"O fim do Direito é a paz; o meio de atingi-lo, a luta. O Direito não é uma simples idéia, é força viva. Por isso a justiça sustenta, em uma das mãos, a balança, com que pesa o Direito, enquanto na outra segura a espada, por meio da qual se defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a impotência do Direito. Uma completa a outra. O verdadeiro Estado de Direito só pode existir quando a justiça bradir a espada com a mesma habilidade com que manipula a balança."

-- Rudolf Von Ihering

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terça-feira, 2 de junho de 2009

Refletindo o Comando.


  • Refletindo o Comando

    Posted: Wed, 27 May 2009 20:05:07 +0000


    A relação comandante x comandado

    O status de comandante carrega consigo um grande risco: o cometimento da injustiça. Existem dois fatores essenciais a se observar no exercício do comando, o primeiro, o objetivo a se alcançar, o segundo, as pessoas que farão o comando alcançar o tal mister. Que bom seria se todos os objetivos pudessem ser efetivados com ferramentas não-humanas, com máquinas ou com robôs. Mas isso não acontece, fazendo-se necessário que o comandante tenha a habilidade de mobilizar seus comandados, atingindo, assim, suas metas.

    É importante que o comandante seja especialista no objetivo designado, mas não é suficiente. Retirar um motor de um carro, desmontá-lo, lubrificá-lo e remontá-lo, é algo tecnicamente possível e simples para um especialista em motores. Entretanto, é praticamente impossível fazê-lo sozinho, demandando que outras pessoas o ajudem no seu desiderato. Mas como convencer alguém a participar do procedimento? Temos duas soluções: ou recompensamos quem esteja disposto a realizar o trabalho, dando-lhe algo que deseja, ou encontramos quem realize o trabalho voluntariamente, de bom grado.

    Dadas as necessidades da atualidade, sempre se procura recompensar (financeiramente) as pessoas que trabalham para alcançar dado objetivo que não necessariamente é seu. Aliado a isso, é consenso que quem trabalha não deve trabalhar sem tomar para si, em uma escala relativa, o objetivo firmado. Eis que os comandantes tem a função de tornar seus comandados imbuídos dum sentimento de comprometimento com sua causa, de identificação com os objetivos, sob pena de se estabelecer uma relação interesseira, onde ocorre tão-somente uma troca de recursos do comandante com o comandado. Resultado: o comandado só realizará, ou fingirá que realizou, o suficiente para ter direito à recompensa.

    Militarismo: o oportunizador

    Quando há uma relação de rigidez hierárquica entre comandante e comandado, aliada a um grande volume de regulamentação do relacionamento entre um e outro, incluindo outros procedimentos que influenciam o exercício do trabalho, é dada a oportunidade ao comandante de chegar aos seus intentos sem qualquer motivação nem envolvimento de seus comandados. O militarismo é um sistema que se encaixa nessa descrição, o que não significa que os comandantes militares atuam, todos, aproveitando-se dessa falha da organização militar.

    A dificuldade do comandado se expressar, a distância estabelecida entre ele e quem comanda, possibilita que mesmo as injustiças que sejam cometidas sem intenção contra os comandados fiquem sem solução, já que o silêncio imposto pela subordinação é a tônica. Indo mais além, podemos dizer que sistemas inflexíveis como o militar são ideais para sujeitar os comandados sem qualquer contrapartida. Há quem faça isso por causas nobres (às vezes nobre apenas para si), outros por causas espúrias. Creio até que se as polícias ostensivas brasileiras não fossem militares, e não estivessem submetidas a tal relação, certamente a sociedade já teria sofrido muitos traumas, principalmente os advindos de greves, paralizações, etc., já que os recursos dedicados às polícias em nosso país, em regra, são escassos. Curioso paradoxo.

    O que fazer, comandante?

    Repito que o militarismo não obriga que os comandantes sejam impositores, mas que ele oportuniza, mais do que outros regimes, tal conduta — devendo ser questionado sob esse viés. Conheço muitos comandantes militares competentes, que envolvem seus comandados e que fazem com que tomem para si os objetivos do comando, se preocupando em preservá-lo e impulsioná-lo.

    É difícil definir como deve um comandante se relacionar com seus comandados, mas uma palavra é fundamental nesse sentido: diálogo. Saber os porquês das pessoas sob sua responsabilidade, tratar individualmente cada problema, cada transgressão. Não procurar soluções imediatistas para impasses que demandam certa complexidade. Ouvir e permitir a participação, receber feedback. Recentemente, houve uma rusga entre dois ministros do Supremo Tribunal Federal, onde um deles pronunciou ao outro uma frase de significativo poder metafórico: “Saia às ruas, Ministro”. “Sair às ruas” é o que todo comandante deve fazer, ter contato com a realidade, que está mais nas pessoas do que nos objetivos aparentemente alcançados.

Um comentário:

Danillo Ferreira disse...

Faltou divulgar a fonte do texto, companheiro: http://abordagempolicial.com/2009/05/refletindo-o-comando/