Nas páginas de Economia, todo ano se analisa o incremento financeiro dos pet shops no Brasil. No ano passado, o segmento movimentou R$ 11 bilhões, segundo a Anfalpet (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação).
Tamanha pujança se justifica, no senso comum, ao carinho que se sente pelos animais, o mesmo sentimento que agora faz dos peludos um objeto do mercado negro: o furto de cães de raça.
Em Ribeirão, o sumiço de lulus grifados já virou caso de polícia e de Justiça. A dona de um shitzu desaparecido em abril entrou numa espécie de disputa com um traficante por causa de seu cachorro, usado como moeda de troca em uma negociação numa boca de droga.
O caso, que entrou para o rol das bizarrices policiais no município, começou em abril, quando o funcionário do pet shop em que o cachorro tomava banho toda sexta-feira resolveu buscar droga enquanto fazia o trajeto que seria da casa dela até a loja. Deixou o carro do patrão cheio de adesivos de animais na lataria como pagamento por algumas pedras de crack. O peludo ficou no porta-malas.
Desde então começou o tormento da moça que havia ganhado o bicho do namorado. “Entrei em desespero, passei a rodar ruas e bocas de fumo atrás dele. Me meti em situações que jamais imaginei”, conta.
A polícia não tinha respostas. O carro foi encontrado uma semana depois, na avenida Presidente Vargas, com menores. Mas ninguém sabia do cachorro porque o funcionário do pet shop também havia sumido. “Soube que ele apareceu há três semanas, mas não deu pistas à polícia”, diz ela, cujo nome é mantido em sigilo por segurança.
Enquanto o caso seguia na polícia, em um boletim de ocorrência, ela fez uma investigação paralela até descobrir que seu mascote agora está em poder de um “grande traficante.” Ela tentou negociar com ele durante três semanas, por meio de pessoas que conheceu nessa empreitada. “Ele pediu R$ 5 mil de resgate, um valor que não tenho condições de pagar, acho que para encerrar a conversa.”
O “novo dono” mandou recado para que ela não se envolvesse mais a fim de que a polícia não o encontrasse. “Há dois meses que parei de ir atrás, com medo de que matassem o cachorro para eliminar provas.”
O cão fez um ano em agosto. Nesse período, ela entrou na Justiça com ação de indenização por danos morais e materiais contra o pet shop.
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