demais medidas compreendidas e extraídas do texto constitucional para assegurar e tornar efetivo esse direito, em especial aos que se encontram no estado de pobreza e miséria. Essa obrigação não significa, de forma alguma, prover e dar habitação para todos os cidadãos, mas sim construir políticas públicas que garanta (sic) o acesso de todos ao mercado habitacional, constituindo planos e programas habitacionais com recursos públicos e privados para os segmentos sociais que não têm acesso ao mercado e vivem em condições precárias de habitabilidade e situação indigna de vida". [14]

Em suma, o que se conclui é que por força constitucional, os Municípios, como também a União, os Estados e o Distrito Federal, devem possuir programas e planos habitacionais. Esse conjunto de ações é que efetivará as opções, prioridades e linhas de ação contempladas na política habitacional nacional, estadual e municipal, conforme o caso. Os entes federativos estão obrigados a elaborá-la não só moralmente, mas também do ponto de vista jurídico.

A fundamentação acima não é sequer a única para se confirmar o dever em tela. Há de se considerar que é imprescindível para a promoção do desenvolvimento urbano, obrigação do Município (art. 182), que a questão habitacional seja objeto de especial atenção. Não é difícil compreender, como a literatura urbanística aponta, que a habitação é núcleo essencial do tecido urbano; conseqüentemente, deve ser também a referência principal da atividade urbanística. Recorra-se mais uma vez à lavra de Nelson Saule Júnior, ao afirmar que "o Município, em razão de ser o principal ente federativo responsável pela execução da política urbana, tem que desenvolver uma política habitacional de âmbito local". [15] Os temas não estão só associados: o enfrentamento da questão habitacional é o ponto central para promoção das funções sociais da cidade e para o bem estar de todos, ou em outras palavras, para promover o desenvolvimento urbano.

Sendo diferentes as causas, os contextos e as soluções dos problemas habitacionais, muito provavelmentedeverá o Município recorrer a medidas distintas, normalmente complementares; por vezes até, em vez de agir diretamente, deverá incentivar o setor privado para direcionar-se à camada social que costuma ser ignorada pelo mercado imobiliário. Em respeito aos recursos públicos e para bem atender às necessidades essenciais da coletividade, cumpre ao governo local buscar, sempre, a maior eficiência de suas ações, desde o momento de empreender as suas escolhas.
DA COMPETÊNCIA PARA O MUNICÍPIO ESTABELECER SUA POLÍTICA DE HABITAÇÃO

A competência material atribuída pela Constituição da República (p.ex., arts. 23, 30, VIII e 182) traz consigo, em regra, a competência legislativa capaz de viabilizar a atuação estatal. Essa constatação, na verdade, é fruto da denominada "teoria dos poderes implícitos", algo que desde cedo se compreendeu no constitucionalismo norte-americano.

Em homenagem à autonomia dos entes federativos, há de se compreender que se a Constituição lhes conferiu determinadas missões, implicitamente deu a cada um deles os meios necessários para agir, pois do contrário a atribuição seria letra morta. A coerência e harmonia do sistema jurídico, associadas à idéia de que o texto constitucional deve ser sucinto, sem entrar em pormenores, determinam essa conclusão. Em síntese apertada a justificativa central da teoria dos poderes implícitos se resume à seguinte lógica: "quem dá os fins, dá os meios". Se no Direito brasileiro a atuação do Município não prescinde de amparo legal, de acordo com o princípio da legalidade, as atribuições materiais conferidas ao Município estão, via de regra, acompanhadas pela competência para editar as normas necessárias para organizar e operacionalizar a tarefa administrativa. É importante compreender que a competência legislativa implícita limita-se às regras necessárias para a organização e ação do ente federativo, definindo os órgãos e autoridades envolvidos, os benefícios que serão concedidos, os recursos públicos que serão utilizados, as condições pessoais ou familiares dos beneficiados, as vantagens oferecidas aos empreendedores que atuem no segmento mais necessitado etc..

Compete, portanto, ao Município dispor em lei sobre as medidas administrativas relacionadas à questão habitacional, de modo a cumprir com suas obrigações máximas, entre as quais assegurar o direito social à moradia.[16] Como não está isolado em nosso Estado Federal, haverá de observar os princípios e normas condicionantes dessa atuação.

http://jus.com.br/revista/texto/7746/o-direito-social-a-moradia-e-os-municipios-brasileiros





A ilha - Curta metragem de animação de Alê Camargo







Curta metragem de animação de Alê Camargo, com patrocínio da Petrobras, realizado em 2010. O curta retrata a dificuldade que os pedestres enfrentam para atravessar ruas e avenidas nas grandes cidades brasileiras. Visite

sábado, 31 de dezembro de 2011

2011: o ano em que a velha mídia naufragou Enviado por luisnassif, sab, 31/12/2011 - 08:52.


 

Por Eduardo Ramos
RETROSPECTIVA 2011 – O ano da perda da dignidade da grande mídia
Se eu fosse batizar esse ano, não citaria o primeiro ano de uma presidenta no Brasil, nem o Privataria Tucana, nem vaticinaria a morte do PSDB.
O que mais me marcou em 2011 foi o fim definitivo da coerência e da dignidade da grande mídia no Brasil!
Ora, poderia alguém contestar, isso já se deu há muito tempo, desde que Daniel Dantas e/ou outras forças corromperam de vez a mídia, e junto com José Serra deu as cartas nas redações nos últimos anos. Discordo: esse foi “o processo da morte em si”, mas foi nesse ano que, aos meus olhos, “o fato se consumou”.
Lembro bem do dia exato em que tive essa sensação. Foi num momento até tolo, quase insignificante. Um dos jornais da Globo News, naquela parte em que o apresentador faz uma triangulação entre um dos jornalistas e um convidado, no telão. O jornalista era o George Vidor,  e o convidado, um economista careca, pedante, creio que o tal Alexandre, (esqueci o sobrenome) que o Nassif debocha chamando de “o economista de deus”. De fato, é estarrecedor o que o rapaz é capaz de dizer, o ar de sapiência absoluta, enquanto desfia asneiras de doer.
O coitado do Vidor chegou a ficar sem graça, quando questionou – e fez auto-crítica... – o fato de vários economistas e colunistas de jornais terem metido o pau no Tombini quando o BC iniciou esse movimento de baixa dos juros, antecipando o agravamento da crise na Europa.
O Alexandre “de deus” não se deu por vencido, vaticinou que o BC havia errado, sim, e por mais que o Vidor insistisse, ele batia sempre na mesma tecla, não cedendo um milímetro apesar da lógica irrefutável – e humilde... – do jornalista. A coisa foi tão constrangedora, que ficou parecendo “conversa de bêbado” e o Vidor se viu obrigado a mudar de assunto.
Foi nesse instante, diante dessa cena, pequena em si mesma, grotesca, banal, que percebi que há algumas semanas a mídia já vinha “batendo cabeça” ao longo do ano, de modo sutil, e nessa questão de juros, um constrangimento se plantou de vez. Porque, para atingir o governo mais uma vez, realmente massacraram o BC naquele episódio. O governo estava atacando a independência do Banco Central, Tombini era um fraco, a inflação nos devoraria, a crise européia nem era tão grave, e mais um bando de sandices, cujo único objetivo era ter algo a criticar no governo Dilma.
Com o acerto absoluto da decisão, inclusive do motivo alegado, o que se provou logo ali na frente, a mídia não fez a única coisa digna a ser feita: reconhecer seu erro, e parabenizar o governo e o Banco Central pela coragem de agir no momento certo. Alguns hipócritas falaram que poderia ter começado antes, outros, que o ritmo deveria ser mais prudente. O fato, é que pegos de surpresa, a coerência do discurso se despedaçou, e os argumentos se fragmentaram, contra e a favor, outros totalmente “em cima do muro” – o famoso “temos que esperar para ver se o governo acertou...” – o que não quer dizer coisa alguma.
Só então, percebi a fragilidade absurda desse gigante imponente que chamamos “grande mídia”. Ao perder o foco no que é o alimento natural de sua profissão, (o jornalismo), que é a busca da verdade, a mídia entrou num caminho sem volta, de CRIAR UMA FICÇÃO E MANTÊ-LA A QUALQUER CUSTO! Essa ficção se chama “vamos brincar de escrever e fazer qualquer coisa que ferre o governo!” – Ora, é claro que uma ficção, dentro do mundo real, não pode durar para sempre, por mais poderosos que sejam os agentes por trás da tal ficção.
As paredes começam a ruir, óbvio! São de areia fofa, não do concreto da verdade, da argamassa do jornalismo honesto.
Então, percebe-se que suas pequenas vitórias – a queda de alguns ministros, uma irritação provocada aqui ou ali – são “vitórias de pirro”, inconseqüentes, são “birras”, não constroem e não construirão nenhum perigo real para seu adversário – o governo.
Estão, na verdade, perdidos, sem discurso aprofundado, sem idéias novas, sem ideologias a propor, e, agora, mesmo INTERNAMENTE, começam a se desfacelar, a envergonhar a si próprios, quando não sabem explicar as vitórias do governo e seus prognósticos furados, numa questão simples, como essa do BC abaixar os juros.
Seu denuncismo continuado e exacerbado É PROVA DE SUA FRAQUEZA, NÃO DE SUA FORÇA! Descobrir isso me deixou aliviado, porque demonstra sim, que não têm outra arma para usar – o debate inteligente e honesto, por exemplo... – por isso a repetição exaustiva da única que possuem. Denúncias, denúncias, denúncias...
Antes disso, a tentativa canhestra de opor Dilma à Lula, e logo depois, o deboche bobo de falar do constrangimento de Dilma com a “herança maldita” de Lula – os ministros corruptos – como se Lula não soubesse – e, com certeza, admira essa característica... – da personalidade forte de Dilma, e de seu direito em mexer no ministério sempre que necessário. Os tolos parecem não saber que se Lula quisesse um “poste” ou fantoche, JAMAIS TERIA ESCOLHIDO DILMA PARA SUCEDÊ-LO! Não compreendem que a lealdade inquestionável de Dilma não é posta à prova, quando exerce seu também inquestionável direito, como presidente, de governar segundo sua consciência.
O episódio “Privataria...” foi como o “fechar o caixão” da coerência e dignidade de uma mídia que desonra há anos a palavra JORNALISMO, e em seu desespero e confusão mental, dão mesmo a impressão de que não sabem mais como se conduzir dentro da profissão que escolheram.
Termino dizendo algo que parece incoerente, mas não é. O mais indigno adversário, só mantém alguma legitimidade, quando dentro da sua indignidade ele se reserva ALGUMA DIGNIDADE, ALGUMA VERDADE, ALGUMA IDEOLOGIA. Na velha parábola do rei nu, equivale a dizer que um rei ainda é rei, se ao menos não está nu aos olhos do seu povo.
É nesse aspecto que digo que a mídia morreu, mesmo que dêem a volta por cima, no sentido mercadológico, de triplicarem suas vendas, de causarem a queda de trinta ministros. Estão nus! Ao perderem a verdade do jornalismo de vez, toda e qualquer coerência, toda ou qualquer dignidade, ao se focarem EXCLUSIVAMENTE EM ATACAR O GOVERNO E DEFENDER SEUS ALIADOS POLÍTICOS, assumem-se publica e definitivamente, como PANFLETOS, panfletos de papel, panfletos televisivos, panfletos milionários, de alta penetração na sociedade, e com toda uma roupagem tecnológica e de aparência profissional, tentando desesperadamente mostrar o que já não são.
2011, para mim, estará sempre marcado, como o ano em que a grande mídia morreu.

OEA: "Belo Monte uma obra ilegal que envergonha o Brasil". curta

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A História dos Direitos Humanos (legenda)












Colegas de trabalho fazem "vaquinha" 


para custear enterro de policial militar





Sem dinheiro para pagar o enterro, a mulher do cabo Leandro Monteiro, assassinado na última terça-feira, teve que recorrer aos companheiros de trabalho dele para conseguir realizar o funeral, no cemitério de Inhaúma. Em entrevista à Record, ela falou sobre sua revolta com a falta de segurança dos policiais militares.







quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Manter os pés sujos e com mau cheiro pode afastar picadas do mosquito da malária.

















Uma nova pesquisa está dando conselhos para as pessoas que forem viajarpara países com surtos de malária. Quer ficar livre de picadas? Não lave os pés!


Um estudo recente está demonstrando que os mosquitos que transmitem a malária são atraídos por uma baixa quantidade de bactérias nos pés. Quem mantém uma boa higiene dos pés está mais propenso a ser picado pelos mosquitos se comparado com pessoas com os pés sujos.

A pesquisa mostrou que as pessoas com grande quantidade de bactérias nos pés e, por conseqüência, um odor desagradável, consegue afastar os mosquitos. O motivo da “repelência” ainda não está bem esclarecido.

Os pesquisadores acreditam que as diferentes espécies de bactérias produzam sinalizadores químicos. Uma vez liberada, funcionaria como um tipo de alerta para os mosquitos ficarem longe, não sendo atraídos ou não despertando “vontade” de picar.

A pesquisa foi publicada no jornal on-line da Biblioteca Pública de Ciência da Holanda, e busca encontrar uma maneira de transmitir esse conhecimento para que pesquisadores desenvolvam uma forma de repelir com eficácia os mosquitos responsáveis pela transmissão de malária.

Um dos autores do estudo, o Dr. Niels Verhulst da Wageningen University na Holanda, declarou: “Os compostos que inibem a produção microbiana do odor humano ou a manipulação da composição da microbiota da pele, podem reduzir a atratividade de uma pessoa aos mosquitos”.



Os cientistas colheram amostras de suor da sola dos pés de 48 pessoas, sendo a grande maioriahomens, com idades entre 20 e 64 anos. Os participantes foram orientados a não consumirem álcool, alho, cebola, alimentos picantes e nem tomarem banho ou usarem cosméticos perfumados.

A pesquisa orientou aos participantes, usarem meias de nylon por no mínimo 24 horas antes da coleta de suor. O mosquito transmissor, Anopheles gambiae, é responsável por um grande número de transmissão da doença na África, local onde a malária é altamente endêmica, e é conhecimento como ‘preferir’ picar os pés.



quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A crise em Portugal, por Francisco Carlos Teixeira.


Por Webster Franklin
Da Carta Maior
O povo português não comemorou este Natal. Não houve fogos ou decoração natalina no Rossio ou no Comércio. Não havia muito a comemorar, talvez apenas a certeza, dita por todos, que o ano de 2012 será bem pior. O desemprego atingiu quase 11% dos poucos mais de cinco milhões de trabalhadores. Entre os jovens, o índice atinge quase 25%.

Portugal hoje
Portugal é um pequeno país, nós sabemos. Possui pouco mais de dez milhões de habitantes, em um território de 92 mil quilômetros quadrados, o que é apenas duas vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro (que possui, entretanto 15 milhões de habitantes). Portugal, por sua vez, possui um PIB de 247 bilhões de dólares, enquanto o PIB do Rio de Janeiro é de cerca de 200 bilhões de dólares, com chance de chegar a um trilhão em 2025. 
Portugal, em suas terras limitadas pelo mar e por Espanha, atravessadas por montanhas de pedras, com um chão avaro, parco, para os trabalhos agrícolas, não é uma grande economia. Somente os vinhedos, pequenos, artesanais e de grande excelência, sobrevivem ao lado de algumas oliveiras, limões, laranjas e alecrins. Ao sul, as charnecas são secas, áridas, como Fernando Namora já nos descreveu. Igual ao Rio somente o turismo. 
É impossível andar pelas ruas limpas e bem sinalizadas do país, sem deparar com grupos de turistas europeus – o que ainda mantém vivos cafés e tascas do Bairro Alto, do Rossio e da Ladeira da Alfama.
Entretanto ao contrário do Rio, falta a Portugal perspectivas. Não há uma vocação clara, nem mesmo um projeto que una partidos, lideranças e a sociedade. Ao contrário da Alemanha e Inglaterra, que declaram o fim dos experimentos multiculturalistas e multiétnicos, Portugal é uma nação diversa em sua composição, com uma larga população negra – oriunda das ex-colônias ou nascida aqui – além de indianos e chineses étnicos, e é claro, um bom número de brasileiros. Todos vivem bom convívio, melhor do que qualquer outro país da Europa. Contudo, tamanha diversidade não ajudou a criar um projeto de nação, e de futuro, capaz de tirar o país do marasmo. 
Não há grandes indústrias, o comércio é quase todo local, e a agricultura não responde ao mínimo necessário para o país. O desemprego atingiu quase 11% dos poucos mais de cinco milhões de trabalhadores portugueses, mas entre os jovens – incluindo os jovens formados em escolas técnicas e universidades – o índice atinge quase 25%! Mais da metade dos 620 mil desempregados do país são jovens. As perspectivas para estes de encontrar um emprego em seu rama de especialização em seu próprio país são tremendamente baixas.
Uma terra que envelhece!
Portugal é um país velho de história(s). Aqui estão os túmulos megalíticos de Braga e sua Sé; as ruínas romanas de Évora, os fundamentos árabes do castelo de São Jorge em Lisboa. Mas, acima de tudo, Portugal envelhece em sua gente. Nas ruas poucas crianças são vistas e aldeias inteiras são povoadas por velhos. A inexistência de empregos, um mercado de trabalho pouco flexível e imaginativo, afugentou os jovens, que migram para toda a Europa, Estados Unidos e Brasil. 
Alguns países, no interior da União Européia, se aproveitam disso. No início de 2011, já frente às terríveis exigências feitas pela U.E. aos portugueses, a chanceler alemã Angela Merkel ofereceu condições favoráveis para a migração de jovens de nível universitário para o país. Ou seja, Portugal educa e forma, paga os gastos e a Alemanha recebe bons técnicos sem qualquer investimento, enquanto o país envelhece!
Hoje já vivem no exterior mais de um milhão de portugueses e diariamente centenas de outros pedem visto de residência em outro país. O primeiro-ministro português Pedro Passos Coelho (no poder desde junho de 2011), da coalizão direitista do PSD/CDS, em recente discurso aconselhou simplesmente os jovens a migrarem, abandonando Portugal. Talvez tenha sido o único chefe de governo do mundo que, em vez de criar empregos, mandou seus concidadãos embora do país!
De qualquer forma, o risco da fórmula de Passos Coelho é que na próxima eleição não haja mais quem governar em Portugal. A demografia do país é um desastre. A média de idade da população está acima de 43 anos e apenas 16% tem menos de 15 anos. A maioria da população, e daqueles que ficam, envelhece. Aldeias inteiras, formadas de velhos, dependem do sistema da previdência para sobreviver. O crescimento demográfico do país é de apenas 0.2% ( Para efeito de comparação: a população com menos de 15 anos no Brasil é cerca de 27% do total de nossa população, enquanto a
média de idade é de 30 anos e o crescimento anual é de 1.4%). 
Não se trata como querem alguns economistas da chamada “troika” – que em verdade por trás da coligação PSD/CDS governa Portugal, formada pelo Banco Central Europeu/BCE, o FMI e a direção da União Europeía – de preguiça ou de falta de iniciativa do povo português. Se trata, a bem da verdade, da ausência de empregos.
Aqui cabe também ressaltar a responsabilidade de anos de governo do Partido Socialista/PS, que aceitou as imposições do núcleo financeiro da União Européia e não buscou, quando ainda era possível – em 2009/10 – meios eficazes de defesa do país em face da crise financeira nascida nos EUA.
Portugal, alvo da especulação financeira
Logo após o desastre do sistema financeiro americano, com a explosão escandalosa do sistema imobiliário – o subprime – os governos Bush (em seu amargo final) e o governo Obama (em ações decepcionantes)resolveram salvar os bancos americanos em nome da saúde do conjunto da economia. Emprestaram centenas e centenas de milhões de dólares para bancos, seguradoras e algumas montadoras de automóveis em ambas as margens do Atlântico. Havia medo de uma paralisia total da economia, posto que os bancos – após anos de especulação desenfreada no “livre mercado” – estavam incapazes de fazer frente as suas garantias.
Já sabemos hoje o que se passou: os bancos saíram da crise, não melhoraram suas carteiras e nem se preocuparam em fazer investimentos produtivos, que gerassem empregos e renda. Garantiram apenas os empregos e bônus de seus executivos, tudo com o dinheiro público.
Viciados em especulação, abandonaram o deprimido mercado imobiliário, deixando um rastro de infelicidades, desde famílias que perderam seus lares até o desemprego maciço na cadeia produtiva voltada para a construção civil. Buscaram como alternativa os empréstimos diretos a países, abrindo uma nova frente de crise, chamada de crise das dívidas soberanas. Os países periféricos do sistema do euro – Irlanda, Portugal, Grécia – foram seus alvos principais. Após grandes empréstimos, voltados para a manutenção dos próprios orçamentos nacionais, passaram a pressionar os títulos, visando a elevar exageradamente o prêmio/preço a ser pago pelos empréstimos. 
As agências ditas “de riscos” – que não souberam prever as crises de seus próprios bancos associados – participaram, intensamente, criando um circuito de boatos e de análises catastróficas, que elevavam os juros dos países, sangrando ainda mais a sociedade. Assim, um a um, caíram as peças do dominó: Irlanda, Grécia, Portugal até chegar a Itália e Espanha, que por seu peso e pela capacidade de arrastar na crise os próprios bancos mereceram mais favores que os pequenos países.
Empobrecer em Portugal
O governo do PS não viu, ou não soube prever o impacto dos ataques especulativas contra o país. Derrotado nas urnas, por um eleitorado decepcionado e assustado, foram substituídos pela coligação de direita PSD/CDS, com Passos Coelho à frente. As medidas tomadas, desde julho, são duras e divididas de forma injusta pela sociedade. As greves eclodem
quase diariamente, setor por setor, sem, qualquer capacidade de emocionar o governo. Os cortes sobre salários são brutais, com a perda do abono de férias e de Natal. Restrições imensas recaem sobre as pensões de velhos e viúvas, com uma porção gigantesca de recursos da população sendo arrancada pelo governo e entregues a “troika” para pagamento aos bancos. 
Lembra-nos em muito a liberdade e a desfaçatez dos executivos do FMI no Brasil nos anos de 1980. Tal qual no Brasil, as exigências do FMI e do BCE são as mesmas: austeridade e sacrifícios (por parte da população). Ora, trata-se de exigir sacrifícios de uma população pobre, frugal e que sempre trabalhou duro. Assim, as pensões entre 247 até 600 euros mensais não terão qualquer aumento em 2012, embora o corte dos subsídios e o aumento dos impostos tenham elevado o custo de vida do país. 
A mais irritante de todas as medidas do governo – para além de cortar os abonos, congelar salários, impor atendimento médico pago mesmo para os que contribuem para previdência – foi uma medida que surgiu aos olhos dos portugueses como um deboche: no próximo ano todos os empresários poderão exigir de seus trabalhadores meia hora diária de trabalho não pago.
O povo português não comemorou este Natal. Não houve fogos ou decoração natalina no Rossio ou no Comércio. Não havia muito a comemorar, talvez apenas a certeza, dita por todos, que o ano de 2012 será bem pior. Os partidos não apresentam respostas ou alternativas. O PS está em silêncio. O PCP – menos de 8% na última eleição conclama à revolta, sem dizer o que fazer. Restam talvez os “indignados”, que grafitam as paredes do Bairro Alto, com a clareza lusitana: “sacrifícios é o caralho”!
(*) Professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Cubana mostra as dificuldades que enfrenta para sobreviver Gladys se queixa de que há dez anos espera tratamento no dentista e que não se sente à vontade para dar uma risada.

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Esta semana o Jornal Nacional apresenta uma série de reportagens especiais sobre a vida dos cubanos e como as mudanças na economia estão atingindo a ilha comunista. Nesta segunda-feira (26), os enviados especiais Giuliana Morrone e Alberto Fernandez mostram como é a vida no interior e quais as principais carências da população.
Aeroporto Internacional de Miami. Os passageiros com destino a Cuba chamam a atenção por causa da bagagem: comida, roupa.
As malas gigantescas são um jeitinho encontrado pelos cubanos para quebrar o embargo econômico. A proibição dos Estados Unidos de que empresas americanas vendam produtos em Cuba vai completar 50 anos em janeiro. O plástico de proteção é uma tentativa de evitar que objetos sejam roubados das malas na chegada a Havana. Os passageiros têm medo até de falar sobre a viagem.
“Não dou entrevista”, diz uma mulher.
Alguns despacham mais de 200 quilos, além da cota de duas malas autorizada pela companhia aérea.
Gladys é cubana, mas também tem cidadania europeia porque os avós eram espanhóis. Por isso, conseguiu autorização do governo cubano para sair do país por 90 dias. Foi para os Estados Unidos, trabalhou como empregada doméstica, juntou dinheiro, pagou o equivalente a R$ 800 pela passagem, mais R$ 800 por excesso de peso.
O Jornal Nacional acompanhou a viagem de volta para casa: 45 minutos de vôo que separam os dois mundos de Gladys.
O avião sobrevoa o território cubano. O país de 11 milhões de habitantes está há 52 anos sob um regime comunista – uma ditadura que passou pelo comando de Fidel Castro e agora está com o irmão, Raul Castro.
No ano passado, segundo o governo cubano, a taxa de desemprego foi de 2,5% - 80% trabalham para o estado. De acordo com um estudo da Universidade de Miami, o número de desempregados chega a 25% e a dívida do país é equivalente a 125% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de tudo que é produzido pelo país.
No Aeroporto de Havana, ela é recebida pela família. Gladys diz que as roupas que comprou para os filhos foram confiscadas. As malas mal cabem no carro, uma relíquia da indústria automotiva.
No caminho, uma raridade: vacas pastando. A carne bovina é escassa no país. O Código Penal prevê até dez anos de prisão para quem matar o animal sem autorização do estado, que controla tudo na ilha.
São quatro horas de viagem até o encontro de Gladys com parentes e vizinhos. Ela mostra como é a vida no interior de Cuba, onde mora com o marido e cinco filhos.
“Não tenho gás para cozinhar, nunca tive”, conta. Ela tem um fogareiro elétrico, mas falta dinheiro para pagar a conta de luz. “Gás apenas na capital”, completa.
Na capital, Havana, os moradores também se queixam.
"A situação está crítica", diz uma mulher.
Na pequena cidade do interior de Cuba, Gladys sente saudade dos tempos em que a antiga União Soviética financiava o regime de Fidel Castro. “Nos anos da União Soviética, vivíamos muito bem”, lembra.
Os filhos e vizinhos ajudam a abrir as malas e encontram comida. Gladys levou também remédios e um agrado: um pacote de café para o dentista dela.
Em um país em que o governo diz que o sistema de saúde é motivo de orgulho, com atendimento gratuito para todos, Gladys afirma: "Aqui, se você adoece, tem que levar um presente para o hospital. Caso contrário, não consegue atendimento".
Gladys se queixa de que há dez anos espera tratamento no dentista e que não se sente à vontade para dar uma risada. "Não sou tão velha. Se tivesse os dentes, estaria um pouquinho melhor", diz.

Polícia resgata cinco cachorros que seriam queimados vivos no Paraná Cinco cães estavam em um buraco e tinham marcas de queimaduras. Cães foram encaminhados ao órgão responsável de Guaratuba.


Cachorros (Foto: Divulgação/Polícia Militar PR)Cachorros foram levados ao órgão responsável e passam bem (Foto: Divulgação/Polícia Militar PR)

A Polícia Militar resgatou, no sábado (24), cinco cachorros que estavam presos em um buraco coberto com entulhos e mato na área central de Guaratuba, no litoral do Paraná. Segundo a polícia, os animais foram vítimas de maus tratos e seriam queimados vivos. Ninguém foi preso.
Uma testemunha que entrou em contato com a polícia disse que viu moradores ajudando um dos cachorros. Quando os policiais chegaram para atender a ocorrência, ouviram sons de mais cães saindo do buraco.
Após o resgate, os animais foram encaminhados ao órgão responsável na cidade. Apesar dos ferimentos, eles passam bem.
 

Irão: Sakineh vai morrer na forca ou lapidação - chefe Justiça.




A iraniana Sakineh Ashtiani, condenada à morte sob a acusação de adultério, será executada por apedrejamento ou por enforcamento, segundo Malek Ajdar Sharifi, chefe do Departamento de Justiça da província onde a mulher está detida. 


Sakineh recebeu a pena de morte por lapidação, mas sua sentença tinha sido suspensa depois de uma mobilização global de reprovação à Justiça iraniana por parte de uma série de governos. 

Citado hoje pela agência semioficial de notícias Isna, Sharifi afirmou que as autoridades da Justiça do Irão ainda estão a discutir se vão executar Sakineh por apedrejamento ou enforcamento. 

A mulher foi condenada por adultério em 2006 e sentenciada a morrer por lapidação, sentença que causou grande comoção internacional. Pouco tempo depois, foi considerada culpada também por ter ajudado no assassínio do marido. 

Além da pena por adultério, Sakineh foi punida com 99 chicotadas pelas «relações ilícitas com estranhos», pena que lhe foi aplicada diante do filho, ainda em 2006. 

Críticos afirmam que o julgamento que a condenou não ouviu o número mínimo de testemunhas exigidas pela lei iraniana para confirmar a prática do adultério e que júris foram feitos no idioma farsi, quando Sakineh fala somente azeri. 


Oriente Médio

Sakineh será executada quarta-feira no Irã, diz ONG

Ela segue presa em Tabriz, acusada de ser cúmplice na morte do marido

A condenação da iraniana Sakineh motivou protestos em todo o mundo
A condenação da iraniana Sakineh motivou protestos em todo o mundo (Etienne Laurent/AFP)
O Irã já prepara a execução de Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento sob acusação de adultério e participação na morte do marido. Segundo o Comitê Internacional contra Apedrejamento, a mulher cuja sentença motivou protestos ao redor do mundo deve ser morta na quarta-feira.
As autoridades iranianas, de acordo com um comunicado divulgado no site da ONG, ordenaram executá-la na prisão de Tabriz, onde está detida. O mesmo comitê havia anunciado no mês passado a prisão do advogado e de um dos filhos da iraniana, além de dois jornalistas alemães.
Para aumentar a mobilização em favor de Sakineh, a organização convocou um protesto em Paris para esta terça-feira, às 14 horas locais (11 horas em Brasília) diante da embaixada iraniana, além de uma passeata em frente à sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas.
O drama - Sakineh, de 43 anos e mãe de dois filhos, foi condenada à morte por apedrejamento em 2006 por ter mantido relações sexuais com dois homens após a morte de seu marido. Mais tarde, também foi acusada de ser cúmplice no assassinato dele e, desde então, permanece presa. A sentença de morte por apedrejamento havia sido alterada para enforcamento, depois que a acusação de adultério havia sido retirada. A ONG, porém, não precisou de que maneira ela deve ser executada na quarta-feira.
(Com agência EFE)